65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA PALMA FORRAGEIRA (Opuntia fícus indica)
Irlane dos Santos Queiroz - Departamento de Tecnologia - UEFS
Cristina Maria Rodrigues da Silva - Profa. Orientadora, Departamento de Tecnologia - UEFS
Elisa Teshima - Departamento de Tecnologia - UEFS
INTRODUÇÃO:
A palma forrageira pertence à Divisão: Embryophyta, Ordem: Opuntiales e família das cactáceas, onde existem 178 gêneros. Os gêneros Opuntia e Nopalea são os mais utilizados como forrageiras. Existem três espécies de palma encontradas no Nordeste do Brasil, a palma gigante, palma redonda e palma miúda (SILVA; SANTOS, 2006).
A palma é uma alternativa eficaz para combater a fome e a desnutrição no semi-árido nordestino, além de ser uma importante aliada nos tratamentos de saúde sendo rica em vitaminas A, complexo B e C e minerais como Cálcio, Magnésio além de 17 tipos de aminoácidos. Como possui muitas fibras solúveis e insolúveis, a palma colabora para o bom funcionamento do sistema digestivo além de impedir a concentração de elementos cancerígenos (NUNES, 2011).
Através da palma forrageira é possível extrair a mucilagem, um polissacarídeo complexo que tem a capacidade de absorver grandes quantidades de água e de formar géis, o que possibilita seu acréscimo em produtos alimentares.
Apesar da sua importância e de ser largamente cultivada na região semi-árida do Estado da Bahia, o sistema de produção e utilização da palma forrageira é caracterizado pela baixa adoção de tecnologia, levando à obtenção de uma produtividade inferior àquela que a cultura poderia produzir.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar a caracterização da cactácea, já que esta pode ser usada para diversas finalidades alimentares.
MÉTODOS:
As raquetes da palma anã foram adquiridas no horto da UEFS e levadas ao laboratório de química de alimentos da UEFS para análise, onde foram selecionadas, sendo que estas apresentaram um tamanho que variou de 17,4 a 35 cm, lavadas para retirar os resíduos e higienizadas com hipoclorito de sódio a 2%. Logo após, foram enxaguados em água corrente e colocados para escorrer o excesso de água antes do despolpamento.
A palma foi dividida em dois grupos: palma com casca (A) e sem casca (B). Em seguida, estes grupos foram cortados em cubos, triturados em um liquidificador e posteriormente armazenados em embalagens plásticas no congelador. Realizaram-se as seguintes análises físico-químicas em triplicata para cada grupo: acidez total titulável, pH, umidade, proteína e cinzas realizadas segundo a metodologia das Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985) e através do método Bligh Dyer (1959) realizou-se a análise de lipídios. Realizou-se, também, a extração da mucilagem da palma com casca e sem casca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Através dos resultados, que estão expressos em base úmida, observou-se que o pH da palma com casca variou de 4,46±0,10 a 4,80±0,07 e de 5,19±0,02 a 5,25±0,03 para a palma sem casca.
Os valores para a acidez total titulável em ácido cítrico variaram de 0,19±0,00 a 0,23%±0,00 para as raquetes sem casca e de 0,24±0,01 a 0,31%±0,00 para as com casca. Segundo Sampaio (2005), a acidez da palma varia ao longo do dia e da noite.
O teor de proteína da palma foi de 1,10±0,19 a 1,53%±0,10 para as raquetes com casca e de 1,01±0,13 a 1,52%±0,13 para as sem casca. Saenz (2000) relata que os valores obtidos para a proteína da palma forrageira variam de 0,21 a 1,6%.
O conteúdo de cinzas foi maior na palma com casca cujo valor foi 1,67%±0,06, enquanto a palma sem casca foi 1,30%±0,03. Isto significa que na casca se encontra a maior parte dos minerais.
A fração de lipídios permanece praticamente a mesma independente da casca, obtendo-se a variação de 0,21±0,07 a 0,29±0,11% para os cladódios com casca e de 0,21±0,04 a 0,29%±0,07 para os sem casca.
A palma apresentou umidade máxima de 91,88%±0,11 para os cladódios com casca e 93,37%±0,59 para os que estavam sem casca.
O rendimento encontrado após a extração da mucilagem é baixo, cujo valor para a palma com casca foi de 1,77% e sem casca foi de 1,68%.
CONCLUSÕES:
Através da análise realizada foi possível observar que a composição química da palma miúda com e sem casca varia, sendo que a fração de lipídios permanece praticamente a mesma independente do uso ou não da casca. Observa-se que é possível extrair a mucilagem da palma anã com casca e sem casca, sendo que o rendimento encontrado após a extração é baixo.
Palavras-chave: Palma, Mucilagem, Caracterização.