65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
CONDIÇÕES ASSOCIADAS AO CONSUMO DE SALGADINHOS DE PACOTE E REFRIGERANTES POR CRIANÇAS DE SEIS A 59 MESES EM GOIÂNIA, GO
Lana Angélica Braudes Silva - Bolsista de Iniciação Científica/CNPq - Faculdade de Nutrição - UFG
Maria do Rosário Gondim Peixoto - Prof.ª Dr.ª/Orientadora - Faculdade de Nutrição - UFG
INTRODUÇÃO:
A introdução e a manutenção de alimentos industrializados nos hábitos da família e, principalmente, das crianças estão relacionadas com o poder aquisitivo; a inserção da mulher no mercado de trabalho; a praticidade, rapidez, durabilidade e a boa aceitação desses alimentos. Os principais problemas de alimentação e nutrição estão relacionados à carência ou excesso de nutrientes, caracterizando o processo de transição nutricional, marcado pela substituição de dietas ricas em fibras e carboidratos complexos pelo consumo frequente e excessivo de produtos industrializados, ricos em açúcares refinados e gorduras, com elevado teor energético. Nas últimas décadas, os estudos epidemiológicos utilizaram do Questionário de Frequência de Consumo Alimentar (QFA) para avaliar a ingestão alimentar de uma população ou grupos populacionais. A análise do consumo alimentar pode ser usada como uma forma de verificar o estado nutricional e as possíveis situações de risco alimentar. Saber quais alimentos e com que frequência são ingeridos é um dado importante para se ter uma dimensão do padrão alimentar, como fator determinante do estado nutricional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a frequência e fatores associados ao consumo de salgadinhos de pacote e refrigerantes por crianças menores de cinco anos.
MÉTODOS:
Aplicou-se o modelo de estudo transversal, de base populacional e domiciliar. O presente estudo está inserido no projeto “Perfil nutricional de crianças menores de cinco anos na cidade de Goiânia”, composto por 731 crianças com idade entre seis e 59 meses. Obteve-se o consumo de salgadinhos de pacote e refrigerante por meio de Questionário de Frequência de Consumo Alimentar, considerando as categorias de frequência “nunca”, “raramente” (menos de uma vez por mês até três vezes por mês), “eventualmente” (uma a quatro vezes por semana) e “regularmente” (cinco vezes por semana ou mais). As variáveis sociodemográficas estudadas foram idade, sexo, classe econômica e escolaridade da mãe. Os dados foram processados no programa Epi Info, versão 3.5.1 e analisados no Stata, versão 12.0. O teste qui-quadrado de Pearson (p<0,05) foi empregado para verificar a associação entre as variáveis sociodemográficas e o consumo desses alimentos industrializados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A prevalência do consumo de salgadinhos de pacote pelas crianças foi de 64,3% e de refrigerantes, 73,6%. Quanto ao consumo de salgadinhos, 35,7% (n=194) nunca consumiram e 242 (44,4%) consumiram eventual ou regularmente. Já o consumo de refrigerante, 37,8% (n=206) ingeriram eventualmente e 25,0% (n=136) regularmente. A frequência do consumo de salgadinhos não teve associação significativa com o sexo da criança e a escolaridade da mãe, sendo associada à idade da criança (p<0,001) e à classe econômica (p=0,046). A maioria (n=184; 51,2%) das crianças acima dos 24 meses consumiram salgadinhos pelo menos 1x/semana, e 82,1% (n=46) das menores de 12 meses não consumiram. Em relação à classe econômica, o maior consumo foi da classe C (n=33; 11,9%). O consumo de refrigerante não apresentou diferença significativa com o sexo e a classe econômica, o que foi observado em relação à idade da criança (p<0,001) e à escolaridade da mãe (p=0,011). Os consumos eventual e regular da bebida aumentaram de acordo com a idade, passando de 3,6% (6-11 meses) para 31,7% entre aqueles com mais de dois anos. Em relação à escolaridade da mãe, os consumos eventual (38,6%) e regular (33,8%) de refrigerante pelas crianças foram os mais frequentes no grupo daquelas com até oito anos de estudo.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que o consumo de salgadinhos de pacote e refrigerante foi elevado em ambos os sexos. A faixa etária relacionou-se diretamente com as duas variáveis de desfecho. A ingestão de salgadinhos não variou com a classe econômica e escolaridade materna, enquanto a ingestão de refrigerante foi maior na classe C e em crianças filhas de mães com até oito anos de estudo. Dessa maneira, torna-se relevante ensinar a família sobre a importância que a alimentação saudável possui na saúde da criança, além da realização de atividades de educação alimentar e nutricional em creches e escolas a fim de alcançar diretamente a população-alvo em questão.
Palavras-chave: criança, consumo de alimentos, alimentos industrializados.