65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
A PRÁTICA DO SABER POPULAR NA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS POR PACIENTES ONCOLÓGICOS DA UNIDADE DE ASSISTÊNCIA DE ALTA COMPLEXIDADE DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ – MA
Jairo Rodrigues Santana - Acadêmico do Curso de Enfermagem – CCSST – UFMA – Imperatriz, MA
Wherveson de Araujo Ramos - Acadêmico do Curso de Enfermagem – CCSST – UFMA – Imperatriz, MA
Paulo Roberto da Silva Ribeiro - Prof. Adjunto/Orientador – Curso de Enfermagem – CCSST – UFMA – Imperatriz, MA
INTRODUÇÃO:
Em termos gerais, câncer é uma doença cuja característica é a multiplicação e a disseminação descontrolada de células anormais do organismo. O tratamento desta patologia é considerado como um dos problemas mais desafiadores da área médica, sendo que a medicina convencional estabelece três abordagens principais no tratamento do câncer: excisão cirúrgica, irradiação e quimioterapia. Entretanto, observa-se a procura cada vez mais intensa por tratamentos “alternativos e/ou complementares” para a cura do câncer. Diversos estudos experimentais e epidemiológicos demonstraram que o consumo de algumas plantas pode promover ação quimiopreventiva e/ou antineoplásica. Entretanto, devido ao conceito comum de que o uso de plantas é inofensivo, há a preocupação quanto ao consumo das mesmas, principalmente entre os pacientes oncológicos, pois estas apresentam maiores chances de ocorrência de interações medicamentosas quando em concomitância com o tratamento oncológico convencional, uma vez que os medicamentos antineoplásicos em sua maioria apresentam baixo índice terapêutico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta pesquisa objetivou realizar um estudo sobre a utilização da fitoterapia entre os pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico atendidos pela Unidade de Assistência de Alta Complexidade (UNACOM) do Município de Imperatriz – MA, propiciando oportunidades para a promoção do uso racional de fitoterápicos por estes pacientes.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa de dados, desenvolvido com 18 pacientes oncológicos e que realizam o tratamento quimioterápico no UNACOM de Imperatriz – MA. Este trabalho foi realizado no mês de fevereiro de 2013. A coleta dos dados foi feita após a solicitação do consentimento por escrito dos participantes, onde se leu o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para a participação em pesquisa e, em seguida, foi solicitada a assinatura dos mesmos. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se um roteiro de entrevista prontamente estruturado, onde foram investigadas, junto ao público-alvo, as seguintes variáveis: idade, sexo, grau de escolaridade, estado civil, renda mensal e aspectos inerentes ao uso de plantas medicinais. As entrevistas foram realizadas na sala de quimioterapia, sendo acompanhadas pela psicóloga responsável pelo setor. Como critérios para inclusão, adotou-se aceitar participar da pesquisa, indivíduos maiores de 18 anos, que verbalizassem as necessidades básicas humanas (NBH) e estarem em tratamento quimioterápico. Posteriormente, os dados foram agrupados, ordenados, tabulados e analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Observou-se que a maioria dos pacientes é do sexo feminino (72,2%), acima de 50 anos (55,6%) com baixo grau de instrução (55,6%), é casada (66,2%) e com renda mensal familiar entre 1 a 2 salários mínimos (55,5%). Além disso, 38,8% dos pacientes afirmaram que utilizam remédios à base destas plantas, por acreditarem que elas são capazes de curá-los e compartilham a opinião errônea de que as plantas medicinais não fazem mal. Foram citadas 13 plantas com uso na medicina popular, das quais as mais relatadas foram: erva cidreira (Melissa officinalis) (22,2%), capim santo (Cymbopogon citratus) (16,7%), erva doce (Pimpinella anisum) (11,1%) e noni (Morinda citrifolia) (11,1%). Com relação ao acesso a essas plantas, 62,5% dos investigados afirmaram que as cultivam em sua própria residência e 25,0% relataram que as compram em feiras. Em relação à forma mais comum para o preparo do remédio caseiro, 37,5% referiram preparar por decocção o mastruz, babosa, erva cidreira, capim santo e casca de laranja; já 50,0% preparam por infusão o capim santo, cravo e canela, erva-doce, casca de Ypê, camomila, erva cidreira e folha de limão; enquanto que o fruto noni é usado como suco (12,5%). A orientação sobre como utilizar tais plantas ocorreu, principalmente, pela informação de familiares ou amigos.
CONCLUSÕES:
Neste estudo foi possível constatar que o uso caseiro de plantas medicinais está relacionado com a baixa condição financeira e com a fé que eles depositam no poder de cura destas plantas. Esse uso tem se mostrado de forma indiscriminada, sem a orientação de um profissional de saúde, uma vez que uma das justificativas para tal comportamento é a de que as “plantas são naturais e não causam nenhum mal”. Entre os entrevistados, não houve a preocupação com a comprovação da eficácia das plantas por meio de informações técnicas, nem com o conhecimento correto sobre o modo de preparo e dosagem adequados. Verificou-se que entre os motivos principais para o uso caseiro de plantas medicinais foram: o baixo custo, a facilidade de aquisição e a indicação feita por outros usuários destas plantas. Assim, torna-se imprescindível um planejamento adequado da assistência à saúde dos pacientes com câncer, principalmente no que concerne ao trabalho dos enfermeiros, quanto ao uso apropriado dos fitoterápicos. O estudo demonstra, ainda, a necessidade de ações educativas que aprimorem a prescrição e o uso desses produtos entre estes pacientes. Uma maior divulgação e acesso às informações sobre esses medicamentos entre os pacientes oncológicos e profissionais de saúde pode ser uma estratégia importante.
Palavras-chave: Fitoterapia, Tratamento, Câncer.