65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA EM COMUNIDADES URBANAS E RURAIS DO MUNÍCIPIO DE JURUTI, OESTE DA AMAZÔNIA PARAENSE
Arthur Iven Tavares Fonseca - Instituto de Engenhraria e Geociências - UFOPA
Jaílson Santos de Novais - Prof. MSc./Orientador - Centro de Formação Interdisciplinar - UFOPA
INTRODUÇÃO:
A Agenda Cidadã (AGCID) é um projeto voltado para o ensino das ciências, o desenvolvimento sustentável e a cidadania proativa para emancipação dos estudantes de ensino médio e fundamental na região Oeste do Pará, baseando-se na Carta da Terra. Está sendo desenvolvida pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em conjunto com as Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), além das secretarias estadual e municipais de Educação do Oeste do Pará.
O projeto tem uma área de abrangência correspondente aos 07 campi da UFOPA, nas cidades de Alenquer, Itaituba, Juruti, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná e Santarém, com pretensão de alcançar um total de 22 municípios que fazem parte da área de influência da universidade.
A AGCID visa ainda apoiar o ensino nas escolas de Educação Básica, na perspectiva de melhoria dos índices educacionais locais, e a identificação dos principais problemas diagnosticados pela população, para assim propor soluções para os mesmos em diálogo com a comunidade. Os indicadores de qualidade de vida auxiliam nesse processo, fornecendo um diagnóstico preliminar das comunidades envolvidas no projeto.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como finalidade levantar alguns indicadores de qualidade de vida no município de Juruti (PA), investigando diferenças entre comunidades rurais e urbanas e fazendo uma correlação entre os problemas principais de cada área, na visão da população pesquisada.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada durante o semestre 2012.2, no âmbito do módulo Interação na Base Real (IBR) do PARFOR/UFOPA campus Juruti (PA). Esse módulo tem como objetivo propiciar aos estudantes que ingressam no ensino superior uma experiência inicial com atividades de pesquisa e extensão, em um diálogo entre a universidade e a comunidade da qual fazem parte. No caso do PARFOR, essas comunidades representam ainda os locais de trabalho dos graduandos, os quais são professores da Educação Básica.
Os alunos ingressantes na Formação Interdisciplinar I (primeiro semestre do percurso acadêmico na UFOPA) do PARFOR aplicaram 871 questionários visando elaborar um diagnóstico socioambiental (DSA) em quatro comunidades do município de Juruti, PA (02 rurais, ZR, e 02 urbanas, ZU).
Nas comunidades rurais foram amostrados todos os domicílios (totalizando 326 questionários), enquanto que na zona urbana foram aplicados ao menos 200 questionários por comunidade (totalizando 545). Em cada domicílio foi entrevistado um morador, após consentimento prévio do mesmo.
O DSA incluiu 54 questões, relativas a temas como: Saneamento, Educação, Saúde e Renda, Transporte. Nesta pesquisa, analisamos apenas os itens Educação, Saúde e Renda, a partir da tabulação das respostas em planilhas do Microsoft Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na ZR, a maioria dos entrevistados possui ensino médio completo (36,2%) ou fundamental incompleto (30,3), estudou em escola pública (99,1%) e avalia a educação local como sendo de boa qualidade (68,25%); 18,6% sabem ler e escrever, mas nunca frequentaram a escola. Enquanto isso, na ZU a maioria dos entrevistados possui fundamental incompleto (21,85%) ou completo (17,6%), estudou em escola pública (95,5%) e considera boa a educação local (60,8%). O índice de analfabetismo foi maior na ZU (2,8%) do que na ZR (1,15%).
A renda familiar média na ZR é inferior a um salário mínimo (41,4% dos entrevistados), vindo em sua maioria de programas sociais (29,55%) ou do serviço público (25,95%). Já na ZU, a renda média varia entre 01 e 02 salários mínimos (40,1%) e a maioria dos entrevistados trabalha em empresas privadas (18,15%) ou como autônomo (17,55%).
Doenças usuais na ZR incluem diarreia (33,8%), doenças de pele (26,6%) e dengue (8,1%). A maioria dos moradores recorre ao posto de saúde em caso de doença (89,9%) e avalia o atendimento à saúde na comunidade como bom (60%). Na ZU as principais doenças são viroses (20,05%), dengue (17,2%) e diarreia (18,65%). Em caso de doença, 51.65% são atendidos em postos de saúde e 44.85% avaliam o atendimento recebido como regular.
CONCLUSÕES:
Com a realização da AGCID, após análise dos dados, podemos perceber que há problemas a serem discutidos e solucionados, no que se refere à educação, renda e saúde, tanto na zona rural quanto na zona urbana. Na ZR, no que se refere à educação, constatamos que apesar de os entrevistados estarem distantes da cidade, o nível de escolarização básica é maior. Por outro lado, na ZU há menor nível de instrução. Tratando-se de renda, apesar da ZR apresentar entrevistados com maior grau de escolaridade, estes possuem menor renda média, se comparados à ZU; a maioria dos recursos financeiros na ZR é oriunda de programas sociais, como Bolsa Família. No que tange à saúde, algumas doenças levantadas estão relacionadas à ausência de saneamento básico. Com essa pesquisa percebemos que as dificuldades enfrentadas por essas comunidades muitas vezes acabam se transformando em motivos para que os moradores abandonem o lugar onde nasceram.
Palavras-chave: Agenda Cidadã, Diagnóstico Socioambiental, PARFOR.