65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 6. Engenharia de Produção
A FEIRA: ESPAÇO DE CONSUMO E TROCA, COMO IMPORTANTE FERRAMENTA NAS RELAÇÕES SERTANEJAS
Emanuela Torquatro Feitosa - Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
Camilla Rodrigues da Silva - Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
Raniele da Silva - Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
Kamilla Rayane Brito Souza - Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
Victorino Alexandre Lima Costa - Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
Viviane Regina Costa - Profa. Msc./Orientadora – Eixo de Tecnologia - Campus do Sertão/ UFAL
INTRODUÇÃO:
A feira livre floresceu na Europa durante a Idade Média e teve papel fundamental no desenvolvimento das cidades e no chamado renascimento comercial observado durante o século XIII. Na medida em que a produção agrícola foi ganhando sofisticação nos feudos, o excedente passou a ser comercializado nas cidades durante as feiras. As trocas comerciais realizadas nos centros urbanos possibilitaram a padronização dos meios de troca e atuaram de maneira decisiva na superação do modelo feudal autossuficiente. Realizadas estrategicamente em áreas onde rotas comerciais se cruzavam, as feiras ainda incentivaram a criação de uma estrutura bancária que regulasse o câmbio e a emissão de papel- moeda. A feira: espaço de consumo e troca, como importante ferramenta nas relações sertanejas, traz a discussão da importância dos lugares de consumo para a vida da cidade nos aspectos culturais, sociais e econômicos como também na determinação de centralidades urbanas, constituídas enquanto territórios carregados de signos e significados, fixos e fluxos que traduzem a identidade de um povo e propor possibilidades de requalificação do atual espaço da feira da cidade de Delmiro Gouveia/AL, com uma nova espacialidade e novas barracas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo geral deste trabalho é de fazer um levantamento sobre o papel da feira livre da cidade de Delmiro Gouveia/AL, destacando suas características físico-espaciais e socioeconômicos no contexto da vida sertaneja e a importância na construção de relações com o lugar, na formação de territórios e na consolidação da cultura de um povo.
MÉTODOS:
As atividades do projeto foram desenvolvidas em três etapas distintas: discussão teórica, construção de um diagnóstico e elaboração de propostas de intervenção. A discussão teórica teve como temas o espaço público, espaço terciário e intervenção em centros urbanos. A segunda etapa, caracterizada pela elaboração de um diagnóstico, foi subdividida em duas fases. A primeira fase corresponde a uma descrição física do espaço da feira. Para esta fase foi feita uma visita de campo, na qual o grupo, dividido em subgrupos, observou os principais aspectos físicos relacionados com o espaço, com as barracas e os problemas e as potencialidades que podem ser encontradas no local. A segunda fase, também como parte da elaboração do diagnóstico, constituiu uma caracterização socioeconômica e cultural da vida da feira. Esta caracterização foi feita a partir de um questionário aplicado aos comerciantes abordando os aspectos: moradia, trabalho, família, comércio, renda, opinião sobre o atual espaço. No total foram aplicados 56 questionários, perfazendo um número de 10% do total das barracas instaladas permanentemente e provisoriamente. A terceira etapa teve como atividade a elaboração de propostas que podem auxiliar numa possível intervenção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A estrutura física do espaço da feira contempla atualmente uma média de 500 barracas, sendo elas fixas e temporárias. Estas apresentam estrutura em madeira, no caso das permanentes, e uma estrutura muito simples, com uma lona assentada no chão ou com a mercadoria disposta em carros de mão, no caso das temporárias. Nos campos de acessibilidade, iluminação, esgotamento sanitário e coleta de lixo, foram detectados os seguintes problemas: inexistência de acesso a portadores de deficiência, má iluminação e péssimas condições de higiene quanto ao esgotamento sanitário e coleta de lixo. Com relação aos aspectos sociais e econômicos da feira o que se destaca é a pequena remuneração alcançada pelo setor. Esta remuneração na maioria dos casos é inferior a um salário mínimo e a maior parte dos feirantes conta com outra fonte de renda. As barracas pagam uma taxa diária de R$2,00, referente ao aluguel pelo espaço utilizado. De acordo com o que foi estudado na literatura pertinente, a feira é um local de extrema importância desde os primórdios para a construção da relação interpessoal entre os moradores de uma localidade e, de acordo com os resultados, essa localidade deve ser um espaço que ofereça boas condições tanto para consumidores como para comerciantes.
CONCLUSÕES:
Dispondo do resultado das etapas do projeto, foi possível elaborar uma nova proposta de urbanização para o espaço da feira, considerando os desejos e anseios da população delmirense. A proposta de intervenção no espaço da feira contemplou os seguintes aspectos: (i) disposição das barracas de modo que o deslocamento entre as barracas seja possível; (ii) acessos demarcados com a utilização de degraus e rampas para facilitar o uso dos carrinhos de feira e garantir que o acesso à feira seja universal; (iii) diferenciação das barracas com relação ao tamanho e à mercadoria comercializada; (iv) setorização, na qual as barracas possam ser agrupadas de acordo com o produto oferecido; (v) criação de uma área central para acomodação de banheiros e estabelecimentos de serviços, como lanchonete, barbearia e bar (serviços atualmente existentes na feira); (vi) placas sinalizadoras para indicar as sessões das barracas; (vii) iluminação; (viii) esgotamento sanitário; e (ix) coleta seletiva de lixo.O projeto alcançou o objetivo de aproximar a comunidade acadêmica da realidade social na tentativa de despertar o olhar do aluno da área da tecnologia para o aspecto mais humano da sociedade, uma vez que todas as atividades de pesquisa e ação buscaram respeitar todas as realidades culturais e sociais.
Palavras-chave: Feira, Comércio, Troca.