65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
A HIDROPONIA COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO E SEGURANÇA ALIMENTAR AO SEMIÁRIDO: ESTUDO DE CASO EM IBIMIRIM- PERNAMBUCO
Nikolle Nebl Jardim Aravanis - Estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental/ Departamento de Tecnologia Rural-
Isabela Regina Wanderley Steuer - Estudante de Engenharia Florestal/ Departamento de Ciência Florestal - UFRPE
Soraya Giovanetti El-Deir - Professora Dra. / Orientadora - Departamento de Tecnologia Rural- UFRPE
Wagner José de Aguiar - Estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas/Departamento de Biologia - UFRP
Priscila Lemos - Estudante de Engenharia Agrícola e Ambiental/ Departamento de Tecnologia Rural-
INTRODUÇÃO:
O relatório do Intergovenmental Panel on Climate Change (IPCC, 2009) adverte que no Brasil a caatinga será o bioma mais atingido pelas mudanças climáticas. Dentre esta, a região do Sertão do Moxotó está sendo afetada de forma drástica, com estiagem prolongada, perda de 30% da safra e diminuição dos reservatórios de água de superfície, como açudes e barreiros. Visando o uso das águas dos lençóis freáticos, com águas com elevado teor de sais, em diversos pontos do nordeste brasileiro foram instalados dessalinizadores, Entretanto as águas residuárias destes, com elevado teor salino, são usualmente descartadas no solo, salinizando-o. No município de Ibimirim, sertão do Moxotó de Pernambuco, experimentos visando usar estas águas residuárias foram realizadas, buscando testar a tolerância de hortaliças aos sais, em cultivo hidropônico. A disseminação da técnica de hidroponia com água salina residuária dos dessalinizadores para produção de hortaliças se configura numa possibilidade real de uso deste rejeito, além de se configurar numa alternativa para auxiliar na segurança nutricional e alimentar dos agricultores familiares, além de auxiliar na conservação de água e do solo, diminuindo o impacto ambiental da água residuária dos dessalinizadores.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Visa-se descrever experiência com técnicas hidropônicas de hortaliças a partir de águas residuárias de dessalinizadores, além de disseminar o uso de centros hidropônicos como meio de reuso de águas salinas, incentivando a estruturação de atividades direcionadas para a segurança nutricional e alimentar dos agricultores familiares do semiárido nordestino brasileiro.
MÉTODOS:
A experiência com técnicas hidropônicas de hortaliças a partir de águas residuárias de dessalinizadores se desenvolveu com mudas de alface lisa em canos de PVC, com uma leve inclinação para favorecer o fluxo da solução nutritiva composta de água pura e de nutrientes dissolvidos de forma balanceada contendo KH2PO4, KNO3, MgSO4.7H2O, ferro e EDTA-ferro, composição que está de acordo com a necessidade da espécie vegetal. Após 15 dias, transplantou-se para tubos de PVC maiores, onde começou-se a monitorar periodicamente o pH e a concentração de nutriente na folha do alface, analisando o controle rigoroso da solução nutritiva para manter as condições de adaptações as características do semiárido. Após 25 dias, foram transplantados para vasos que continham materiais (brita, lona, forragem) para evitar a evaporação da solução nutritiva. Após 45 dias é realizada a colheita de alface, retirando amostras para analise laboratorial de concentração dos nutrientes. Para viabilizar a disseminar o uso de centros hidropônicos como meio de reuso de águas salinas, foi estruturada uma unidade demonstrativa em uma entidade parceira da Universidade. A construção se deu de forma participativa, com o acompanhamento dos técnicos da entidade, e assessoria de professores-pesquisadores da Universidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As espécies de menor porte são as mais adequadas para cultivo hidropônico (BEZERRA NETO & BARRETO, 2000). Há viabilidade econômica do cultivo hidropônico de forragem, com grandes vantagens em relação ao cultivo em solo (ARAÚJO et al., 2008; CAMPÊLO et al., 2007; MÜLLER et al., 2006), sendo que foi observado que há desenvolvimento favorável e economicamente viável entre as temperaturas entre 18 e 24°C. No entanto, percebeu-se que o aproveitamento de alface foi melhor, quando usada águas subterrâneas salobras ao invés de água residual, pois, a dessalinização da água residual provocou menor aproveitamento e viabilidade na produção (ALEXANDRE et al., 2010), sendo tal observação ratificada pelo experimento realizado. Sabe-se que, da quantidade total de terras existente, somente 15% é formada de terras adequadas ao cultivo de espécies. Enquanto 50% do total geral é ocupada por florestas e áreas impróprias ao cultivo, locais onde a hidroponia pode ser empregada com sucesso. Neste particular, foi implantada unidade experimental demonstrativa no Centro de Educação Ambiental do Semiarido de Pernambuco (Ceasape), podendo ter uma produção regular de 180,10 t mês-1 de alface de cultivo convencional (CEASA-PE, 2006). Esta servirá para cursos e oficinas, visando à disseminação de tal técnica.
CONCLUSÕES:
O cultivo hidropônico apresenta-se como alternativa de produção, pois, além de possibilitar produção em locais considerados inadequados para plantio, proporciona uma maior produtividade, redução no ciclo da cultura, melhor qualidade dos produtos, produção fora de época, menor consumo de água e de fertilizantes, redução de riscos climáticos, rápido retorno do capital empregado, dentre outras vantagens. A hidroponia esta sendo foco de pesquisas que buscam encontrar formas de viabilizar a hidroponia no semiarido. A disseminação de técnicas por parte da universidade pode se da pela montagem de unidades demonstrativas e pelas oficinas realizadas pelos estudantes e bolsistas do projeto.
Palavras-chave: Hidroponia, Semiárido, Salinização.