65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
Educação e Sociologia: Relatos de uma docência precarizada.
Rafael de Farias Ferreira - Ciências Sociais, Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
Jessica Fyama da Silva Nário - Ciências Sociais, Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
Bruna Silvestre de Oliveira - Ciências Sociais, Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
Paulo César Oliveira Diniz - Prof. Dr./Orientador - Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
Júnia Marúsia Trigueiro de Lima - Profa. Me./Orientadora - Unidade Acadêmica de Educação do Campo – CDSA/UFCG
INTRODUÇÃO:
O objetivo deste estudo busca investigar as vertentes (relações e condições) ligadas à docência, especificamente do professor da disciplina de sociologia. A primeira parte deste trabalho teve como aporte teórico Martins (2006), Lennert (2009) e Silva (2010) que evidenciam o objeto de estudo da sociologia e sua inclusão como disciplina obrigatória no Ensino Médio. Em seguida, fundamentou-se em Teles (1992), Orso, Gonçalves e Mattos (2008), Andersen (2011), Rego (2010) Molina (1995) e Freire (2005), para discutir o papel do professor e o processo de aprendizagem em torno desta área de conhecimento. A pesquisa apoiou-se no estudo de caso, tendo como sujeito a professora das turmas do segundo e terceiro ano do Ensino Médio, da Escola Estadual José Leite de Souza, localizada no município de Monteiro – PB. Os depoimentos da professora e as observações empíricas permitiram identificar a precarização do trabalho docente e as relações conflitantes que dificultam o trabalho do professor e consequentemente o processo de aprendizagem dos alunos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar as relações e as condições de trabalho do professor de sociologia. Refletir sobre a realidade ainda que momentânea do ensino de sociologia na Escola Estadual José Leite de Souza, localizada no município de Monteiro – PB. Observar as relações entre escola, professor e aluno em torno das questões relacionadas ao ensino de sociologia.
MÉTODOS:
Estabeleceu-se como principal procedimento metodológico a análise de fontes orais, mediante a coleta de depoimentos da professora e das observações empíricas. O trabalhou se concentrou em um período de dez dias. No primeiro momento, apresentou-se o projeto para direção, como também, o oficio que permitisse a realização dos trabalhos de campo. Os momentos subsequentes foram constituídos pelos depoimentos orais da professora sobre a sua trajetória profissional, da sua inserção e desenvolvimento da carreira, suas condições de trabalhos e sua visão sobre o ensino de sociologia.
Para poder ter uma melhor apreensão da realidade, observaram-se quatro aulas da professora. Durante as aulas utilizou-se uma ficha para anotar a descrição dos componentes que constituem a aula. A ficha buscou coletar informações sobre os processos educativos em torno do ensino de sociologia.
O uso do roteiro como guia não deixou de lado o pesquisador atento, interessado, que procurou estabelecer relações, aprofundou questões e colocou novos temas, que não se encontravam no roteiro, mas que estavam sempre ligados à problemática da pesquisa.
Todas as entrevistas foram transcritas pelo pesquisador. Após a transcrição, seguiram-se as analises dos dados das entrevistas e das observações empíricas realizadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na aproximação com o objeto de estudo, constatou-se por meio dos relatos, que mudanças mais recentes na organização escolar apontam para uma maior flexibilidade, em relação ao ensino de sociologia, em decorrência da falta de mão de obra qualificada, do número reduzido de professores efetivos da disciplina, que no caso da escola observada, não existe nenhum professor específico para a disciplina de sociologia.
A partir do discurso da professora, pode-se perceber que á uma distancia entre o que é propugnado nos programas de reforma educacional e o que é de fato implementado nas escolas, apresentando desta forma, uma grande defasagem em torno do ensino de sociologia, pois ao questionar a professora sobre o currículo da disciplina, ela comenta que não há um currículo construído pela escola, e que acaba seguindo o sumário do livro didático.
A falta de inserção dos eixos temáticos que estruturam a disciplina no Projeto Politico Pedagógico da escola, como também o número reduzido de livros didáticos, no quais, estão apenas disponíveis para consulta, tendo em vista que a quantidade não satisfaz a demanda, evidencia a desestruturação do mercado e o crescimento da precarização do trabalho, em âmbito especifico, estando o professor de sociologia vulnerável nas relações produtivas de trabalho.
CONCLUSÕES:
O estudo procurou abranger especificamente os diferentes procedimentos investigativos da sociologia de forma que foi possível abordar e entender os processos de aprendizagem que constitui a educação dos alunos, para a formação do sujeito em desenvolvimento.
A inclusão da Sociologia como disciplina obrigatória em todas as escolas públicas e privadas do nível médio do país representa o reconhecimento das habilidades e competências que as ciências sociais possuem, como parâmetro fundamental na formação do ser humano como sujeito social, bem como a valorização de uma educação humanística e cidadã, há muito tempo menosprezada na nossa sociedade.
O trabalho se desenvolveu pela analise de uma base de dados constituída pelos resultados da observação de quatro aulas e das entrevistas realizadas com a professora que ministra as aulas de sociologia. A partir das informações, notou-se que a sociologia passa por uma crise, tendo em vista os descasos dos agentes que formalizam os processos educativos.
Desta forma foi possível entender a precarização no trabalho docente, pois a escola apresenta uma estrutura inadequada para realização de aulas diferenciadas, criativas que despertem a atenção dos alunos para que eles tenham uma boa aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino, Sociologia, Precarização do Tranalho.