65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
Citotoxicidade de extratos aquosos de Rosmarinus officinalis L. (Labiatae)
Gênera Herlany da Silva Cardoso - Aluna do Curso de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB.
Francisco Ronielson de Sousa Carvalho - Aluno do Curso de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB.
Ellifran Bezerra de Siqueira Dantas - Aluno do Curso de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB.
Maria do Socorro Meireles de Deus - Depto. de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB
Paulo Michel Pinheiro Ferreira - Depto. de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB
Ana Paula Peron - Profa Dra/Orientadora – Depto. de Ciências Biológicas – UFPI/CSHNB
INTRODUÇÃO:
Mundialmente muitas espécies de plantas são utilizadas para o tratamento e prevenção de doenças, porém, grande parte delas ainda não foi avaliada de forma satisfatória quanto ao seu potencial tóxico. A espécie Rosmarinus officinalis L., da família Labiatae, conhecida como alecrim, é originária da região mediterrânea da Europa e cultivada em quase todos os países de clima temperado e tropical. Na composição química de suas folhas encontra-se um óleo aromático constituído pelos terpenos carnosol, rosmanol e rosmarinidifenol. Estudos demonstraram que as folhas desta planta possuem ações antimicrobiana, anti-inflamatória, anti-séptica, diurética, anti-espamódica quimiopreventiva, anti-tumoral e antioxidante. No entanto, os efeitos tóxicos de R. officinalis necessitam ser mais bem estudados. As células meristemáticas de raízes de A. cepa é um ensaio importante na avaliação de citotoxicidade de extratos aquosos de plantas medicinais por suas propriedades cinéticas de proliferação e por possuir cromossomos grandes e em número reduzido (2n=16). Este organismo de prova também demonstra similaridade satisfatória aos resultados obtidos em outros bioensaios, como os com animais e em cultura de células, sendo frequentemente usado para alertar a população sobre o consumo de fitoterápicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar os efeitos citotóxicos dos extratos aquosos brutos das folhas do alecrim, sobre o ciclo celular de raízes de Allium cepa em diferentes concentrações e tempos de exposição.
MÉTODOS:
Folhas secas de alecrim foram colocadas em água fervente onde permaneceram em infusão por 10 minutos. Após este tempo, os extratos aquosos foram coados e colocados para esfriar a temperatura ambiente. Estabeleceu-se 04 concentrações (tratamentos): 0,02; 0,04; 0,06 e 0,08g/ml. Os bulbos de Allium cepa foram colocados para enraizar em frascos com água destilada, à temperatura ambiente e aerados constantemente, até a obtenção de raízes com cerca de 1,0cm de comprimento. Para análise de cada concentração estipulou-se um grupo experimental com cinco bulbos. Antes de se colocar em contato com as suas respectivas concentrações, algumas raízes foram coletadas e fixadas para servirem de controle do próprio bulbo. Em seguida, as raízes restantes foram colocadas em suas respectivas concentrações, por 24 horas, 48 horas e 07 dias. Após estes tempos de exposição foram retiradas algumas raízes e fixadas. As lâminas foram feitas seguindo-se pelo método de esmagamento. Para cada bulbo analisou-se 1.000 células, totalizando 5.000 células para cada controle e concentração. Durante a análise observou-se células em interfase, prófase, metáfase, anáfase e telófase. Foram calculados os valores médios do número de células de cada uma das fases do ciclo celular de Allium cepa e determinado o índice mitótico. A análise estatística dos dados foi realizada pelo teste Qui-quadrado (p< 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pode-se observar que as quatro concentrações testadas do alecrim reduziram drasticamente o índice mitótico das células meristemáticas de raízes de A. cepa quando comparadas aos índices mitóticos obtidos para os seus respectivos controles, mostrando-se citotóxicas. Os valores obtidos de índice mitótico para os tempos de exposições de cada tratamento não foram significativos entre si. Não foram observados distúrbios na divisão celular e micronúcleos em nenhum dos tratamentos. A atividade antiproliferativa do alecrim é atribuída a ação do rosmarinidifenol, rosmariquinona e, com grande destaque, rosmanol. Altas concentrações destes terpenos possuem a propriedade de estacionar células em intérfase, na fase G2 do ciclo celular, não permitindo a duplicação total do citoplasma e o início da condensação cromossômica, propriedade esta que justifica a grande inibição celular ocorrida em A. cepa. No entanto, o efeito antiproliferativo obtido aqui foi observado já na concentração considerada ideal para a população (0,02 mg/ml) e recomendada pela órgãos governamentais.
CONCLUSÕES:
Considerando que o senso comum quase sempre considera as plantas medicinais isentas de reações adversas ao organismo, fazendo, muitas vezes, o uso indiscriminado das mesmas, e que a planta R. officinalis é facilmente encontrada em hortos medicinais, ervanários, lojas de produtos naturais e feiras, torna-se de grande relevância realizar trabalhos semelhantes a este com A. cepa, com outros sistemas testes, diferentes tempos de exposição e diferentes tratamentos para assim se estabelecer com propriedade qual a concentração ideal e segura de utilização desta planta.
Palavras-chave: planta medicinal, alecrim, efeito antiproliferativo.