65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia
FATORES DE RISCO ASSOCIADO AO AGRAVAMENTO DA RESISTÊNCIA PARASITÁRIA EM CAPRINOS (Capra hircus) DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, REGIÃO OESTE POTIGUAR
Ana Carla Diógenes Suassuna Bezerra - Docente Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Hebert Christian de Azevedo Silva - Discente Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Zuliete Aliona Araújo de Souza Fonseca - Discente Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)
Wesley Adson da Costa Coelho - Docente Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE)
Lilian Giotto Zaros - Docente Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Luiz da Silva Vieira - Pesquisador da EMBRAPA/Caprinos
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento da resistência aos anti-helmínticos ocorreu devido à seleção de alelos, cuja expressão esta envolvida nos mecanismos de ação da droga (Blackhall et al., 1998), caracterizando-se por significante redução na potência (Sangster, 1996); adquirindo assim, habilidade hereditária dos parasitas em sobreviverem aos tratamentos nas doses terapêuticas recomendadas (Taylor; Hunt, 1989). Porém, o desenvolvimento da resistência anti-helmíntica (RA) por nematóides a drogas de largo espectro, tem sido motivo de preocupação (Jabbar et al., 2006), principalmente devido a ampla utilização desse entre os produtores rurais. A importância crescente da RA tem levado a um aumento da necessidade de métodos confiáveis e padronizados de detecção RA (Coles et al., 1992) e ao conhecimento do manejo adotado em cada região. Nesse contexto, o grau de resistência em populações de nematóides contra estes anti-helmínticos tem sido amplamente pesquisado (Coles, 2005), onde na região semiárida do Rio Grande do Norte estudos preliminares foram desenvolvidos detectando um potencial de RA em caprinos ao albendazole de 90% (Coelho et al., 2010). Assim, em virtude da relevância do tema, é de grande importância que se conheça os fatores de risco relacionados ao agravamento dessa RA na região.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Associar os principais fatores de risco ao agravamento da resistência parasitária em unidades produtoras de caprinos oriundos da região semiárida, gerando a possibilidade de reduzir a expansão do processo de resistência na região.
MÉTODOS:
O estudo foi desenvolvido inicialmente nos 30 assentamentos rurais do município de Mossoró, onde foi comprovado o processo de resistência (Coelho et al., 2010). Assim, procedeu-se a aplicação de questionários contendo pontos relacionados ao manejo adotado, associando ao desenvolvimento da resistência anti-helmíntica em cada rebanho pesquisado (Niciura et al., 2009), com aplicação in locu para visualização da veracidade dos fatos em cada área estudada. Porém, os dados dos 15 assentamentos foram tabulados devido a constatação do agravamento dessa resistência. Nesse contexto, esses dados foram digitados em planilha eletrônica e transferidos para o software estatístico SPSS 17.0 (Statistical Package for the Social Sciences) sendo posteriormente codificados para realização das análises. Diversos grupos foram comparados, obtendo-se odds ratio (OR), intervalos de confiança de 95%, e significância determinada através do teste do Qui-Quadrado (ﻼ2) e exacto de Fisher. Este último, por sua vez, foi utilizado sempre que se verificassem valores com frequência esperada inferior a 5. O nível de significância estabelecida foi o valor de p <0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 30 assentamentos estudados, 50 % estavam positivos para resistência anti-helmíntica, apresentando 100% (15/15) das áreas de pastejo cercada e predomínio da criação de caprinos sem padrão racial 66,7% (10/15). Quando investigado os fatores de risco associados ao agravamento da resistência, verificou-se que a raça é um fator de risco (OR:18,00;IC;1,754-184,6;p=0,012) significativo para sua disseminação. Segundo Amarante (2004) a proporção de animais resistentes varia em função da raça e da idade. No tocante a finalidade, a criação voltada para produção de leite foi a mais prevalente 80% (12/15). Mesmo sendo um risco quando comparada a propriedade que tem finalidade mista, não obteve associação significativa com o agravamento da resistência (OR:2,0;IC:0,306-13,062;p=0,465). Em relação a quarentena 12 utilizam como rotina e 13 tem como medida sanitária a vermifugação de animais recém introduzidos. Segundo Taylor (2012) a quarentena auxilia no controle sustentável do parasitismo. Em relação ao vermífugo, 86,7% (13/15) vermifugam os animais novos, os quais 100% calculam a dose de modo empírico, 80% (12/15), não soltam os animais após a vermifugação, porém aplicam vermífugos trocando a droga antiparasitária três vezes ao ano 53,0% (8/15) e até quatro 47,0% (7/15) vezes no ano.
CONCLUSÕES:
Os fatores de risco agravantes para o processo de resistência consistem na raça e utilização de anti-helmíntico de modo inoperante, com destaque para alteração constante das drogas em curtos intervalos de tempo. Esse fatores podem ser corrigido através de medidas de manejo adequada, fazendo com a longo prazo o agravamento da resistência seja reduzido.
Palavras-chave: Questionário, agravamento, caprinocultura.