65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
ARTE/EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A INCLUSÃO SOCIAL DE UM SUJEITO COM DEFICIÊNCIA
Dayse Oliveira Martins - Graduanda em Pedagogia – UFPE
Smirna Albuquerque dos Santos - Graduanda em Pedagogia – UFPE
Everson Melquiades Araújo Silva - Prof. Dr. /Orientador - Depto.de Métodos e Técnicas de Ensino - UFPE
INTRODUÇÃO:
O paradigma da inclusão social foi constituído historicamente, a partir dos diversos olhares lançados às pessoas com deficiência, contudo atualmente ainda persiste a problemática do como promover a inclusão na prática social. Esta pesquisa almeja responder a tal questionamento além de contribuir com os estudos em Arte/Educação Inclusiva, um campo ainda pouco explorado. Em nossa pesquisa, a inclusão é compreendida como a capacidade de promover as pessoas com deficiência, os meios e possibilidades para que participem de forma ativa do convívio social através da equiparação de oportunidades. Após reflexões verificamos que a finalidade da Arte/Educação é a de proporcionar experiências formativas em artes, tendo estas um caráter transformador e capaz de possibilitar aos envolvidos pela mesma um maior reconhecimento de si e do mundo que os cerca. Já a conceitualização da Arte/Educação Inclusiva corresponde aos processos educativos em arte, que possibilitam a inclusão de pessoas, tendo como uma de suas principais características o trabalho a partir das potencialidades de cada sujeito. Para se chegar a tal compreensão foram necessárias algumas reflexões sobre a prática de educadores e em especial a de Noêmia Varela, por seu pioneirismo nessa área, além do dialogo com outras leituras.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O nosso objetivo é compreender como Arte/Educação possibilita a inclusão de pessoas com deficiência. Para alcançar tal compreensão buscamos Identificar na narrativa do sujeito da pesquisa as vivências relacionadas à Arte/Educação que possibilitam a inclusão, e posteriormente analisar qual a contribuição dessas vivências para sua inclusão.
MÉTODOS:
Para compreender como Arte/Educação possibilita a inclusão de pessoas com deficiência, realizamos um estudo de caso com Rosa, uma artista com deficiência inserida em espaço educativo em artes (Escolinha de Artes do Recife) há mais de vinte cinco anos, buscando, a partir da sua história de vida, identificar nas vivências relacionadas à Arte/Educação aspectos que possibilitaram a sua inclusão. Utilizamos-nos de uma entrevista semiestruturada, feita na própria Escolinha, gravada em aparelho eletrônico e com a participação da mãe da mesma como apoio na elucidação de suas lembranças. Direcionamos as perguntas para o levantamento de suas memórias quanto à sua infância, adolescência e maturidade, buscando identificar nas suas narrativas, os espaços, pessoas e experiências que foram significativos na promoção da sua inclusão. Outras questões feitas a Rosa estão ligadas às suas expectativas para o seu futuro e quais são seus anseios para sua formação profissional e pessoal. Caracterizamos tanto Rosa quanto os espaços que foram importantes no seu desenvolvimento (Escolinha e APAE). Em seguida fizemos uma análise temática baseada nas concepções de Inclusão, Arte/ Educação e Arte/Educação inclusiva para qualifica-la. Salientamos que a divulgação do nome da artista foi autorizada pela mesma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após a transcrição e leitura minuciosa da entrevista foram identificados 15 (quinze) episódios significativos, a partir da fala do sujeito, que demonstram processos pelos quais Rosa teve sua inclusão realizada. Estes episódios foram agrupados em três categorias: Reconhecimento (7 episódios); Interação (5 episódios) e Independência (3 episódios). As classificações das categorias foram realizadas ancoradas em conceitos fundamentados por alguns autores, as quais são percebidas pelos exemplos de trechos da fala de Rosa. Dentro da categoria de Reconhecimento, foi identificado um episódio de Autoreconhecimento, que seria no caso uma subcategoria. Os Processos de Reconhecimento correspondem ao reconhecimento das potencialidades que possibilitam a visibilidade social do sujeito; os Processos de Interação referem-se à interação com diferentes espaços e sujeitos formadores, possibilitando a socialização; os Processos de Independência, pelos quais os sujeitos realizam/efetivam suas ações de forma independente, levando-os à construção de sua autonomia.
CONCLUSÕES:
Pela análise das vivências de Rosa em espaços formativos em arte, verificamos que sua trajetória é constituída de episódios de Processos impulsionadores da inclusão. Após uma explicitação fundamentada de que se trata cada categoria, verificamos que os Processos de Reconhecimento levam o sujeito a ter Visibilidade, os Processos de Interação propiciam a Socialização e os Processos de Independência permitem o desenvolvimento da Autonomia. Com a identificação de tais processos, podemos afirmar que seriam estes os agentes propulsores da efetivação de sua inclusão, pois os mesmos permitiram a Rosa ter sua autonomia, ser valorizada pelo seu trabalho, ter reconhecimento pelos seus talentos, estudar, interagir com outras pessoas, fazer suas próprias escolhas, ter anseios e fazer planos para o futuro. A partir da compreensão de que os processos impulsionadores resultam em elementos favoráveis à inclusão, é possível chegar ao entendimento de quais são os meios que levam a uma efetiva inclusão e como as experiências em artes foram primordiais para promovê-los, os quais possibilitaram a Rosa os aspectos necessários à vida de quaisquer outros indivíduos que convivam em sociedade e a sua validade como constituintes do caminho para possibilitar a inclusão de tantos outros sujeitos.
Palavras-chave: Reconhecimento, Interação social, Autonomia.