65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
Linguagens corporais ou técnicas do corpo: o corpo como produtor da fala em pessoas surdas.
Mário Machel Ambrósio - Departamento de Sociologia - UnB
Dulce Maria Filgueira de Almeida - Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Educação Física - UnB
INTRODUÇÃO:
A relação intrínseca da produção social de corpos inscritos no cotidiano de distintas culturas é objeto de interesse e investigação das Ciências Humanas e Sociais, interceptando-se em campos disciplinares como Sociologia, Antropologia e Educação. Desta forma, a compreensão da diluição e fluidez das fronteiras que separam os campos disciplinares é patente nas pesquisas e investigações sobre este tema.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a produção bibliográfica sobre o tema corpo, contemplando neste particular a relação com a técnica corporal e a linguagem do corposurdo. Com base no objetivo central autor realizou um levantamento da produção teórica de autores considerados contemporâneos, como base teórica, dentre eles, Mauss, Le Breton e Goffman, bem como uma pesquisa documental da produção recente, do ano de 2005 ao de 2011, foi realizada em revistas científicas e periódicos online – como a base Scielo e Portal CAPES. Aspectos como estigma, diferença, preconceito, identidade foram fundamentais para a seleção dos artigos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo central analisar a produção bibliográfica sobre o tema corpo, contemplando neste particular a relação com a técnica corporal e a linguagem do corpo surdo. Neste ínterim, aspectos como estigma, diferença, preconceito, identidade serão considerados fundamentais para a construção de uma revisão bibliográfica da produção recente que abrange o tema corpo surdo.
MÉTODOS:
Com base no objetivo central de analisar a produção bibliográfica sobre o tema corpo e sua relação com a técnica corporal e a linguagem do corpo surdo, o autor realizou um levantamento da produção teórica de autores considerados contemporâneos, como base teórica, para o estudo do tema, dentre eles, Mauss, Le Breton, Goffman (bem como a pesquisa documental da produção recente pertinente ao tema.
A pesquisa documental da produção recente, a partir do ano de 2005 ao ano de 2011, foi realizada em revistas científicas e periódicos online – como a base Scielo, Portal CAPES, Web of Science, Proquest, Sociological Abstracts, Scopus - a partir das palavras-chaves: Corpo, Corpo-Surdo, Estigma, Linguagem, Técnica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A pesquisa bibliográfica em periódicos retornou ao pesquisador seis artigos que se mostraram pertinentes ao estudo do tema “corpo surdo”. Em três artigos pode-se perceber s o texto de Gladis Perlin, “Identidades Surdas”, também analisado pelo pesquisador, como base teórica e citado referencialmente, ou seja, esses artigos foram construídos a partir de um conceito de identidade, definido por Stuart Hall, e esquematizado por Perlin. O quinto artigo discursa sobre as relações de gênero e sexualidade na mulher surda, o sexto artigo analisa o corpo surdo, a partir da psicomotricidade – dos movimentos e sentimentos e emoções expressas pelo corpo.
CONCLUSÕES:
Os artigos da pesquisa bibliográfica convergiram para um assunto pertinente nos estudos das ciências sociais em geral, o de lidar com as diferenças, de adotar uma visão universalista e romper com as visões etnocêntricas. Cinco dos seis artigos analisados pelo pesquisador se preocuparam em ver os surdos como diferentes e não deficientes, e adotaram o conceito de identidade moderna de Stuart Hall para entender como as identidades dentro de um corpo estigmatizado são socialmente construídas. Houve também, por parte destes cinco artigos, uma preocupação de como a surdez é estudada a partir de ouvintes, da idéia da normalização dos surdos e a necessidade de romper essa dicotomia ouvinte-normal/surdo-deficiente. O sexto artigo, que trata das técnicas corporais não estava preocupado em discutir essas desarmonias, e sim em relacionar a linguagem corporal com o lado emotivo e mental do sujeito, porém não adotou uma visão sócio-antropológica, mas psicomotora.
O pesquisador pode perceber que há pouca produção bibliográfica que relaciona surdez com o corpo, de fato apenas três os relacionam de fato, o artigo de Marques (2007), a de Festa (2009) e a de Moreira (2010). Porém não foram suficientes para satisfazer o objetivo da pesquisa e certamente poderiam ter abordado o corpo de forma mais completa, se tivesses utilizados outros autores como base teórica.
Palavras-chave: Corpo Surdo, Estigma, Identidade.