65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
PROPAGAÇÃO In Vitro DE VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR VIA CULTURA DE ÁPICES CAULINARES
Diego José Caldas - Licenciatura em Ciências Biológicas, Instituto de Ciência Biológicas, UFG
Sérgio Tadeu Sibov - Prof. Dr. - Depto de Biologia Geral, Instituto de Ciência Biológicas, UFG
INTRODUÇÃO:
Em programas de melhoramento genético da cana-de-açúcar, há necessidade de se multiplicar o material selecionado com maior rapidez e a micropropagação é uma alternativa ao processo convencional de propagação vegetativa por meio de colmos (Baksha et al., 2002). Altas taxas de multiplicação de cana-de-açúcar podem ser alcançadas por este método, com inúmeras vantagens em relação à multiplicação a campo, como a produção de grande quantidade de mudas de qualidade superior, em tempo e espaço reduzidos (Cidade et al., 2006).
Para que variedades sejam micropropagadas eficientemente faz-se necessário, primeiramente, o estabelecimento de protocolos de multiplicação in vitro. Estes protocolos são ferramentas fundamentais, não na multiplicação massal, mas também na utilização em técnicas de transformação genética, oferecendo novas possibilidades para a obtenção de variedades de características de interesse, além do melhoramento genético convencional. Porém, pouco se conhece sobre o desenvolvimento in vitro das variedades de cana-de-açúcar que estão sendo melhoradas para o plantio no estado de Goiás.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo teve como objetivo estabelecer protocolos de micropropagação das seguintes variedades pertencentes ao Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar da Universidade Federal de Goiás (UFG): RB98710, RB034041 e RB034130.
MÉTODOS:
Após descontaminação com hipoclorito de sódio 50%, em câmara de fluxo laminar os ápices caulinares foram esterilizados em etanol 70% e em hipoclorito de sódio 25% antes da inoculação em tubos de ensaio com meio de cultura. Tratamentos para multiplicação utilizaram meio de cultura MS (Murashige & Skoog, 1962) líquido. Tratamentos para enraizamento utilizaram meio MS com metade da concentração de macronutrientes. Em ambos experimentos foram adicionados: ácido cítrico (150 mg.L-1), tiamina (1,0 mg.L-1), inositol (100 mg.L-1), Clavulin (0,5 g.L-1) e sacarose (20 g.L-1 para multiplicação e 60 .L-1 para enraizamento). Para multiplicação, foram utilizadas diferentes combinações e concentrações de reguladores dos crescimento: KIN, BAP, ANA e GA3, totalizando seis tratamentos. Para enraizamento, diferentes combinações entre meios sólidos e líquidos, ANA e carvão ativado. O pH dos tratamentos foi ajustado para 5,8 e autoclavados a 120ºC a 1 atm, por 20 minutos. Os tubos permaneceram em câmara de crescimento sob fotoperíodo de 16 h e temperatura de 25 ± 1ºC. O delineamento foi inteiramente casualizado com 12 repetições. Em cada parcela um frasco com 10 ml de meio e 1 explante. A avaliação do número de brotos, tamanho do maior broto e a presença de raízes foi feita ao final de 30 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Multiplicação: o valor mais alto no número médio de perfilhos foi de 15,33, observado para RB034130 em T2 (MS + 0,2 mg.L-1 de BAP), enquanto o valor de 4,41 foi observado para RB98710 em T1 (MS + 0,1 mg.L-1 de KIN). A interação entre KIN e BAP (T3: MS + 0,1 mg.L-1 KIN + 0,2 mg.L-1 de BAP) demonstrou ser eficiente para as três variedades testadas. A eficiente interação entre KIN e BAP já havia sido relatada por Khan et al. (2009) e Hendre et al. (1983) na multiplicação de brotos a partir de ápices caulinares de cana. Para a variável tamanho do maior broto, as médias não demonstraram diferenças significativas entre as três variedades. Para as três variedades selecionadas, a adição de GA3 ao meio não resultou em maior crescimento. Enraizamento: não houve diferença estatística na indução de raízes entre os cinco tratamentos testados para as três variedades. Nas variedades RB98710 e RB034130 o meio T5 (semi-sólido com ANA e carvão ativado) foi o que apresentou as maiores médias para tamanho de raiz. O crescimento de raízes é afetado por altas concentrações de sais, que inibem seu desenvolvimento (Caldas et al., 1998). Diluições na concentração de sais do meio MS são frequentes na fase de enraizamento (Werner & Boe, 1980; Ferreira et al., 1996; Grattapaglia & Machado, 1998).
CONCLUSÕES:
Tanto para a indução de brotações quanto para o crescimento dos brotos, a interação de 0,1 mg.L-1 KIN e 0,2 mg.L-1 de BAP obtém os melhores resultados. Estes resultados ocorreram para as variedades RB98710 e RB034130. Para a variedade RB034041 não houve diferença significativa entre os tratamentos. A indução de raízes ocorre em todos os tratamentos testados, sem diferenças estatísticas entre eles. Porém, o tratamento T5 (MS 50% sólido + 6% sacarose + 5 mg.L-1 de ANA + 0,2% de carvão ativado) destaca-se no crescimento de raízes, independentemente das variedades de cana-de-açúcar testadas.
Palavras-chave: cultura de tecidos, micropropagação, Saccharum.