65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
Inquérito parasitológico para avaliação da infecção por Leishmania sp. em cães (Canis familiaris Linnaeus, 1987), no distrito de Três Ladeiras - município de Igarassu - PE.
Cristiane Maia da Silva - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
Juliana Públia Cordeiro Tavares - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
Jussara Valença de Alencar Ramos - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
Silvia Rafaelli Marques - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
Ivanise Maria de Santana - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
Maria Aparecida da Gloria Faustino - Profª. Drª. /Orientadora - Depto.de Medicina Veterinária - UFRPE
INTRODUÇÃO:
A leishmaniose é uma antropozoonose causada por protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania cujo ciclo tem a participação de vários hospedeiros vertebrados incluindo o homem (GALLEGO, 2004). Tem-se como responsáveis pela transmissão da Leishmaniose Visceral (LV) e Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) os insetos da subfamília Phlebotominae, do gênero Lutzomyia. O cão vem sendo apontado como o mais importante reservatório natural relacionado com casos humanos de LV. Esse hospedeiro apresenta variações no quadro clínico da doença, passando de animais aparentemente sadios a oligossintomáticos podendo chegar a estágios graves da doença, com intenso parasitismo cutâneo. Assim, o cão representa uma fonte de infecção para o vetor, sendo um importante elo na transmissão da doença para o homem (MONTEIRO et al., 2005). Como a transmissão da LTA tem aumentado no ambiente doméstico e há registros de altas taxas de infecção em cães, cresce a suspeita de que esses animais possam atuar como reservatórios de Leishmania spp. (ZANZARINI et al., 2005). Entretanto, o papel do cão no ciclo doméstico de transmissão da LTA ainda é pouco conhecido.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar infecção por Leishmania sp. em cães (Canis familiaris Linnaeus, 1987), no distrito de Três Ladeiras - município de Igarassu - PE.
MÉTODOS:
O estudo foi conduzido no distrito de Três Ladeiras, no município de Igarassu - PE, localizado na Região Metropolitana de Recife. Foram selecionados, por amostragem não probabilística, cães pertencentes a proprietários radicados no distrito supracitado. Para coleta de material em cães foram feitas visitas aos domicílios e os proprietários assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e forneceram informações para preenchimento de uma ficha com dados dos animais. Os cães foram submetidos à avaliação física constando de inspeção da pele e fâneros. Nos animais com lesões no tegumento realizou-se escarificação para pesquisa direta do parasito. O exame parasitológico foi efetuado no Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos - DMV - UFRPE. O material obtido das lesões foi fixado e corado pelo método rápido panótico, realizando-se leitura em microscópio de luz para detecção de formas amastigotas da Leishmania sp. Os dados obtidos foram analisados por métodos de estatística descritiva, obtendo-se as distribuições absolutas e percentuais para os parâmetros analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram investigados 126 cães sem raça definida, sendo 61,9% machos e 38,1% fêmeas; 9,5% tinham menos de um ano de idade, 45,2% apresentavam entre 1 a 5 anos, 15,9% entre 5 a 9 anos, 6,3% com mais de nove anos e o restante (23,0%) com idade desconhecida. Segundo as respostas dos proprietários, nenhum dos caninos havia recebido transfusão sanguínea, a maioria estava exposta à presença de mosquitos em variáveis níveis de frequência nos diferentes períodos do dia. Lesões cutâneas apresentaram-se em 23,0% (29/126). Em todos os animais as lesões localizavam-se nas orelhas, concordando com Brasil (2007), sendo lesões únicas ou múltiplas. Todos os animais examinados mostraram-se negativos para formas amastigotas de Leishmania sp. Este resultado, porém, não permite descartar a possibilidade de estarem infectados por Leishmania sp. A baixa positividade da pesquisa direta do parasito pode ser consequência da escassez de parasitos nas lesões de cães segundo Zanzarini et al. (2005). Por não se ter constatado positividade neste estudo, tratando-se de área endêmica e com alta frequência de casos humanos, existindo cães com lesões sugestivas de leishmaniose, outros métodos de diagnóstico devem ser utilizados para confirmar ou descartar casos de LV ou LTA em animais (ZANZARINI et al., 2005).
CONCLUSÕES:
Apesar da presença de alguns cães com lesões cutâneas na amostra analisada, não se confirma a infecção por Leishmania sp. por meio da pesquisa de formas amastigota em tecido cutâneo lesado, sugerindo-se outros métodos de diagnóstico para confirmação da doença em caninos domésticos do distrito de Três Ladeiras - Igarassu - PE.
Palavras-chave: Leishmaniose, Lesões cutâneas, Caninos.