65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FAGOCITÁRIA DE NEUTRÓFILOS E MONÓCITOS EM INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DA APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO
Talyta Cortez Grippe - Aluna bolsista de iniciação científica - Faculdade de Medicina - UnB
Mariana Bittencourt Afflalo - Graduanda em medicina – Faculdade de Medicina - UNB
Shirley Claudino Couto - Laboratório de Imunologia celular – UNB
Simone Fernandes Gonçalves - Laboratório de Imunologia celular – UNB
Carlos Eduardo Gaio - Prof. Dr. /Co-orientador – Depto. de Pneumologia – HUB
Maria Imaculada Muniz Barboza Junqueira - Profa. Dra. /Orientadora - Laboratório de Imunologia celular - UNB
INTRODUÇÃO:
A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é um distúrbio de sono altamente prevalente na população e fator de risco reconhecido para o aumento da morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares. Tem sido sugerido que a hipóxia intermitente e a fragmentação do sono existentes na SAOS contribuem para os mecanismos fisiopatogênicos dessas alterações. Os microdespertares, que seguem os episódios de obstrução respiratória acompanhados de hipoxemia ou não, são fatores com potencial para influenciar a resposta imunitária. Assim, essas alterações levam à indução de um estado pró-inflamatório generalizado na doença. Levando-se em conta que as principais células produtoras de radicais livres são os fagócitos, após o processo de fagocitose, é fundamental esclarecer a função fagocitária em indivíduos com a SAOS.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Caracterizar a função fagocitária nos indivíduos com a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono.
MÉTODOS:
Foram estudados 12 indivíduos com a SAOS com doença moderada ou grave, com Índice de Apnéia/Hipopnéia (IAH) >15 e Índice de Despertares por hora (ID) >20 e com diagnóstico há pelo menos 6 meses, acompanhados no Ambulatório de Apnéia do Sono do Hospital Universitário de Brasília e sem tratamento até o momento, e 4 controles com diagnóstico de SAOS excluído após exame polissonográfico. Sangue venoso foi distribuído em lâminas com escavações previamente delimitadas e incubado por 45 minutos, para permitir a aderência dos fagócitos à lâmina. As células aderidas foram incubadas com uma suspensão de S. cerevisiae (sensiblizadas ou não), nas proporções de 5 ou 20 leveduras por fagócito. As lâminas foram coradas com Giemsa a 10%, por 10 minutos. O índice fagocitário (IF) foi determinado pela multiplicação da média de leveduras fagocitadas pela proporção de fagócitos envolvidos na fagocitose. A analise estatística foi feita pelo teste de Mann-Whitney e considerado significante para um p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A média ± DP de idade dos indivíduos com SAOS foi 52,2 ± 10,8 anos, sendo 8 do sexo masculino e 4 feminino, sendo a média ± DP de idade dos controles de 55,5 ± 8,2 anos e 1 masculino e 3 femininos. A mediana do IF dos neutrófilos foi de 154,8 para os indivíduos com SAOS e de 237,6 para os controles, quando a fagocitose foi testada para 5 leveduras sensibilizadas/fagócitos (p>0,05, Mann-Whitney). Este valor deveu-se ao menor número de leveduras fagocitas (2,3 para SAOS versus 2,9 para controles; p=0,03, Mann-Whitney) e ao menor envolvimento de neutrófilos na fagocitose (82% versus 69%, para controles e SAOS, respectivamente; p>0,05, Mann-Whitney) . Estas diferenças não foram observadas quando a fagocitose foi testada na ausência de opsoninas (p>0,05, Mann-Whitney). Quando aumentamos a quantidade de levedura observamos inversão da resposta, entretanto, sem diferença estatística (IF de 285 para controles e 340 para SAOS).
CONCLUSÕES:
Embora ainda preliminar, nossos dados sugerem que a SAOS parece interferir com a capacidade fagocitária dos neutrófilos, entretanto, na dependência do estímulo recebido. Em situação de baixo estímulo, com as leveduras na concentração de 5 por fagócito, observamos uma depressão da capacidade fagocitária nos indivíduos com a SAOS, entretanto, quando aumentamos o estímulo para 20 leveduras/fagócito, aparentemente , os pacientes com a SAOS responderam de modo exagerado. É possível que o ambiente pró-inflamatório presente nos pacientes com a SAOS module as funções dos fagócitos, sendo necessário maior estímulo para ocorrer resposta eficiente destas células, sugerindo um estado de fadiga dos fagócitos, possivelmente pelo excesso de estímulo pró-inflamatório que ocorre nestes indivíduos, desregulando a resposta imunitária inata. Contudo, será necessário aumentar a casuística para obter resultados fidedignos.
Palavras-chave: Síndrome da Apnéia obstrutiva do sono, Fragmentação do sono, Fagocitose.