65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise e Controle de Medicamentos
DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE CINÉTICA DE DECOMPOSIÇÃO DE VITAMINA C POR AÇÃO DO CALOR EM FORMULAÇÃO FARMACÊUTICA SÓLIDA
Kelly Belini Rodrigues - Bacharel em Farmácia - Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS-CII
Julio Cesar Bastos Fernandes - Prof. Dr./Orientador – Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS-CII
INTRODUÇÃO:
A vitamina C ou ácido ascórbico (AA) é uma substância muito importante na prevenção e tratamento de infecções e doenças crônico-degenerativas, pois estimula o sistema imunológico, participando da formação de anticorpos no sangue. Outra importante função do ácido ascórbico está envolvida com o metabolismo da histamina na resposta à alergia. O escorbuto é a doença causada pela deficiência desta vitamina, que provoca lesões na pele, fadiga, debilidade de dentes, ossos e vasos sanguíneos, podendo causar até a morte.
A instabilidade das soluções aquosas de ácido ascórbico é bem conhecida. Ela é afetada pelo pH, radiação ultravioleta, temperatura, oxigênio e catalisadores. Contudo, a vitamina C, é geralmente comercializada na forma sólida onde sua estabilidade é maior, em comprimidos contendo amido, açúcar, corantes ou em mistura com ácido acetilsalicílico. No entanto é interessante conhecer o comportamento da decomposição do AA na forma sólida para podermos estimar o prazo de validade de fármacos contendo ele como princípio ativo. Neste trabalho será determinada a constante cinética da degradação de fármacos contendo ácido ascórbico como princípio ativo, a uma temperatura otimizada para estimar a estabilidade do mesmo em formulações sólidas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho visa determinar a constante de velocidade na temperatura de 175 oC da degradação de ácido ascórbico usado como princípio ativo em comprimidos de vitamina C.
MÉTODOS:
Os comprimidos de AA foram preparados por granulação por via úmida a partir de uma solução de amido a 5%. O ácido ascórbico é então granulado com o gel de amido e seco a 35 °C. O granulado seco é misturado com estearato de magnésio e amido. A mistura resultante foi comprimida em uma compressora Fellc (F8/T4). Os comprimidos produzidos foram pesados em balança analítica para verificar a reprodutibilidade do processo de compressão e alimentação manual. O grau de degradação do AA foi monitorado por espectrofotometria no UV no comprimento de onda de 243 nm. Soluções aquosas de AA contendo HCl 0,1 mol L-1, na faixa de 1×10-4 a 1×10-5 mol L-1, foram preparadas no momento da análise e utilizadas para a calibração do espectrofotômetro. Um estudo para determinar a temperatura ótima de degradação dos comprimidos de AA foi realizado na faixa de 100 a 200 oC em forno estufa Fellc (3001) com circulação de ar. Na temperatura ótima de degradação, cerca de 7 comprimidos de AA foram decompostos por ação de radiação térmica. Em intervalos de tempo de 15 min foi retirado um comprimido decomposto e analisado o teor de AA. A constante cinética para a decomposição dos comprimidos de AA foi determinada na temperatura de interesse.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para se obter um compromisso entre o tempo de decomposição e a viabilidade de se realizar a análise de AA por espectrofotometria no UV foi feito um estudo da degradação de comprimido de AA na faixa de temperatura de 100 a 200 oC num tempo constante de 30 min. Não é conveniente que o tempo para a degradação do AA leve várias horas, nem que seja extremamente rápido de modo a não permitir uma análise eficiente do teor de AA nos comprimidos degradados. Observou-se que em temperaturas inferiores a 160°C, os comprimidos se degradam muito lentamente, enquanto que para temperaturas superiores a 190°C é extremamente rápido, o que torna inviável a análise, pois há muitas etapas de preparação, como métodos de separação (filtração a vácuo) e diluições para que a concentração a ser medida não ultrapasse a sensibilidade da detecção do espectrofotômetro. Assim, para a determinação da constante cinética de degradação de AA em comprimidos foi escolhida a temperatura de 175 o C. A constante de velocidade determinada na temperatura de 175 oC para a degradação do AA no comprimido foi igual a (0,020+0,002) min-1 e o tempo de meia-vida de 35 min.
CONCLUSÕES:
O ácido ascórbico em comprimidos se decompõe por ação do calor segundo uma cinética de primeira ordem. A constante de velocidade determinada na temperatura de 175 oC foi igual a (0,020+0,002) min-1 com um tempo de meia-vida de 35 min. Este resultado nos leva a concluir que é possível estimar a estabilidade do princípio ativo em formulações farmacêuticas sólidas a temperatura ambiente utilizando a equação de Arrhenius. Para isso se faz necessário determinar as constantes de velocidade para uma faixa de temperatura próxima a 175 oC, região esta viável para a análise de AA por métodos usuais.
Palavras-chave: constante de velocidade;, comprimidos;, ácido ascórbico..