65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
MEMÓRIAS DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O QUE DIZEM ALUNOS (AS) DO CURSO DE PEDAGOGIA?
ERICA MARIA SILVA MONTENEGRO DE MÉLO - Mestra em Ciências da Linguagem. Faculdade dos Guararapes PE. Curso de Pedagogia
INTRODUÇÃO:
A memória de um sujeito é um ponto importante para pensar a sua aprendizagem. Partindo deste ponto, olhar para o discurso alunos (as) é, sobretudo, buscar a chave para compreender o quanto sua memória é significativa para sua formação inicial e, sobretudo, para sua prática pedagógica enquanto docente da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Tomamos como pressuposto a ideia de que a maioria dos estudantes teve experiências negativas com a disciplina o que esbarra na possibilidade da aprendizagem como algo que deve ser, sobretudo, prazeroso. Este trabalho torna-se relevante para os profissionais que trabalham com formação de professores, especialmente no curso de pedagogia e no campo da matemática, para que se possa pensar num ensino em que seja privilegiado o prazer de aprender, considerando-se tanto os aspectos ligados ao currículo, como os saberes dos sujeitos e suas histórias de vida.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como propósito analisar a memória de vivências matemáticas de estudantes de pedagogia. Na análise foram considerados aspectos quantitativos, deduzidos a partir das leituras dessas memórias, e qualitativos, considerando-se seus dizeres, suas falas acerca das aulas e da experiência com a aprendizagem da matemática na infância.
MÉTODOS:
Considerou-se para esse estudo a ideia da pesquisa qualitativa. Foram analisadas memórias de vivências matemáticas de estudantes do 5º período do curso de Pedagogia de uma instituição privada. A disciplina Didática da Matemática é de matrícula obrigatória no curso, o que é motivo de reclamação de alguns desses sujeitos. Percebemos que suas memórias possuem um discurso marcado pela lembrança negativa e empobrecida de prazer, quando retratam sua relação com a matemática. Foi solicitado aos estudantes que escrevessem livremente sobre sua MEMÓRIA DE VIVÊNCIAS MATEMÁTICAS, sem que lhe fossem oferecidas quaisquer informações acerca do caráter lúdico e problematizador a partir dos quais se parte para o trabalho com esta disciplina neste novo tempo. Foram obtidas 30 memórias, que foram analisadas quantitativamente. O trato qualitativo foi aplicado em apenas quinze dessas memórias, perfazendo um total de 50% de amostras observadas à luz da análise do discurso, com base no olhar de Orlandi (2007; 2008) e Coracini (2009). Os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando em disponibilizar seus escritos para que pudéssemos utilizá-los como matéria prima para tentar compreender e ressignificar a relação entre o sujeito e o ensino da matemática.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A inquietação diante das falas dos alunos sobre sua relação com a matemática já no primeiro dia de aula da disciplina Didática da Matemática foi a semente para este trabalho que consiste na análise da escrita de alunas (os) do Curso de Pedagogia acerca de suas memórias de educação matemática. Olhar para os discursos dos alunos, ver em suas entrelinhas um pouco do que muito se diz em relação á matemática, essa disciplina tão polêmica e tão presente na vida dos seres humanos. Além de mencionar recordações doces e amargas, as (os) estudantes destacam como positivos a paciência do professor para tirar dúvidas e o trabalho com jogos que lhes desafiava e divertia. Ao mesmo tempo, lê-se em outras memórias que a metodologia intransigente utilizada por alguns professores, além das dificuldades relativas aos saberes do campo da matemática, fizeram com que muitos alunos “apagassem” de suas memórias muitas de suas vivências, talvez uma defesa, não um apagamento. Nessa perspectiva, nosso olhar para essa questão carrega a certeza de que é necessário ressignificar a relação sujeito X educação matemática, especialmente no curso de pedagogia, senão corremos o risco de ter cada vez mais memórias tristes e desoladas do gosto pela matemática.
CONCLUSÕES:
Apesar de destacarem que tiveram muitos professores de matemática dos quais sentem saudades, percebemos nas memórias dos estudantes de pedagogia, da disciplina que trata da formação para o ensino desta área, Destacamos o quanto a relação conturbada com os professores e, sobretudo, com o currículo, são responsáveis pela entediada relação desses sujeitos com a matemática. Além disto, e talvez mais importante, os resultados contribuem para se repensar a forma como a matemática foi ensinada às crianças nos anos iniciais do ensino fundamental e como isso interfere na concepção do professor em formação no curso de pedagogia. Temos esperança de que a formação de pedagogos numa nova concepção de matemática possa trazer uma geração de pessoas que tenham memórias mais doces, do ponto de vista do conteúdo e mais pautadas na interação produtiva, do ponto de vista da relação professor/ aluno (a).
Palavras-chave: Análise de memórias, Educação matemática, Formação de professores.