65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PERFIL SOCIOECONÔMICO E CONDIÇÕES DE SAÚDE DE MULHERES SURDAS
Arthur Felipe Rodrigues Silva - Depto. de Enfermagem – UEPB
Isabella Medeiros de Oliveira Magalhães - Depto. de Enfermagem – UEPB
Jamilly da Silva Aragão - Depto. de Enfermagem – UEPB
Alexsandro Silva Coura - Doutor em Enfermagem – UFRN
Inacia Sátiro Xavier de França - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem – UEPB
Francisco Stélio de Sousa - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Enfermagem – UEPB
INTRODUÇÃO:
No Brasil, de acordo com o censo demográfico, há 2.147.337 milhões de pessoas com deficiência auditiva sendo que 1.799.885 possuem grande dificuldade para ouvir e 347.481 não conseguem ouvir de modo algum. A deficiência auditiva consiste na diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, podendo ser considerada como a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Deste modo a falha ou a falta da audição interfere na relação do surdo com a sociedade, criando barreiras de comunicação e acessibilidade aos serviços de saúde. As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%). Estas vivem mais do que os homens, porém adoe¬cem mais frequentemente. Alguns estudos apontam que as mulheres vivem em maior situação de pobreza e trabalham mais horas do que os homens, o que resulta na diminuição do seu acesso aos bens sociais, inclusive aos serviços de saúde. Justifica-se o estudo, tendo em vista o alto índice de mortes aos indivíduos do sexo feminino, e a dificuldade de mulheres surdas ao acesso nos serviços de saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar os aspectos socioeconômicos e as condições de saúde de mulheres surdas.
MÉTODOS:
Foi realizado um estudo descritivo, no período de 2011 a 2012 na Escola de Audiocomunicação Demóstenes Cunha Lima (EDAC), localizada em Campina Grande/PB, Brasil. A população alvo desse estudo foi composta por 19 alunas surdas matriculadas na EDAC. Os critérios de seleção para inclusão no grupo foram: estar na faixa etária de 18 anos, ou mais, ter domínio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), cognição preservada e aceitar participar do estudo. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário, contendo as variáveis referentes aos dados socioeconômicos e de saúde das participantes. Para análise dos dados utilizou-se o programa estatístico SPSS, sendo analisados por meio de tabelas univariadas com frequências relativas e porcentagens. Todos os participantes foram informados sobre os propósitos da pesquisa e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi investigado um total de 19 mulheres, distribuídas na faixa etária dos 18 aos 37 anos, com destaque para a faixa etária de 18 anos, que compõem 32% da amostra. No que se refere ao grau de escolaridade, 79% refere estar no ensino fundamental e 21% apresenta-se no ensino médio. Referente ao estado civil, 74% da amostra referiram ser solteiras, e 26% destas tem filhos. Quanto à proveniência da renda, destacaram-se a ajuda de parente/amigos e o trabalho com carteira assinada (30%), seguida de pensão/ajuda do cônjuge, aposentadoria e profissional autônomo com (11%). No que tange a quantidade de salários que subsidia a renda desses sujeitos, a maioria destes vive com um salário mínimo, representando 42% do total de participantes. Os problemas de saúde mais citados pelos participantes foram: dor de cabeça (19%) e apenas dor (13%). A menor porcentagem apresentada tratou-se de alteração na fertilidade, com 1%. A análise das condições de saúde das mulheres surdas possibilitou verificar quantas destas já haviam realizado algum exame nas mamas; do total de participantes 63% não haviam realizado nenhum tipo de exame mamário, e 37% já haviam realizado algum tipo de exame.
CONCLUSÕES:
A saúde dos participantes pode estar sendo afetada pelos determinantes sociais negativos, como baixa renda e interação social, bem como dificuldade de acesso a serviços e bens de saúde. No desenvolver da pesquisa ficou evidente que mulheres surdas, apresentam pouco conhecimento no que diz respeito à saúde, principalmente à saúde da mulher. Apesar destas mulheres ainda não apresentarem idade indicada para iniciar os exames clínicos contínuos, sua falta de conhecimento pode fragilizar os cuidados futuros. Confirmando os dados brasileiros que o grande número de mortes associado ao câncer de mama, por exemplo, acontece pela procura tardia aos serviços de saúde, que resulta em diagnósticos de câncer de mama em estágios avançados. Os resultados finais desse estudo possibilitam que os gestores tenham conhecimento das condições de saúde das pessoas com deficiência auditiva e passem a desenvolver ações e estratégias de saúde para esse segmento social, uma vez que os resultados apontam essa necessidade.
Palavras-chave: Pessoas com Deficiência, Saúde da Mulher, Surdez.