65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 4. Metabolismo e Bioenergética
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO EM ANIMAIS IDOSOS TREINADOS E SUPLEMENTADOS COM DIETA RICA EM LEUCINA
Caroline Moraes Beltrami - Orientanda Ciências Biológicas – PUC/SP
Mayra Rodrigues de Almeida Cirilo - Orientanda Ciências Biológicas – PUC/SP
Gislaine Ventrucci - Profa. Dra./ Orientadora – Depto. de Ciências Fisiológicas – PUC/SP
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento leva a perda gradual da musculatura esquelética, fenômeno conhecido como sarcopenia, que é caracterizada pela perda progressiva da massa muscular, aumento de tecido adiposo e conjuntivo. Esta redução da massa esquelética está relacionada a uma menor capacidade de síntese e aumento da degradação proteica, bem como mudanças no status oxidativo. Os aminoácidos são cruciais para a regulação do metabolismo muscular, assim como a leucina, um aminoácido de cadeia ramificada (BCAA), que é responsável por inibir a degradação proteica e favorecer sua síntese além da recuperação da massa do muscular e seus conteúdos de miosina, reestabelecendo assim o estoque de proteínas. O exercício físico é conhecido como uma intervenção promissora que minimiza a perda muscular durante o processo de envelhecimento, portanto, é relevante a hipótese de que a atividade física influencia o metabolismo de proteínas e aminoácidos e contribuem de forma positiva para o metabolismo proteico durante e após o exercício prolongado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivos avaliar os parâmetros bioquímicos e o estresse oxidativo do músculo esquelético de ratos idosos suplementados com dieta rica em leucina, e observar os efeitos da associação do exercício físico e da dieta rica em leucina na progressão da sarcopenia.
MÉTODOS:
A amostra de animais constituiu-se de 38 ratos Wistar, mantidos em gaiolas coletivas (4-5 por gaiola), sob condições controladas de temperatura (22 ± 2ºC) e ciclo claro/escuro de 12-12 horas, tendo livre acesso a dieta e água. Foram utilizadas duas dietas semipurificadas: dieta controle - normoproteica (C) e dieta rica em leucina (L). Os ratos foram classificados em 5 grupos: ratos adultos controle tratados com dieta controle - A; ratos idosos sedentários tratados com dieta controle - IC; ratos idosos treinados tratados com dieta controle - IT; ratos idosos sedentários tratados com dieta rica em leucina – IL e ratos idosos treinados tratados com dieta rica em leucina - LT. Os ratos dos grupos treinados foram adaptados ao meio líquido (31 ± 1ºC) por 10 dias, em tanques cilíndricos com água rasa, onde foram submetidos em sessões de natação livre de 15, 30, 45 e 60 minutos. Após a adaptação, os animais dos grupos IT e LT realizaram atividade física por 8 semanas consecutivas, durante 60 minutos, 5 vezes por semana. A partir da 2ª semana de treinamento, os animais ganharam sobrecargas equivalentes a 2% do peso corporal, foram utilizados bóias de chumbo como sobrecarga. Durante a fase de treinamento os animais foram tratados com dieta controle ou com dieta rica em leucina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O grupo IT, comparado ao grupo IC, mostrou menor ganho de peso corpóreo (cerca de 28%), provavelmente devido a alterações metabólicas e fadiga. Este grupo também apresentou aumento do MDA, de aproximadamente 10%, e da atividade de GST, cerca de 50%, indicando que exercício físico estimulou a produção de EROs, na tentativa de proteger os tecidos contra possíveis danos causados pelos EROs; os mesmos resultados não foram observados nos grupos IL e LT. Os grupos IL e LT obtiveram aumento do ganho de peso corpóreo, de aproximadamente 65%, quando comparado ao grupo IC. Houve redução do peso do músculo gastrocnêmico no grupo IC (1,71 +- 0,21 g) quando comparado ao grupo A (2,12 +- 0,31g), mostrando que o envelhecimento leva a perda da massa muscular esquelética. Entretanto, os grupos IL, IT e LT (2,18 +- 0,57; 2,05 +- 0,33 e 2,15 +- 0,06g, respectivamente) apresentaram valores similares ao grupo A, indicando um efeito benéfico do exercício físico e do tratamento da leucina. Esses efeitos também se mostram importantes para restabelecer as proteínas totais séricas, havendo uma redução de quase 25%, do grupo IC para os grupos IL, LT e IT.
CONCLUSÕES:
A ingestão de uma dieta rica em leucina associada ao exercício físico recuperam os conteúdos de proteína total circulante de ratos idosos e reduzem o estresse oxidativo imposto pelo exercício físico. Portanto, a intervenção nutricional através de uma dieta rica em leucina pode contribuir na terapêutica e impedir a progressão da sarcopenia, minimizar e/ou prevenir a perda da massa muscular esquelética e a instalação do estresse oxidativo em indivíduos idosos.
Palavras-chave: Exercício físico, Espécies reativas de oxigênio (EROs), Aminoácidos ramificados essenciais.