65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
ESTIMANDO A PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES EM ADOLESCENTES
David Franciole de Oliveira Silva - Bolsista de Iniciação Científica - Depto.de Nutrição – UFRN
Juliana Davim Ferreira Gomes - Nutricionista Residente – Hospital Universitário Onofre Lopes - UFRN
Daline Fernandes de Souza Araújo - Profa Ms. – Depto. de Nutrição – UFRN
Liana Galvão Bacurau Pinheiro - Profa. Ms. – Depto. de Nutrição – UFRN
Severina Carla Vieira Cunha Lima - Profa. Dra./Orientadora – Depto. de Nutrição – UFRN
INTRODUÇÃO:
A nutrição tem um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento na adolescência, principalmente com relação aos hábitos e padrões alimentares adotados por esta população. Nessa fase da vida, devido ao rápido crescimento e desenvolvimento corporal, existe uma maior demanda nutricional, que incluem um adequado aporte energético, uma distribuição equilibrada dos macronutrientes, fibras e micronutrientes segundo idade e sexo. Atualmente, os hábitos alimentares dos adolescentes incluem um consumo excessivo de Fast foods e junk foods, açúcares e uma ingestão reduzida de frutas e hortaliças (FISBERG, 2004). Essas inadequações alimentares, com elevado teor de lipídeos, energia e carboidratos simples, predispõem ao excesso de peso corporal que favorece de forma precoce a instalação das doenças cardiovasculares (DCV) (VEIGA; CUNHA; SICHIERI, 2004; OMS, 1995). Ademais, o consumo adequado de minerais e vitaminas com ação antioxidante possui papel fundamental na manutenção da saúde e prevenção de doenças. O consumo adequado das vitaminas B6, B12 e o folato têm sido associados com a redução da concentração sérica de homocisteína, considerada fator de risco para eventos adversos, como demência, e, sobretudo, DCV (STOVER, 2004; COLLIN, 2010; MCNULTY, 2008).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo visa avaliar a prevalência de inadequação de ingestão dos adolescentes no que se refere ao consumo dietético de energia, macronutrientes, fibras e das vitaminas B6, B12 e folato, identificando os alimentos contribuintes para a ingestão dessas vitaminas.
MÉTODOS:
O presente estudo foi tipo transversal, realizado com 276 adolescentes de 10 a 19 anos da rede municipal de ensino de Natal/RN. Realizaram-se reuniões com os pais e/ou responsáveis para fornecer informações sobre a pesquisa e assinatura do TCLE em caso de aceite. Foram incluídos todos os alunos que aceitaram participar, e excluídos os portadores de síndromes genéticas associadas à obesidade, necessidades especiais, gestantes, adolescentes que não responderam ao segundo Recordatório de 24 horas (R24h) e àqueles com consumo energético superior a 5000 Kcal ou inferior a 500 Kcal. Avaliou-se peso e estatura para classificação do estado nutricional antropométrico. Utilizou-se dois R24h, e a análise de energia e nutrientes se deu a partir do software Virtual Nutri 2.0 plus (2008). Os alimentos foram classificados como alimento-fonte, alimento boa-fonte e alimento excelente-fonte de acordo com Philippi (2008). Para a análise do conteúdo energético, macronutrientes, fibras e vitaminas, foram adotados os valores preconizados pelo IOM (2005). A estimativa de inadequação da ingestão das vitaminas foi verificada por meio do método EAR como ponto de corte, e realizou-se a análise descritiva utilizando-se medidas de tendência central e de dispersão (média e desvio-padrão).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A ingestão energética média foi de 1891,62±569,02 Kcal, o que correspondeu a uma ingestão energética insuficiente para 77% dos meninos e 75% das meninas Os percentuais médios de energia proveniente dos macronutrientes foi de 55,2±7,42% para carboidratos, 15,4±4,03% para proteínas e 29,8±5,18% para lipídeos, estando esta distribuição, no geral, adequada, conforme também verificado por Bertin et al. (2008). Quanto aos ácidos graxos foi observada a ingestão média de 9,7±2,27% para saturados, 6,8±1,97% para poliinsaturados, 8,9±1,96% para monoinsaturados e 267,34±156,27mg para o colesterol. Verificou-se ainda reduzido consumo de fibras pelos adolescentes (19,83 ± 9,11g/dia), no qual 85,7% dos entrevistados apresentaram ingestão abaixo do recomendado, resultado semelhante ao observado por Neutzling et al.(2010). O consumo das vitaminas B6, B12 e folato, apresentou valores médios de 0,83±0,44mg; 1,71±5,44µg e 86,92±88,68µg, respectivamente, e as prevalências de inadequação dessas vitaminas foram de 96,0%, 54,0% e 80,8%, respectivamente, sendo estes valores de inadequação superiores aos verificados por Steluti et al. (2011). Neste estudo, os alimentos considerados fontes, boas fontes e excelentes fontes dessas vitaminas foram considerados inadequados para uma alimentação saudável.
CONCLUSÕES:
Os adolescentes constituintes desse estudo eram em sua maioria do sexo masculino e faixa etária de 9-13 anos de idade, correspondente a fase inicial da adolescência. No presente estudo foi observada uma ingestão energética aquém do esperado. Quanto ao consumo dos macronutrientes, os adolescentes apresentaram dieta habitual aparentemente adequada, com equilíbrio em relação aos percentuais de energia provenientes destes componentes da dieta. Destaca-se o baixo consumo de fibras alimentares por parte dos adolescentes estudados. Uma ingestão provavelmente inadequada para as vitaminas B6, B12 e folato foi evidenciada, embora tenha sido registrado o consumo de alimentos fontes, boas fontes e excelentes fontes dessas vitaminas. Os alimentos que neste estudo foram registrados como fontes, boas fontes e excelentes fontes dessas vitaminas foram considerados inadequados para se ter uma alimentação adequada, uma vez que, apesar de proporcionarem ao organismo quantidades relevantes dessas vitaminas, são alimentos que ao analisarmos qualitativamente remetem uma elevada quantidade de gorduras saturadas, gorduras totais, açúcares e sal, componentes estes que favorecem aos fatores de risco para as DCV.
Palavras-chave: Adolescentes, Consumo alimentar, Vitaminas.