65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
PREVALÊNCIA DE DOR E ADEQUAÇÃO DA TERAPÊUTICA ANALGÉSICA DE PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Samuel Sá Marroquin - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Geyhsy Elaynne da Silva Rocha - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Bruno Braz Garcia - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Tácia Adriana Florentino de Lima - Estudante de Graduação em Medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Isabel Barroso Augusto da Silva - Docente do Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, UFPB
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz - Docente do Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas, UFPB
INTRODUÇÃO:
A prevalência de dor entre pacientes internados, que pode chegar a mais de 80%, é um importante indicador da qualidade do atendimento. O controle da dor é essencial para a assistência integral ao paciente, e responsabilidade e compromisso do profissional da área de saúde. Atualmente muito tem se discutido sobre a qualidade da assistência prestada nas instituições hospitalares. Devido à falta de conhecimento a respeito de doses eficazes, do tempo de ação dos analgésicos, das técnicas analgésicas disponíveis, dos receios quanto à depressão respiratória, vício, entre outros fatores, há relatos na literatura especializada de que a dor é subtratada e é um sintoma frequente no ambiente hospitalar. Embora o uso de analgésico seja elevado no ambiente hospitalar, a adesão aos princípios e recomendações de diretrizes de dor é baixa e os pacientes sob tratamento ainda referem dor. Supõe-se que há uma alta prevalência de dor clinicamente relevante em pacientes internados em hospitais e a adequação analgésica deve ser insatisfatória.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a prevalência de dor e a adequação da terapêutica analgésica administrada aos pacientes de um hospital universitário, assim como aferir a concordância entre o auto relato álgico e os dados registrados nos prontuários em relação à manifestação dolorosa.
MÉTODOS:
Estudo de modelo observacional e transversal, com amostra de pacientes adultos que manifestavam dor e internados há pelo menos de 24 horas nas enfermarias de clínicas médica, cirúrgica, ginecológica e de doenças infecciosas do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). A presença de dor foi definida como qualquer tipo de sensação descrita pelo entrevistado como dor física em qualquer parte do corpo, e dor crônica, como aquela com duração maior que 30 dias. Os pacientes que relataram a presença de dor foram selecionados para a realização da entrevista, e o número total de pacientes internados foi registrado para determinar a prevalência de dor. Foram avaliadas intensidade da dor e as características clínicas desta, tipo de analgésicos e esquemas de tratamento. A dor foi determinada quanto à intensidade por meio de uma escala visual analógica (EVA) e as suas características (descritores) foram determinadas através da aplicação da Escala Multidimensional da Dor (EMADOR). Para avaliar a adequação da analgesia, empregou-se o Índice de Manejo da Dor (IMD) e escada analgésica da OMS. Os dados de concordância foram avaliados pela confrontação entre os registros médicos nos prontuários e os resultados da aplicação das escalas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram estudados 115 pacientes, com predomínio de mulheres (61,7%). A presença da dor aguda foi observada em 50,4%, e crônica em 49,6%, com predominância do sexo feminino (61,7%). Os locais mais frequentes da queixa álgica foram os segmentos abdominal e pélvico. Todos os pacientes manifestaram auto relato de dor, e em 28 deles (24,3%) foi relatada como queixa principal, todavia, verificou-se discrepância em relação aos dados de prontuários, pois em apenas 45 (39,1%) e 42 (36,1%) prontuários foi questionada a dor nos momentos de admissão e evolução, respectivamente. A dor foi classificada pelos pacientes como insuportável em 41,7% dos casos, e a intensidade média da dor na EVA foi de 7,3 (± 2,5). Em relação à terapêutica analgésica, verificou-se IMD negativo em 85 pacientes (82,6%). Utilizando como parâmetro a escada analgésica da OMS, observou-se prescrição inadequada em 78,3% dos casos. Observou-se associação analgésica em 13,9% dos pacientes e associação elaborada em 12,2%. Prevaleceu a monoterapia utilizando analgésicos não opióides - analgésicos simples e antiinflamatórios não-hormonais em 87,8%, enquanto os opiáceos foram utilizados em apenas 14,7% dos casos.
CONCLUSÕES:
A prevalência de dor nas enfermarias do HULW é elevada e predomina nas mulheres, com distribuição semelhante de dor aguda e crônica, corroborando a literatura médica. Observou-se baixa frequência de registros nos prontuários em relação ao que foi detectado através das entrevistas diretas com os pacientes, o que indica a necessidade de realização uma avaliação mais rigorosa desse sintoma pelos profissionais de saúde, considerando-o como quinto sinal vital. Verificou-se insuficiência dos esquemas terapêuticos implementados no hospital, evidenciando a necessidade de maior conhecimento farmacológico sobre analgesia na terapêutica da sintomatologia dolorosa e uma avaliação sistemática deste problema em pacientes hospitalizados. A avaliação da dor deve ser um processo visível e rotineiro nas instituições de saúde, juntamente com os demais sinais vitais, o que garantirá, na sua vigência, a imediata intervenção e reavaliações subsequentes.
Palavras-chave: Medição da Dor, Analgesia, Hospitalização.