65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 1. Comunicação Digital
INTERATIVIDADE E CONVERSAÇÃO NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE MACEIÓ, NO TWITTER: ANÁLISE DOS PRINCIPAIS CANDIDATOS
Bruno Cavalcante Pereira - Comunicação Social, Instituto de Ciência Humanas, Comunicação e Artes - UFAL
Ronaldo Ferreira de Araújo - Prof. Doutorando/Orientador - Curso de Biblioteconomia - UFAL
INTRODUÇÃO:
A internet propicia espaço à discussão e ao engajamento político. Em época de eleições, candidatos têm se apropriado dos recursos de redes sociais de relacionamento, como Twitter e Facebook, para se aproximarem de internautas, seus potenciais eleitores. Esses por sua vez passam a adquirir, por meio dessas plataformas digitais de comunicação, recursos básicos à participação, mobilização e opinião que poderão influenciar no resultado das eleições. O uso desses sites por candidatos e eleitores marca cada vez mais a entrada das eleições nos moldes de uma cultura digital, ativando o interesse de pesquisadores que analisam as novas mídias e sua utilização na política. A cerca dessa temática, diversos estudos se concentram na análise quantitativa da utilização de redes sociais por candidatos, apontando o baixo teor de mensagens destinadas à conversação (Pereira, 2011; Aggio, 2011; Cervi e Massuchin, 2012; Cremonese, 2012). Observando isto, esse trabalho investiga os aspectos interativos e conversacionais, a partir da apropriação do microblog Twitter, entre candidatos e eleitores, e o nível de responsividade dos três principais candidatos à prefeitura de Maceió com os eleitores nas eleições municipais de 2012.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apontar a conversação em rede, por meio dos pares conversacionais e turnos de fala, como possiblidade de aproximação e construção de debate político entre candidatos e eleitores, no Twitter. O conteúdo e a categorização das mensagens trocadas entre eles dimensionam a apropriação de softwares sociais durante as eleições à prefeitura de Maceió em 2012.
MÉTODOS:
A partir de uma pesquisa qualitativa de cunho netnográfico (Kozinets, 2010) com base na análise da conversação mediada por computadores (Recuero, 2012) e com a técnica do incidente crítico, analisamos o comportamento dos candidatos Rui Palmeira (PSDB), Ronaldo Lessa (PDT) e Jeferson Morais (DEM) no Twitter. O mapeamento das mensagens se deu no período de 12 de setembro de 2012 a 08 de outubro de 2012. Para coletar as mensagens dos três candidatos no Twitter, foi realizado monitoramento diário em suas contas oficiais @RuiPalmeira, @_RonaldoLessa e @Jeferson25_ e para identificação das mensagens enviadas pelos eleitores, a mensuração foi realizada pelo Twilert com entrega de relatórios diários. No intervalo analisado, o universo empírico dos candidatos se constituiu da seguinte forma: a) 1.208 tweets, sendo 89 postados pelo candidato e 1.119 pelos eleitores, no caso de Rui Palmeira; b) 228 tweets, sendo 28 por Ronaldo Lessa e 200 pelos eleitores; c) 228 tweets, sendo 64 por Jeferson Morais e 164 pelos eleitores. As mensagens foram classificadas em 9 categorias: ‘cumprimento/agradecimento’, ‘divulgação de material de campanha’, ‘agenda’, ‘mobilização’, ‘propostas’, ‘realizações’, ‘sondagem de opinião’, ‘ataque a adversários’ e ‘outros’.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Analisou-se o total de tweets enviados que apresentam aspectos de interação, concentrando-se nos que expressam conversação. Como resultados percebemos, nos tweets dos eleitores, que no caso de Rui Palmeira a maioria das interações foi gerada por mensagens que envolviam ‘cumprimento/agradecimento’ (39,94%); seguidas por ‘propostas’ (25,86%) e ‘agenda’ do candidato (25,28%); as demais não passaram de 2,87%. O candidato Ronaldo Lessa teve ‘agenda’ (67,16%), ‘mobilização’ (16,41%) e ‘outros’ (7,46%); as demais não passaram de 2,98%. As porcentagens de Jeferson Morais correspondem à ‘agenda’ (23,21%), ‘cumprimento/agradecimento’ (21,42%), ‘propostas’ (20,53%), ‘mobilização’ (16,96%); as demais juntas somam 17,85%. Se considerarmos como Índice de Responsividade (Reis, 2012) o número total de tweets dos candidatos (89, 28, e 64, respectivamente) pelo número de tweets destinado a respostas (9, 3 e 6, respectivamente) temos índices baixos de IR nos três casos, sendo 10,11,%, 10,71% e 9,37%. Agora, se levarmos como referência o número de menções que os candidatos receberam (804, 141 e 96) com o mesmo número de respostas (9, 3 e 6), temos o que para essa pesquisa, podemos chamar de “Índice de Conversação”, de valor sempre abaixo de IR para os três casos, sendo IC= 1,11%, 2,12% e 6,25%.
CONCLUSÕES:
Esta pesquisa avaliou aspectos semânticos e estruturais das conversações por meio da categorização de mensagens; dos pares conversacionais; negociação e organização dos turnos de fala; e reciprocidade e persistência (continuidade). Das conversações estabelecidas com o candidato Rui Palmeira, três eram sobre ‘agenda’, enquanto ‘agradecimento/cumprimento’ e ‘mobilização’ tiveram duas cada. No caso de Ronaldo Lessa, ‘agenda’, ‘mobilização’ e ‘outros’ tiveram uma conversação cada uma delas. Jeferson Morais, em ‘agradecimento/cumprimento’ e ‘divulgação de material’, obteve duas cada, já ‘agenda’ e ‘propostas’ tiveram uma cada. A maioria das conversações foi estabelecida entre o candidato e apenas outro ator, como nos pares conversacionais de Ronaldo Lessa e Jeferson Morais. Apenas no caso de Rui Palmeira envolveram dois ou mais atores na conversação. Demonstrou-se que o Twitter contribui à aproximação entre candidatos e eleitores, mas interatividade e conversação ainda deixam a desejar. Os índices de IR e IC demonstraram-se pouco expressivos e refletem no baixo diálogo aberto, comprometendo o ideal participativo e democrático em rede. O trabalho cria margem para novas investigações no campo da conversação quando da transmigração da campanha eleitoral online à campanha off-line.
Palavras-chave: Interatividade, Conversação, Internet.