65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
CARACTERISTICAS DE PACIENTES COM AIDS E HISTOPLASMOSE EM GOIÁS
Carolina Martins Treméa - Graduanda - Depto. de Microbiologia - UFG
Thaísa Cristina Silva - Mestranda - Depto. de Microbiologia - UFG
Fernando Yano Abrão - Mestrando - Depto. de Microbiologia - UFG
Lucia Kioko Hasimoto e Souza - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Microbiologia - UFG
INTRODUÇÃO:
A histoplasmose é uma infecção fúngica mundialmente distribuída, causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum, que produz doença disseminada e frequentemente fatal em pacientes imunodeprimidos. A ausência de estudos sobre a histoplasmose em indivíduos com a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) em Goiás justificam a caracterização desta coinfecção em pacientes do estado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi estimar a prevalência da histoplasmose, analisar os dados sociodemográficos, clínico-laboratoriais e índices de letalidade da doença em pacientes com aids atendidos no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) de Goiânia.
MÉTODOS:
Foi realizado estudo retrospectivo de prontuários de indivíduos com aids internados no HDT no período de janeiro de 2011 a julho de 2012, Os dados foram analisados através dos programas Epi-Info 3.5.3 e Microsoft Excel 2010. O teste X² foi utilizado para análise categórica. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética do HDT, protocolo n° 023/2011.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante o período de um ano e meio foram notificados 571 pacientes com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e destes, 57 foram diagnosticados com histoplasmose. A prevalência de 6,5% observada foi maior quando comparada com levantamentos em outras regiões. A maioria dos pacientes eram homens, solteiros, com 35 anos em média e com escolaridade fundamental incompleto, características similares as da epidemiologia do HIV. As profissões mais frequentes foram serviços gerais, seguidas das atividades ligadas à construção civil e a área rural, estas últimas consideradas de risco para adquirir histoplasmose. Febre, perda de peso, astenia, dispneia e tosse foram os sintomas mais comuns e nos achados laboratoriais, observou-se a elevação dos valores de referência de ureia (p>0,05) e das enzimas aspartato aminotransferase (AST) e desidrogenase láctica (DHL). A literatura mostra que estas características relacionadas aos sintomas e aos dados laboratoriais são comuns nestes pacientes. Uma imunossupressão avançada foi confirmada com contagens de células CD4 <150 células/mm³ em 64,9% dos pacientes. A candidíase foi a principal infecção associada (36,8%), com índice três vezes maior que observado no Rio Grande do Sul. Apesar da terapia antifúngica realizada em 89,5%, 47,7% foram a óbito.
CONCLUSÕES:
Este é o primeiro estudo sobre a epidemiologia da histoplasmose em pacientes com aids em Goiás e demonstrou alta prevalência da doença oportunística na região. Ocorre predominantemente em homens, solteiros, com ensino fundamental incompleto e com em média, 35 anos. As características dos pacientes foram CD4<150 células/mm³ e elevação dos índices de uréia, AST e DHL, além de sintomas como febre, astenia, dispneia e tosse. Frente à alta ocorrência e letalidade nestes pacientes, este levantamento poderá ser útil na tomada de decisões em saúde pública.
Palavras-chave: HISTOPLASMOSE, AIDS, EPIDEMIOLOGIA.