65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
BIODIVERSIDADE FITOPLANCTÔNICA PRESENTE NA DIETA ALIMENTAR DE LARVAS DE ANOFELINOS, MANAUS - AMAZONAS
Gleuson Carvalho dos Santos - Graduando em Ciências Biológicas - UNINORTE / PIBIC-INPA
Aline Valéria Oliveira Assam - Graduanda em Ciências Biológicas - UNINORTE / PIBIC-INPA
Climéia Corrêa Soares - Laboratório de Plâncton - CBIO/INPA
Wanderli Pedro Tadei - Prof. Dr./ Co-orientador - Laboratório de Malária e Dengue - INPA
Adriano Nobre Arcos - MSc./ Orientador - Laboratório de Malária e Dengue - INPA
INTRODUÇÃO:
A comunidade fitoplanctônica na Amazônia ainda permanece desconhecida, principalmente pela grande extensão e grande diversidade de ecossistemas (HUSZAR, 1996; MELO et al., 2005). Estudos com simulídeos encontraram espécies de diatomáceas ou Bacillariophyta no conteúdo estomacal das larvas, assim como espécies de outros grupos como Chlorophya, Cyanophyta e Euglenophyta (DELLOME-FILHO, 1989; LOZOVEI, 1989). A relação entre a presença de formas imaturas de determinado mosquito e as populações de certos microrganismos está longe de estar firmemente estabelecida, ao menos para a maioria das espécies de culicídeos. De forma um tanto tradicional, tem-se admitido que as algas favoreçam o desenvolvimento de larvas de anofelinos. E isso não apenas pelo fato de lhes servirem de alimento, mas também pela circunstância de oxigenarem a água do criadouro. No entanto, nem sempre é factível o estabelecimento de tais associações. Segundo alguns autores, as dificuldades taxonômicas poderiam ser superadas mediante o conhecimento de cerca de cinquenta grupos somente de diatomáceas (LAIRD, 1988). A microflora em grande escala é a encarregada pela síntese de matéria prima para a realização das diversas transformações metabólicas nos organismos aquáticos (GOMES et al., 2002).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar a riqueza de fitoplâncton presente no conteúdo estomacal de larvas de anofelinos em diferentes criadouros de Manaus.
MÉTODOS:
Foram realizadas coletas de larvas de anofelinos em oito criadouros situados em Manaus no ano de 2012. Os imaturos de anofelinos foram coletados com o auxílio de concha entomológica, onde as larvas de 4° estádio eram fixadas em campo e encaminhadas ao laboratório de Malária e Dengue do INPA para a retirada do conteúdo estomacal através da dissecação com auxílio de lupa. Foram feitos pools por criadouro e armazenados em microtubos “eppendorf” com álcool 70% e solução Transeau na proporção 1:1 e encaminhado ao laboratório de Plâncton/CBIO para análise. De posse do conteúdo estomacal, o material foi macerado sobre lâmina escavada com auxílio de um bastão de vidro e líquido (água e álcool), em seguida esse material foi levado ao microscópio óptico para a identificação das algas conforme metodologia de análise qualitativa utilizada na rotina do laboratório de Plâncton. As identificações de Cyanophyta, Euglenophyta, Dinophyta e Chlorophyta foram através de Bourrely (1968, 1970, 1972). As Bacillariophyta (diatomáceas) foram baseadas por Husted (1930), Krammer e Lange-Bertalot (1985, 1986, 1988, 1991), Kobayasi e Nagumo (1988), e Cox (1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram realizados coletas em oito criadouros distribuídos em tanques de piscicultura, poças de olaria e barragens, onde esta última apresentava características de ambientes mais naturais. Dos 770 anofelinos coletados, apenas as larvas de quarto estádio foram dissecadas, totalizando 279 indivíduos. O grupo mais abundante foi Chlorophyta com 65%, seguido de Bacillariophyta (16%), e os menos abundantes foram Cyanophyta (9%), Euglenophyta (7%) e Dinophyta (35%). Foram encontradas no conteúdo estomacal 43 espécies de fitoplâncton distribuídas em 25 gêneros, onde a maior riqueza fitoplanctônica foi encontrada em larvas presentes nos pontos P4 (26 spp.), P8 (12 spp.) e P2 (10 spp.), sendo as duas primeiras barragens e a última poça de olaria. As espécies que se apresentaram mais frequentes foram "Oedogonium" sp., "Actinotaenium wollei", "Trachelomonas" sp., e "Peridinium" sp. Segundo Gomes et al. (2002), certas espécies de algas têm exigências ecológicas bem definidas, sendo utilizadas como indicadoras. Trabalho realizado por Arcos e colaboradores (2012), identificou a presença de Chlorophyta e Baccilariophyta sendo os grupos mais abundantes nestes mesmos criadouros, corroborando que as algas servem como fonte de alimentação para as larvas de anofelinos.
CONCLUSÕES:
Vários grupos de fitoplâncton foram encontrados presentes na dieta de larvas de anofelinos, mostrando que eles fazem parte de boa parte da dieta alimentar desse gênero e de outros culicídeos. A presença dessa diversidade fitoplanctônica nos criadouros serve como um instrumento de avaliação ambiental, pois elas são base da cadeia trófica e auxiliam na oxigenação da água. Os criadouros de barragem por serem mais naturais e equilibrados em relação aos demais tipos, facilitam o estabelecimento e desenvolvimento das larvas de anofelinos e outros macroinvertebrados, principalmente pela disponibilidade de alimento, como o fitoplâncton.
Palavras-chave: algas, anofelinos, conteúdo estomacal.