65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
Reatividade de neurópila e morfometria de neurônios reativos à NADPH diaforase em um modelo de lesão excitotóxica no estriado de ratos adultos
Marco Aurelio de Moura Freire - Dr./Universidade Potiguar - UnP
Joanilson Silva Guimaraes - Dr./Universidade Federal do Pará - UFPA
José Ronaldo Santos - Dr./Universidade Federal de Sergipe - UFS
Walace Gomes Leal - Dr./Universidade Federal do Pará - UFPA
INTRODUÇÃO:
Desde os estudos de Santiago Ramón y Cajal o neurônio é considerado a unidade básica do cérebro. De acordo com sua fisiologia, os neurônios podem ser divididos em dois grandes grupos: excitatórios (aproximadamente 70-75% do total) e inibitórios (25-30% restantes). Dentre os inibitórios, há um grupo particularmente interessante, que pode ser revelado pela histoquímica para a enzima NADPH diaforase (NADPH-d). Estas células correspondem a cerca de 2% da totalidade de neurônios e são fonte de óxido nítrico (NO), gás envolvido com funções fisiológicas e patológicas no sistema nervoso. Diversas descrições apontam uma resistência seletiva desse grupo neuronal em diferentes modelos de lesão cerebral.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho objetivou avaliar o impacto da ação aguda do N-metil-D-aspartato (NMDA), um análogo sintético do glutamato, sobre os neurônios reativos à NADPH-d do estriado do rato a partir de suas reconstruções tridimensionais, além de caracterizar o padrão de reatividade tecidual subjacente ao dano induzido pelo neurotóxico.
MÉTODOS:
Ratos Wistar adultos (n=5 por tempo de sobrevida) foram utilizados. Os animais foram anestesiados com injeção intraperitoneal de cloridrato de cetamina (90mg/kg) e cloridrato de xilazina (9 mg/kg). Oitenta nmol de NMDA, diluídos em 1 µl de solução salina, foram injetados no estriado do hemisfério cerebral esquerdo de acordo com as seguintes coordenadas estereotáxicas: antero-posterior (AP) = 0,5; médio-lateral (ML) = 4.0, ventro-dorsal (VD) = 5.5. No lado contralateral foi injetado apenas o diluente. Após a cirurgia, os animais foram divididos em três tempos de sobrevida (1,3 e 7 dias). Após os tempos especificados, os animais foram perfundidos com solução salina a 0,9 % e paraformaldeído a 4%. O tecido foi seccionado a 100 µm de espessura em um vibrátomo e as fatias foram reagidas para a histoquímica para NADPH-d. Ao final da reação, as secções foram montadas em lâminas gelatinizadas para inspeção qualitativa e quantitativa. Cento e oitenta neurônios (60 neurônios em cada tempo de sobrevida – 30 do lado injetado com NMDA e 30 do hemisfério contralateral) foram reconstruídos tridimensionalmente. Áreas de corpo celular, campo dendrítico, número de dendritos por ordem e dimensão fractal foram analisados. Comparações entre os parâmetros citados nos diferentes tempos de sobrevida foram realizados através da análise de variância (ANOVA, teste Newman-Keuls a posteriori - nível de significância de 95%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A lesão excitotóxica induzida pelo NMDA foi evidenciada por uma perda pronunciada de reatividade da NADPH-d (área de palor) na neurópila do estriado ao longo dos tempos de sobrevida especificados, tornando-se mais evidente nos animais do grupo mais tardio (7 dias após a injeção do neurotóxico) especialmente quando comparados ao tempo de sobrevida inicial (1 dia). Em contrapartida, os neurônios reativos à NADPH-d localizados no hemisfério injetado com NMDA não apresentaram alterações qualitativas e quantitativas tanto em relação a sua reatividade quanto a seu aspecto morfológico quando comparados aos da região contralateral à lesão em todos os tempos de sobrevida investigados (ANOVA Newman-Keuls, p>0,05).
CONCLUSÕES:
Nossos resultados sugerem que os neurônios reativos a NADPH-d são resistentes à ação neurotóxica aguda do NMDA, possivelmente por possuírem um metabolismo não usual ou mesmo pela ação neuroprotetora do NO sintetizado por eles. Em contrapartida, a drástica redução da reatividade de neurópila na região injetada com NMDA pode estar associada a alterações no transporte da enzima pelos axônios que se projetam para o estriado ou a uma lesão direta dos terminais axonais.
Palavras-chave: Excitotoxicidade, Interneurônios, Óxido nítrico.