65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
ESTUDO DA RESPIRAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE FLORESTA, CAMPO SUJO E CAMPO LIMPO NO MUNICÍPIO DE HUMAITÁ-AM.
Sinara dos Santos - Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente – UFAM, Humaitá/AM.
Fabricio Berton Zanchi - Prof. Msc. Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente - UFAM, Humaitá/AM.
INTRODUÇÃO:
Respiração do solo é o fluxo de CO2 da superfície de liteiras que consiste de respiração de raízes, decomposição microbiana da matéria orgânica do solo, derivada de raízes mortas, exsudadas, raízes decompostas por fungos endofíticos e decomposição microbiana de folhas e madeira sobre o solo. O processo de respiração do solo, depois da fotossíntese, é o segundo maior responsável pelo fluxo de carbono nos ecossistemas terrestres (DAVIDSON et al., 2002). Segundo ZANCHI et al. (2011) o fluxo de CO2 do solo depende de vários fatores, podendo ser correlacionado diretamente com a temperatura e com a umidade do solo e indiretamente com as variações sazonais, nutrientes no solo, atividades biológicas, índice de área foliar, quantidade de raiz e quantidade de micro-organismos no solo. O CO2 emitido pelo solo é um importante componente em todo o processo de ciclagem do carbono, bem como influencia diretamente nas concentrações de CO2 na atmosfera, sendo que um incremento nas concentrações deste elemento culmina em maior efeito estufa, ocasionando sérias consequências climáticas e ambientais (SOUZA, 2005). A região de Humaitá apresenta características bem peculiares, dentro da Amazônia com ocorrência de fisionomias de transição Campos/Floresta.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Diante do exposto acima, o presente estudo teve como objetivo analisar a variabilidade do efluxo de CO2 do solo, correlacionando-o com a temperatura, a qual tem influência direta na respiração do mesmo.
MÉTODOS:
Os dados foram coletados em áreas de campo sujo, campo limpo e floresta, pertencentes a reserva do 54º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), na cidade de Humaitá, Amazonas. A respiração do solo foi medida baseada no método das câmaras estático-dinâmicas (NORMAN et al., 1992), sobre o sistema anel de PVC (HUTCHINSON & LIVINGSTON, 1993), usando o sistema automático de fluxo de CO2 LI-COR 8100, conectado a uma câmara de Long-Term “portátil” com 10 cm de diâmetro, acoplada a um analisador de gás por infravermelho. Este sistema grava os dados de concentração de CO2 a cada 5s. Para as medidas de temperatura foram utilizados 2 sensores tipo Termopar “E”. Os dados coletados foram armazenados com o auxilio do software File Viewer v1.3.0. (LICOR, Biosciences) e de planilha eletrônica, estes foram organizados em médias mensais para uma melhor compreensão da variação do efluxo ao longo do período analisado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Todas as áreas apresentaram maior respiração do solo no início do período chuvoso no mês de outubro e menor respiração em meados de janeiro e no mês de fevereiro, possivelmente em decorrência da saturação do solo pela precipitação. A área de floresta apresentou o maior efluxo em praticamente todos os meses amostrados. Estes dados estão coerentes com DAVIDSON et al. (2000) em trabalhos realizados no leste do Pará, onde a floresta apresentou efluxos maiores que as pastagens. No presente estudo não foi encontrada uma boa correlação entre respiração e temperatura do solo, algo que também já foi observado em estudos similares nesta região, entretanto foi possível observar certa afinidade entre estas duas variáveis nas áreas de campo limpo e campo sujo, conforme houve um incremento na temperatura do solo a respiração do solo também aumentou, isto está coerente com SALIMON (2003) que em seu estudo sobre respiração do solo sob florestas e pastagens no Acre, notou que os meses mais quentes corresponderam também aos mais chuvosos e aos maiores fluxos de CO2 do solo para a atmosfera. Esta afinidade entre respiração e temperatura só não foi observada na área de floresta onde a temperatura do solo manteve-se quase constante, apresentando maior elevação apenas no mês de março.
CONCLUSÕES:
As maiores magnitudes dos fluxos de CO2 do solo, de um modo geral, ocorreram no inicio do período chuvoso em ambas as áreas experimentais. A área de floresta (4,30 μmol m-2 s-1) apresentou maior média de respiração do solo do que as áreas de campo limpo (3,79 μmol m-2 s-1) e campo sujo (3,41 μmol m-2 s-1) possivelmente em decorrência de uma maior respiração das plantas e uma maior respiração heterotrófica, já as áreas de campos apresentaram os menores valores provavelmente em decorrência da baixa incidência de vegetação e/ou da ciclagem lenta do carbono disponível sob o solo. A correlação entre temperatura e respiração do solo em todas as áreas apresentou um padrão exponencial fraco, com uma correlação pouco significativa, entretanto diversos outros estudos similares demonstram que tais resultados são característicos dessa região.
Palavras-chave: Efluxo, CO2, Temperatura.