65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
ADOECIMENTO PSÍQUICO: A RELEVÂNCIA DA FALA PARA A LEITURA DE UM CASO
Lorena Araújo Vasconcelos - Centro de Ciências da Saúde – UNIFOR
Daniele Vasconcelos Martins - Centro de Ciências da Saúde – UNIFOR
Márcia Batista - Profa. Ms./ Orientadora – Centro de Ciências da Saúde – UNIFOR
INTRODUÇÃO:
A literatura vem apontar que todo sujeito tem uma estrutura psíquica específica a qual é construída desde a sua infância, podendo estruturar-se como neurótico, perverso ou psicótico dependendo da forma como é exercida a função paterna, e como o sujeito elabora os complexos de Édipo e castração. O sofrimento psíquico é reconhecido em duas estruturas distintas: a psicose e a neurose (LABOSQUE, 2001), porém é importante ressaltar o pensamento de (GUS, ZOT; 2003, p. 28). Ao tratar do perverso diz-se que neste “o sofrimento psíquico não está presente”. Entendendo que o adoecimento psíquico se refere a um sofrer de forma inconsciente, vale confirmar a escuta como principal forma de investigação psicanalítica , fazendo do dizer do paciente o campo no qual se demarcará a busca da psicanálise. Esta procura embasar-se na realidade subjetiva do que está sendo falado, e, através dele se dará o diagnóstico que, ambiguamente, só será comprovado com o tempo de análise (DOR, 1994). Importante ressaltar que a questão da culpa inconsciente como geradora uma autocensura e necessidade de punir-se por desejar a morte da mãe.A temática é de extrema relevância para os estudiosos em psicanálise, pois ainda traz muitos questionamentos e dúvidas sobre o tema, que apesar de já ter bastante escritos , é bastante atual.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O Objetivo Geral foi identificar através do discurso do paciente um possível transtorno psicopatológico, tendo como metas : Fazer uma explanação dos prontuários ; comparar a fala do paciente com o possível diagnóstico.
MÉTODOS:
A pesquisa realizada teve um caráter de cunho qualitativo, através de um estudo de caso clínico.
Local e sujeitos: A pesquisa foi realizada junto Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM), com paciente da própria instituição.
Coleta dos dados: Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas onde foram coletados, através dos prontuários e da fala dos pacientes, dados da sua história de vida.. Foi utilizado um roteiro de anamnese, no entanto foi priorizado o discurso oriundo da fala do paciente. Ao todo foram realizadas três entrevistas com a paciente.
Interpretação dos dados: A análise foi realizada a partir do referencial teórico psicanalítico onde se considerou o sofrimento psíquico e as estruturas em psicanálise realizada pela interpreta consulta ao prontuário complementando informações e percepções apresentadas e desenvolvidas no decorrer do processo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Aponta-se a neurose como sua possível estrutura por entender que não se concretiza uma foraclusão do Nome-do-Pai como nos quadros de psicose, que se caracteriza pela expulsão da representação inconsciente da castração no Eu e a falta de noção fundamental de pathos do hospital ao relocá-la na ala dos psicóticos e medicá-la única e exclusivamente baseado em seus sintomas.
Diante do caso exposto, embora a paciente em questão tenha relatado sintomas como delírios e alucinações, não ouvimos no seu relato um caso de psicose, visto a mesma apresentar uma relação com a culpa. Numa visão psiquiátrica,poderia-se dizer que trata-se de um caso de psicose devido aos sintomas apresentados pela paciente, como alucinações e delírios,porém segundo a visão psicanalista, seria incorreto afirmar que se trata de psicose atendo-se apenas a manifestação dos sintomas (DOR, 1994). Dizer, então, que a paciente é esquizofrênica ou bipolar, que era o que constava como diagnósticos no prontuário estaria incompleto já que esses nomes definem apenas um agrupamento de sintomas. Infelizmente o tempo de acompanhamento da mesma foi limitante para que realizássemos uma leitura mais aprofundada do caso.
CONCLUSÕES:
Diante da experiência junto ao paciente cujo aparente sofrimento é notável e desestruturante, de acordo com a fala da mesma, nos possibilitou uma experiência impar,pois mesmo em graduação, tivemos a proximidade de se deparar com um tipo transtorno mental , observando na prática as teorias que foram apresentadas em sala de aula, como fonte de aprendizado para lidar no futuro com pacientes que encontram-se em tal situação. A percepção é de que cada caso tem suas características e implicações próprias, e que devem ser consideradas bem como o fato de a percepção do próprio paciente a respeito de seu estado influenciar no desenvolvimento de seu sofrimento.
Ressalta-se que um transtorno mental não deve ser resumido à manifestação de sintomas e à essa visão linear de causa-efeito. Essa visão limita e não contribui para um tratamento eficaz do paciente em sofrimento. O que poderia ser apontado, inclusive, como um dos motivos de reinternação recorrente da maioria dos pacientes. A conscientização de que a medicalização é um instrumento do tratamento e não o tratamento em si se mostra de mais extrema importância, algo que a prática psiquiátrica muitas vezes anula e dificilmente considera, resumindo o ser ao físico quando coloca a medicalização como forma principal de tratamento.
Palavras-chave: Estrutura, Diagnóstico, Castração.