65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
ATITUDES DE ESTUDANTES DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM RELAÇÃO À BIOESTATÍSTICA NA SUA PRÁTICA DE PESQUISA
Tácia Adriana Florentino de Lima - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Cícero Faustino Ferreira - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Ezemir Fernandes Júnior - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Daniel Idelfonso Dantas - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Samuel Sá Marroquin - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Medicina Interna, CCM - UFPB
INTRODUÇÃO:
O ensino-aprendizagem de estatística ocupa um lugar cada vez mais importante nas Instituições de Ensino Superior devido à necessidade atual de profissionais capacitados em lidar com grande quantidade de informações, processadas em tempo mínimo, e com domínio de técnicas de análise de dados que fundamentem a tomada de decisões baseada na inferência de dados amostrais. A sua importância é maior ainda quando se trata de atividades de pesquisa. Com o desenvolvimento e disseminação do paradigma da Saúde Baseada em Evidências, que é o processo sistemático de selecionar, analisar e aplicar resultados válidos de publicações científicas como base das decisões clínicas, torna-se imprescindível o desenvolvimento do pensamento estatístico por parte do estudante da área de Saúde, pois os elementos principais desse paradigma apoiam-se em dados estatísticos. Levanta-se, então, o seguinte problema de pesquisa: Como os aprendizes de cientista na área da saúde avaliam o papel da Bioestatística no seu aprendizado e prática de pesquisa e, indiretamente, no Programa de Iniciação Científica?
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a atitude e a valorização de alunos vinculados ao programa de iniciação científica (IC) dos cursos da área da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com relação à Bioestatística, assim como verificar o emprego da Bioestatística nas pesquisas de IC e comparar as atitudes em relação à Bioestatística entre diferentes cursos da área.
MÉTODOS:
A pesquisa teve modelo observacional e transversal, cujo local foi o Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), compreendendo o alunado dos cursos da área de Saúde desta instituição e vinculado ao Programa de Iniciação Científica (bolsistas PIBIC e voluntários PIVIC). Foi selecionada uma amostra aleatória representativa da população, a partir de uma listagem de todos os alunos dos cursos da área de Saúde bolsistas (PIBIC) e voluntários (PIVIC) cadastrados na Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPG) da UFPB. Estes foram numerados e sorteados, guardando-se uma proporção por curso (amostragem probabilística estratificada). Os dados foram obtidos a partir da aplicação dos seguintes instrumentos do tipo lápis e papel, aplicados de maneira individual: o Questionário do Aluno, elaborado pelos autores e composto por 20 questões (ano de entrada na UFPB, período, curso, idade, sexo, conceito e utilidade da Bioestatística) e a Escala de Atitudes em Relação à Estatística (EAE), composta por 20 questões e validada no Brasil por Cazorla et al. (1999). Estimou-se uma amostra de 119 alunos, a partir de estudo prévio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram incluídos no estudo 116 estudantes, sendo 84 (72,4%) do sexo feminino, com média de idade de 23,1±2,5 (19-42) anos, e 80 (69%) cursando entre o sexto e o nono períodos dos cursos de graduação da área da saúde da UFPB. Integraram a amostra estudantes dos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Odontologia. Os dados obtidos através da aplicação da Escala de Atitudes em Relação à Estatística (EAE) revelaram que a pontuação variou entre 20 e 70 (47,1±11) pontos, não havendo diferença estatisticamente significativa nos escores medianos entre os alunos de diferentes cursos (p=NS), nem em função da idade nem do sexo (p=NS). Quando questionados sobre quem realizou a análise estatística de seus trabalhos, a maior parte dos alunos referiu que foram eles próprios ou seus professores orientadores. Em relação à ideia que os estudantes tinham sobre a Bioestatística, as respostas versaram sobre sua importância para a vida acadêmica, importância para a realização de pesquisas científicas, sendo considerada pela maioria como uma disciplina importante e/ou necessária. Por outro lado, também foi considerada de difícil compreensão, confusa e/ou complicada.
CONCLUSÕES:
Os resultados deste estudo permitem inferir que não houve diferença significativa de atitudes entre os estudantes de distintos cursos da área de saúde da UFPB. Os escores encontrados sugerem que não houve atitude fortemente negativa, mas as pontuações foram menores que outros estudos semelhantes no Brasil. As ideias que os estudantes dos diferentes cursos têm sobre bioestatística são principalmente de dois tipos: relevância para a pesquisa científica e dificuldade de aprendizagem/complexidade. A maior parte da análise estatística foi feita pelo próprio estudante ou pelo seu orientador. Os resultados descritos sugerem que é necessário criar um ambiente favorável, mostrando-se as inúmeras situações de aplicação da bioestatística nos cursos de saúde da UFPB. Conhecer o perfil atitudinal dos estudantes da área da saúde em relação à bioestatística é relevante para instituições de ensino e para os docentes que ministram essas disciplinas, pois permite compreender os sentimentos dos alunos em relação a essa matéria e, assim, planejar novas formas de ensino, inovadoras e mais eficientes para esses estudantes.
Palavras-chave: Pesquisa., Estatística como assunto., Educação Médica..