65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 1. Comportamento Político
Teatro Político em São Paulo: A experiência da Companhia do Latão
Natasha Belfort Palmeira - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP
Miguel Wady Chaia - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP
INTRODUÇÃO:
A pesquisa realiza um panorama do teatro politico, problematizando o próprio conceito de teatro político apoiando-se em algumas referências da história do teatro ocidental em que a relação arte e política se estabelece de diferentes maneiras, e especificamente através do desenvolvimento do teatro épico no Brasil. O recorte principal da pesquisa é a Companhia do Latão, grupo de teatro em atividade na cidade de São Paulo desde 1996. A partir das atividades e dramaturgia da Companhia, a principal problematização da pesquisa ganha uma nova significação: diante de uma pretensa arte neutra, Bertolt Brecht e Erwin Piscator - de maneira redundante - denominam seu teatro de político, (re)afirmando o politico em arte. Em contexto semelhante, a Companhia do Latão vem também (re)afirmar-se política.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Traçar um panorama do teatro político e seus paradoxos através da análise de uma Companhia teatral política e atual paulistana. Verificar suas procedências nas mudanças dramatúrgicas que ocorreram no Brasil, principalmente na década de 1960, e passar pela prática e teoria de autores do teatro ocidentais, cuja relação arte e política pode ser examinada de diferentes ângulos.
MÉTODOS:
O trabalho se desenvolveu através de pesquisas bibliográficas que discutem a relação arte e política, teatro e política, teatro e funcionalidade, história do teatro brasileiro, partindo de vários autores que contribuem nesta reflexão, em particular o filósofo Jacques Rancière e o conceito de Partilha do sensível; Brecht e as formalizações do teatro épico-dialético; Iná Camargo Costa, grande colaboradora do grupo estudado, e a análise da produção teatral política brasileira; e a produção teórica da companhia do Latão. Além do referencial teórico, a pesquisa atentou para as publicações da Companhia do Latão; por último, foi realizada uma análise das quatro peças que compõem a Ópera dos Vivos (2008-2012).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
É importante perguntar se cabe, ou melhor, se tem relevância, o discurso político nas artes atualmente, como também se aquela que é “atravessada” pela política e buscava romper com a instituição arte ainda funciona num mundo em que (quase) tudo serve à fins mercadológicos. A arte sempre expressa pontos de vista. Assim, coloca-se o desafio, para pesquisadores nesse caminho e para os artistas, da busca por uma linguagem que dê conta do mundo contemporâneo, em tempos nos quais cada vez mais a tomada de posicionamento é vista com maus olhos, e a falsa imparcialidade é elogiada.
CONCLUSÕES:
A Companhia do Latão pode ser considerada um grupo de resistência no cenário cultural, não apenas pela proposta épico-dialética de teatro, mas porque é um grupo vivo, que está interessado em confrontar-se com a realidade e com as formas de arte-mercadoria. Porque está em incessante busca pela forma mais adequada para esse fim, pois procura mostrar a realidade como transformável. A (re)afirmação da política coloca-se num fluxo oposto ao dos artistas que vêm dizendo hoje que arte e política são inconciliáveis. Ora, se todo teatro é inerentemente político num sentido amplo, pela maneira como ele está inserido nas relações sociais, desavisados são aqueles que dizem fazer arte pura, ou politicamente neutra.
Palavras-chave: (re)afirmação do político na arte, teatro político, teatro épico-dialético.