65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
SOCIOLOGIA E COMUNICAÇÃO: AS BASES CONCEITUAIS NO BRASIL
Jacira Silva de França - Departamento de Sociologia - UFPB
INTRODUÇÃO:
Na década de 1970 o rádio, a televisão, a propaganda ganham destaque no cenário nacional e consolidam a formação de um conglomerado comunicacional. É nesse contexto que a comunicação ganhou destaque no meio acadêmico e gerou uma série de debates, inclusive na área da sociologia. Os esforços de sociólogos como Gabriel Cohn, figura central nas discussões em torno da sociologia da comunicação da época, Gisela Taschner, Maria Arminda Arruda, Orlando Miranda e Waldenyr Caldas compõem o grupo pioneiro na chamada sociologia da comunicação e tiveram como chave analítica principal o conceito de indústria cultural.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a comunicação tratada sociologicamente. Para tal propósito, este trabalho analisa a Sociologia da Comunicação desenvolvida na Universidade de São Paulo nos, anos de 1970.
MÉTODOS:
Consiste em três caminhos: 1. Levantamento histórico da produção intelectual da época; 2. Delimitação das diversas conceituações e elaborações da idéia de indústria cultural; 3. Quais os referenciais teóricos que estão presentes nos trabalhos e debate acadêmico da época; e, 4. Análise e reelaboração do desenvolvimento histórico da sociologia da comunicação no Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No Brasil, as discussões em torno da cultura estiveram muito ligadas à questão do nacional e do popular, por conseguinte, da identidade nacional. No entanto, havia, até a década de 1970, certa ausência de reflexão sobre os meios de comunicação. É na década de 1970 que a formação de um conglomerado comunicacional recebe incentivo considerável do governo da época.
O grupo uspiano despontou, então, como pioneiro no estudo da indústria cultural, na área da sociologia, nos anos 1970. A ideia de indústria cultural desenvolvida, especialmente, por Max Horkheimer e Theodor Adorno na obra “Dialética do Esclarecimento”, em 1947, foi a principal chave analítica para entender esse contexto. O “grupo”, encabeçado por Gabriel Cohn, e composto por diversos pesquisadores elaborou uma série de monografias (dissertações e teses) que se debruçaram sobre a formação de uma indústria cultural brasileira, regida pelo capitalismo monopolista e pela ditadura militar. Apesar do governo ser de direita, era a esquerda que movimentava a produção cultural do país e, apesar de toda a censura, os filmes, as novelas, os livros eram, na sua grande maioria, elaborados por um segmento intelectual de esquerda.
CONCLUSÕES:
Os três elementos – capitalismo monopolista, indústria cultural e ditadura militar – foram fundamentais para que, no campo da sociologia, pudessem ser pensadas quais teorias eram capazes de compreender esta configuração social. Assim, seja na busca sistemática de conceitos referenciais para a análise dos “sistemas sociais e comunicacionais” como é o caso da perspectiva de Gabriel Cohn; seja na tentativa de entender o processo de modernização a partir da música popular (Waldenyr Caldas), da publicidade (Maria Arminda Arruda), ou do jornalismo (Gisela Taschner), ou ainda de trabalhar criticamente os conceitos à luz de exemplos concretos da indústria cultural (Orlando Miranda), o fato é que a teoria da indústria cultural pareceu ser, na época, a “força motriz teórica” mais válida para entender o contexto brasileiro. Desta forma, a recepção do conceito de indústria cultural no Brasil esteve atrelada à necessidade de entender os processos de modernização do país.
Palavras-chave: Sociologia da Cominicação, Indústria Cultural, Pensamento Social Brasileiro.