65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO ESCOLAR
Autor1 Edson Santos Wanderley Júnior - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)
Autor2 Eduardo Henrique Almada Cezar - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa busca verificar a possibilidade do jogo didático (JD) vir a ser uma alternativa de aprendizagem para os alunos matriculados em qualquer nível de ensino da educação básica. Parece que sua sistemática utilização, no momento ainda não confirmada, poderia representar, no dia a dia das escolas, um novo caminho a ser seguido. Embora neste instante da pesquisa, não se tenha encontrado nenhum dado que possa confirmar o Jogo Didático como elemento imperativo no processo de aprendizagem, percebe-se que os estudos de Zanon, Guerreiro & Oliveira (2008, p.73) indicam um possível caminho a ser posto em prática:
“Os jogos podem ser considerados educativos se desenvolverem habilidades cognitivas importantes para o processo de aprendizagem – resolução de problemas, percepção, criatividade, raciocínio rápido, dentre outras habilidades”.
É diante dessa perspectiva que este trabalho será desenvolvido, ou seja, verificando se a introdução dos JDs em sala de aula poderia ser uma nova ferramenta que facilite o desenvolvimento da motivação dos alunos mediante atividades que constituem oportunidades para aprender o conteúdo previamente planejado. Dessa forma, buscou-se desvelar, junto a um grupo de professores, em que medida os JDs fazem parte de sua rotina na prática da sala de aula.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo teve como ponto de partida os diálogos mantidos com os alunos do curso de “Especialização Lato Sensu em Ensino de Ciências”, do IFRJ, onde os mesmos se mostravam preocupados com a pouca diversificação das estratégias de ensino desenvolvidas nas escolas públicas em que trabalhavam. Teve-se como objetivo, investigar se os JDs faziam, de um modo geral, parte do planejamento escolar.
MÉTODOS:
Optou-se por uma investigação teórico-empírica, e utilizou-se a metodologia descritiva, com abordagem qualitativa. Utilizou-se o que é denominado de triangulação de técnicas de coletas de dados que de acordo com Goldenberg (2002, p.63) representa “a combinação de metodologias diversas no estudo do mesmo fenômeno”.
Os sujeitos que se envolveram com a pesquisa também foram escolhidos de forma aleatória, preservando o princípio da voluntariedade e pois segundo Duarte (2002, p.141):
“(...) a definição e critérios segundo os quais serão selecionados os sujeitos que vão compor o universo da investigação é algo primordial, pois interfere diretamente na qualidade das informações a partir das quais será possível construir a análise e chegar à compreensão mais ampla do problema delineado”.
Para a efetivação dessa pesquisa foram entrevistadas 14 professoras e 3 diretoras fazendo com que se alcance, em parte, as idéias de Costa (2005, p. 72) quando o autor cita que:
A característica básica do dado qualitativo é a sua inserção no ambiente natural, isto é, eles não são coletados em ambientes artificiais, preparados especificamente para estudos ou experimentos, mas sim, nos próprios locais onde o objeto é vivenciado – o seu “habitat”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A parte destinada à interpretação das falas e da discussão foi desenvolvida seguindo os princípios e procedimentos contidos nos conceitos de Orlandi (2005) sobre a análise do discurso (AD) acreditando que eles pudessem efetivamente contribuir para que esta investigação dispusesse de um denso dispositivo de análise.
Experiências com jogos didáticos em sala de aula
Serão apresentados alguns recortes das falas dos sujeitos escolhidos para esse trabalho quando se buscou investigar o grau de experiências anteriores que os professores possuíam com aplicação de JDs em sala de aula. Dos entrevistados, a maioria, ou melhor, doze deles confirmaram ter tido algum tipo de experiência com a utilização de JDs.
Professora 1B: “Tenho em alguma proporção, nunca utilizei muitos jogos, mas sempre procurei o que tinha no mercado (...)”.
Professora 2B: “Adoro jogos, uso todo dia, sempre que eu posso. Atividade de exercício vira jogo; desenho vira jogo. Tudo vira jogo. Eu inventei um bocado de desenho (...) sem ficar naquela de decoreba (...) então a gente vai fazendo a medida que pode, a medida que permite (...) e sobra um pouquinho pra gente brincar”.
Professora 3B: “Não, nunca fiz mesmo. Porque sou nova como professora de Matemática no Município. É um trabalho novo pra mim no EF e nunca trabalhei”.
CONCLUSÕES:
Questões importantes, a respeito da utilização de JDs, surgiram de forma clara ao longo da pesquisa. Sendo assim, espera-se que ocorra uma reflexão, por parte dos docentes e administradores educacionais, no sentido de compreender os JDs como elementos importantes e facilitadores da aprendizagem escolar.
fatos e evidências:
* Verificou-se que aqueles docentes que desejavam utilizar JDs em suas aulas tinham muita dificuldade de acesso aos materiais que, por ventura, existiam em suas escolas.
* Também se tornou evidente que muitos docentes utilizam seus próprios jogos, adquiridos com verba própria ou confeccionadas por eles mesmos.
* Foi possível observar a existência de uma certa resistência ao uso dos JDs, por parte daqueles docentes que não acreditam nesse instrumento como elemento importante no processo de aprendizagem.
* Foi ressaltada a dificuldade de obtenção desses jogos e a necessidade da apoio da direção da escola para se adquirir esses materiais. Em alguns casos foi sugerido que o professor tem que ser bem relacionado com a direção escolar para ter suas solicitações de compra de JDs atendidas.
* O que se pode encontrar foi uma utilização precária, vez ou outra, mediante o voluntarismo de algum professor
Palavras-chave: jogos Didáticos, Ensino e aprendizagem