65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
CONCEPÇÕES E PRÁTICA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA 2ª FASE DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE GARANHUNS/PE
Arlam Dielcio Pontes da Silva - UFRPE/UAG
Gerciane Ramos Dias - UFRPE/UAG
Mylena Carla Almeida Tenório - UFRPE/UAG
Cherlia Bezerra da Silva - UFRPE/UAG
Mariel José Pimentel de Andrade - Prof. Me./Orientador -UFRPE/UAG
Marlene Maria Ogliari - Prof. Dra./Orientadora - UFRPE/UAG
INTRODUÇÃO:
O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que objetivou compreender como é a prática pedagógica, o processo e as concepções do ensino de Língua Portuguesa, tendo como campo de pesquisa a 2ª fase da Educação de Jovens e Adultos, em uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Garanhuns-PE. Para analisar as práticas de ensino do professor, sujeito deste estudo, adotamos a pesquisa do tipo etnográfico, com abordagem metodológica de cunho qualitativo que trabalha com técnicas de observação, entrevistas, análise de documentos, análises de eventos, ações e interações cotidianas (ANDRÉ, 1995). Sob o ponto de vista teórico-referencial nos embasamos em Gadotti e Romão (2008); Soek (2009); Antunes (2003); Durante (1998); Matta (2009); Freire (1996); PCN (2001) e a Proposta Curricular para o 1º segmento da EJA. Os alunos da EJA têm uma especificidade reconhecida por estudiosos da área que se refere às experiências de vida que possuem. Logo, alfabetizar e letrar esse grupo levando em consideração esse diferencial é uma das exigências legais. Assim buscamos por meio desta pesquisa desenvolver uma nova habilidade de conhecimento para nossa formação, de modo que entendemos a importância da necessidade de adequar as aulas as vivencias de seu público.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Conhecer como ocorre o ensino de Língua Portuguesa na 2ª fase da Educação de Jovens e Adultos (EJA), as concepções e as práticas do professor. Identificar as ações pedagógicas efetivadas na construção do ensino e voltadas para a compreensão e produção de conhecimentos de Língua Portuguesa.
MÉTODOS:
Esta pesquisa modela-se numa abordagem etnográfica, de cunho qualitativo (ANDRÉ, 1995), a qual orienta que o pesquisador tenha contato com o ambiente e a situação que esta sendo investigada. A escola, enquanto local da pesquisa, foi concebida através de sua dimensão institucional e pedagógica, segundo André (1995,p.46), ao abranger situações de ensino nas quais se dá “o encontro professor-aluno-conhecimento”. Nessas situações estão envolvidos os objetivos e conteúdos do ensino, as atividades e o material didático, a linguagem e outros meios de comunicação entre professor e alunos e as formas de avaliar o ensino e a aprendizagem. O campo escolhido para a pesquisa foi uma escola da rede Municipal de Garanhuns-PE, que atende a jovens e adultos entre 15 e 70 anos. Nessa escola, efetuamos observações na turma de EJA II, com 38 alunos. A professora, sujeito direto deste estudo, é funcionária efetiva do município, graduada em Pedagogia com Especialização em Psicopedagogia, recursos humanos e mestranda em educação. Trabalhou com alunos da EJA por três anos. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram 18h de observações sistemática e participativa das aulas de Língua Portuguesa, entrevista efetivada com a professora e análise das atividades didáticas feitas em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As ações pedagógicas desenvolvidas pela professora partiram de contextos de uso da língua materna, o roteiro seguido iniciava com uma discussão sobre a temática abordada, a qual provocava a execução da oralidade e interpretação, estando de acordo com a PCN para o 1º segmento da EJA. Como material didático, nas aulas observadas a professora utilizou textos diversos, como: panfletos, cartazes, músicas, entre outros, além do livro didático. Seguindo a exigência interdisciplinar, as aulas que participamos, tiveram como temas assunto que focalizava questões biológicas, geográficas e de história do Brasil. Ao ser questionada sobre como deve ser o ensino de Língua Portuguesa na EJA, a professora respondeu que “é necessário que o ensino seja adequado ao grupo, as atividades devem ser diversificadas para estimular os alunos. É preciso investir em gêneros textuais, trazer diversos tipos de texto, as leituras devem ser diárias, individual, sempre respeitando e valorizando as experiências e os conhecimentos dos alunos”. As ações e as concepções da professora estão de acordo com Durante (1998) e Matta (2009) que enfatizam que a unidade de trabalho do professor de língua materna é o texto. Assim trabalha-se com a língua em uso, contextualizada como também salienta Antunes (2003).
CONCLUSÕES:
Após a realização da pesquisa, vemos a Educação de Jovens e Adultos como um projeto de inclusão social. Constatamos uma coerência entre as ações pedagógicas observadas e as concepções reveladas pela professora, além de estar de acordo com as exigências apontadas pelo PCN de Língua Portuguesa para este nível de escolarização. Os alunos revelaram um bom domínio oral da língua, uma participação assídua nas ações propostas e uma razoável construção do conhecimento sobre a Língua Portuguesa Padrão, embora o tempo de coleta de dados tenha sido insuficiente para uma conclusão mais consistente. Observou-se, no decorrer da pesquisa, que para haver uma prática pedagógica adequada no ensino de Língua Portuguesa, como língua materna, a alunos de Educação de Jovens e Adultos é necessário que o docente conheça as particularidades dos alunos que frequentam essa modalidade de ensino, geralmente já atuando no mercado de trabalho. O papel do professor, neste caso, não é apenas ensinar para um aluno que aprende, mas aprender para seu uso imediato, através de uma mediação pedagógica. Na sala de aula que participamos como observadores, houve uma coerência entre teoria e prática, ação e significações atribuídas a ela, em consonância com a documentação oficial de base.
Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem, Língua Portuguesa, Educação de Jovens e Adultos.