65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 3. Técnicas e Operações Florestais
ESTUDO DA GERMINAÇÃO DAS SEMENTES Dipteryx alata Vog. EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO E VIVEIRO FLORESTAL.
Lilian Gomes da Silva Rocha - Depto.de Engenharia Florestal - UNB
Rosana de Carvalho Cristo Martins - Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Engenharia Florestal - UNB
INTRODUÇÃO:
O baru (Dipteryx alata Vog.), leguminosa arbórea de ampla ocorrência no Planalto Central, compõe a flora nativa dos Estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, e ainda, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (Correa 1931 e RATTER et al. 2000). São várias as características benéficas desta espécie e isso pode ser visto com a crescente popularização e valorização de produtos feitos com baru. De acordo com Sano et al. (2004), o baru é uma das espécies mais promissoras para o cultivo, devido a seu uso múltiplo, alta taxa de germinação de sementes e de estabelecimento de mudas. No que concerne ao seu uso múltiplo, o baru possui utilidade nas áreas alimentícia, forrageira, medicinal, industrial, recuperação de áreas degradadas, paisagismo e madeireira (RIBEIRO et al. 2000). Apesar dos enormes benefícios advindos dessa espécie, Salomão et al.,(1997) alegam que a semente no interior do pericarpo, envolta em rígido endocarpo, é fator de atraso no processo germinativo. Para esses autores, a remoção da semente é simples e resolve o problema. Porém, a retirada da semente íntegra do endocarpo que a envolve requer o uso de equipamento apropriado, como máquinas manuais, elétricas ou automáticas (Sano et al. 2004). A fim de facilitar e incentivar a produção de mudas de Dipteryx alata Vog., o presente trabalho objetivou testar métodos de beneficiamento dos frutos sem o uso de maquinário, mas servindo-se de ferramentas simples.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar o sucesso da emergência de plântulas a partir da aplicação de diferentes técnicas de beneficiamento do fruto de baru.
MÉTODOS:
Para analisar a quebra de dormência dos frutos do baru, foram realizados quatro tratamentos, consideravelmente simples, com 400 frutos. Sendo que, para cada tratamento foram feitas quatro (4) repetições de 25 sementes/frutos. T1 = Testemunha (sementes íntegras); T2 = Choque térmico (calor/água); T3 = Choque térmico (água) e despolpa; T4 = Corte transversal. Retirada de 1/3 do fruto, a partir do pedúnculo. O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições, de 25 frutos e/ou sementes. Realizou-se a análise de variância e, uma vez sendo os tratamentos significativos, realizou-se, em seguida o teste de médias de Tuckey, a 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao final de 50 dias de observação da germinação das sementes cujos frutos sofreram técnicas simples de beneficiamento os resultados foram obtidos a partir da contagem total de sementes germinadas. O tratamento testemunha - sementes isoladas - foi o que apresentou maior número de plântulas. Seguido do T4 e do T3, com 24% e 16% de germinação, respectivamente.
A maior taxa de germinação é do tratamento testemunha, cujos resultados eram, de fato, esperados. Possivelmente, a germinação nula do T2 se deve ao elevado tempo de exposição dos frutos ao calor, que provavelmente atingiu o embrião das sementes, causando a morte dos mesmos. Recomenda-se a realização de novos testes adotando, talvez, menores tempos de exposição ao calor.
Os tratamentos T3 e T4 apresentam a desvantagem do desconhecimento das características físicas e sanitárias das sementes. Confirmando os estudos de Santos et al. (1997) que concluíram a presença de fungos em sementes aparentemente sadias; observou-se que 20 plântulas, ao todo, apresentaram os primeiros folíolos necrosados e deformados, além de lesões necróticas na haste e ausência de raízes secundárias nas plântulas que continuaram a crescer, típicos sintomas do fungo Phomopsis sp., resultando em tombamento.Neste trabalho, observou-se em T3 e T4 que o endocarpo lenhoso permanece intacto após a germinação da semente. Portanto, é possível a sua utilização para a produção de carvão vegetal.
CONCLUSÕES:
Verificou-se maior germinação de sementes e produção de mudas de Dipteryx alata Vog. com a semente isolada (sem pericarpo); entretanto, observou-se também que o tratamento com choque térmico (água) e despolpa dos frutos possibilitou a produção de mudas a partir da germinação da semente no interior do rígido endocarpo após aproximadamente 15 dias.
Palavras-chave: Tecnologia de sementes, Produção de mudas, baru.