65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
OS SABERES TRADICIONAIS NAS COMUNIDADES KALUNGAS DE DIADEMA E RIBEIRÃO COMO IMPORTANTES A PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DO CERRADO
Sara Augusta Ferreira - Instituto de Estudos Sócio Ambientais-UFG
Maria Geralda de Almeida - Profa.Dra./Orientadora-Instituto de Estudos Sócio Ambientais-UFG
INTRODUÇÃO:
Está pesquisa consiste em um trabalho desenvolvido dentro do programa Institucional de Iniciação Científica, de 2011 a 2012. Esta discute os saberes tradicionais nas comunidades kalunga de Diadema e Ribeirão, povoados vizinhos, que localizam- se no nordeste do estado de Goiás, próximo às cidades de Teresina de Goiás, Monte Alegre e Cavalcante, a cerca de 600 km de Goiânia. Essas comunidades são integrantes do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural kalunga, instituído pela Lei Complementar, nº 19, de 05 de janeiro de 1996 do Estado de Goiás (ALMEIDA, 2010).
De acordo com Almeida (2003), as populações tradicionais do Cerrado, são portadoras de um relevante conhecimento, importantes a preservação da biodiversidade do Cerrado. Com base no conceito de biodiversidade cultural, defendido por Escobar e referido por Almeida (2003, p. 71), “as espécies, os homens, as máquinas, participam da formação da biodiversidade, como discurso histórico”. Assim, identificar esses saberes tradicionais locais é um meio para se reconhecer essa construção mutua sua dimensão e importância, e constitui o objetivo desta pesquisa.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivo Geral: Identificar os saberes culturais definidores para a conservação e preservação da biodiversidade do Cerrado presente nas comunidades Kalunga de Diadema e Ribeirão. Objetivo específico: Realizar levantamento bibliográfico sobre temas pertinentes à biodiversidade, conservação, preservação, saberes e comunidades tradicionais, agriculturas tradicionais e sistemas agroecológicos.
MÉTODOS:
Utilizou-se da metodologia proposta no plano de trabalho, começando pela revisão bibliográfica, buscando autores que trabalham as temáticas abordadas, como Almeida (2003, 2010); Arantes (2012); Marinho (2008); Ratts (2009); Baiocchi (2006); Aquino e Oliveira (2006); Nascimento (2002); Teixeira Neto (2002); Silva e Chaveiro (2010), e por meio da metodologia de pesquisa qualitativa, com base no método de análise do discurso derivado de Pêcheux, referenciado por Silva, no livro “Geografia e Pesquisa Qualitativa “ (2009), por ser uma metodologia interpretativa, segundo o qual o dado Linguístico e o contexto se relacionam na confluência da língua do sujeito e da história.
Nesse método faz-se necessário, uma análise do discurso para além da fala, por ser uma comunidade que possui uma linguística própria, exige se, o cuidado de interpretar a língua, para entender o discurso, que se revela ao associar com o contexto histórico. Com base neste método, utilizo dos procedimentos de observação e registros em campo, seguido da análise e processamento de dados, e por fim, da elaboração do relatório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na busca por identificar os saberes tradicionais, recorro a Arantes (2012), que ao entrevistar moradores em Diadema e Ribeirão, descreve o cultivo de plantas como parte destes, todo trabalho de plantio de roça ou de plantio de quintais, é feito de manualmente, e ela identificou 15 tipos de plantas, cultivadas nessas comunidades. Embora a maior parte destas seja de espécies domesticadas, para a autora, o seu cultivo é essencial nestas comunidades, principalmente as espécies medicinais e alimentares, pois a comunidade não conta com comercio de farmácia, sendo o uso de medicamento natural o mais acessível, e as alimentares, constituem a base da alimentação.
Com base em visita de campo, em 2011, e na catalogação de espécies nativas do Cerrado, elaborada pela Embrapa (2008), foi possível fazer o levantamento de mais 21 espécies, presentes em ambas as comunidades, das quais a maior parte dessas 21 espécies, por serem nativas do Cerrado, e crescerem naturalmente nestas comunidades, não são cultivadas por eles, mas por serem de relevante uso, possuem valor de uso e isso motiva sua preservação, já outras espécies, principalmente as alimentícias como o pequi e a mangaba são plantadas em quintais.
CONCLUSÕES:
Esta pesquisa possibilitou uma maior compreensão sobre o bioma Cerrado, biodiversidade, preservação, conservação, sistemas agroflorestais, agricultura tradicional, sobre as comunidades de Ribeirão e Diadema. Ela também possibilitou uma melhor compreensão da elaboração de pesquisa, pelos métodos utilizados nesta.
Isso permitiu entender que os saberes tradicionais encontrados nessas comunidades, revelam que os Kalunga conhecem e utilizam o Cerrado presente em seu território, e são conservacionistas da biodiversidade do Cerrado, por promover o uso sustentável.
Para estas comunidades a conservação do Cerrado, é um meio de se preservar a sobrevivência, o modo de vida e a cultura. A biodiversidade local é fonte de alimento, remédios, matéria prima para casas e a maior parte dos utensílios, usados nestas. A perda do Cerrado representa para essas comunidades a necessidade de buscar outro meio de sobrevivência, o que provavelmente resultaria em sua migração, para as cidades mais próximas.
Palavras-chave: Saberes tradicionais, Preservação da biodiversidade do Cerrado, Diadema e Ribeirão.