65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE SABÃO PARA MASSA BASE DE SABONETES UTILIZANDO A MANTEIGA DE TUCUMÃ (Astrocaryum tucuma) COMO MATÉRIA PRIMA SAPONIFICÁVEL
Suemyrt Casttelle Vidinho dos Santos - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Rianne Carolyne Bezerra Sales - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Giana Thais Kaufmann - Profa. MsC/Orientadora - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
INTRODUÇÃO:
O sabão, obtido da reação de saponificação entre um álcali e uma matéria graxa, foi o primeiro detergente utilizado. As matérias primas utilizadas na sua fabricação são: NaOH ou KOH, óleos e gorduras animais ou vegetais. O tucumã (Astrocaryum tucuma), palmeira Amazônica, possui frutos globulosos cuja polpa é apreciada na culinária. Das amêndoas dos caroços, geralmente dispensados, pode-se extrair a manteiga de tucumã (MT), um excelente emoliente e hidratante. Contém 97% de ácidos graxos, onde 47% são de ácido láurico e 26% de ácido mirístico. O alto conteúdo de ácidos graxos e alta concentração de ácido láurico a qualifica como excelente para saponificação. Estão instaladas no Amazonas nove micro usinas para extração de óleos vegetais da Amazônia, dentre eles a MT, porém, pouco ou nenhum valor tem sido agregado a estes óleos em seus locais de extração. Existem também vários grupos de artesãos que trabalham com a produção de sabonetes, a partir de massas base adquiridas no mercado, todas provenientes de outros estados. A determinação de uma formulação de massa base de qualidade seria o ponto de partida para esta ser produzida nas próprias micro usinas, gerando este produto de maior valor agregado aos cooperados e suprindo mercado regional.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar dois métodos de produção de sabão para o desenvolvimento de massa base para sabonetes utilizando a manteiga de tucumã (Astrocaryum tucumã) como matéria prima saponificável e caracterizar a qualidade dos protótipos obtidos.
MÉTODOS:
A manteiga de tucumã (MT) foi doada pela COOPFITOS, município de Manaquiri/AM, com valor de índice de saponificação de 171,96 mg KOH/g, usada na determinação da quantidade de base requerida a saponificação. Na obtenção dos protótipos foram utilizados100 g de MT, 18 g de NaOH e 15 mL de etanol. Foram avaliados dois métodos de produção:
Método 1: a MT foi aquecida até completa fusão, adicionados etanol, solução de NaOH e agitados por 30 minutos. O material foi submetido a purificação com a mistura em solução de NaCl 30% (m/V), decantado, filtrado, submetido mais 2 vezes a ambos procedimentos e deixado na cura por 20 dias.
Método 2: a MT foi aquecida até completa fusão, adicionados etanol, solução de NaOH e agitados por 30 minutos. Repetiu-se o procedimento 3 vezes. O sabão produzido foi purificado em solução de NaCl, deixado em descanso para separação de fases e filtrado, por 3 vezes. O material obtido foi deixado na cura por 20 dias.
Transcorrida a cura os materiais foram pesados e avaliados quanto ao pH, alcalinidade livre (% NaOH) (AL), teor de umidade (TU) e aspectos e propriedades organolépticas (AO) seguindo a literatura específica. Os métodos de produção e as análises foram realizados em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados apresentados são referentes à média das triplicatas. Pelo método 1 obteve-se 140,096 g de sabão com TU de 9,36%, pH 10,5075, AL 0,7055% e AO de um pó branco com leve odor alcalino, que se tornou imperceptível com o tempo de cura. Já pelo método 2 foram obtidos 192,805 g de sabão com TU de 11,69%, pH 10,421, AL 0,83% com AO de pó branco. Ambos os métodos apresentaram pH e AL dentro da faixa preconizada pela literatura para sabonetes, o que permitiria a utilização destes na produção da massa base. Com os 100 g de MT, pode-se observar que pelo método 2 foi obtido 37,62% a mais de sabão do que pelo método 1, sugerindo que seja o indicado para a obtenção do sabão com a MT para a produção de massa base, pois apresentou maior rendimento, além de pH e AL dentro dos padrões estabelecidos. O índice de saponificação da manteiga de tucumã é menor do que o do sebo bovino (190 – 220), matéria prima usualmente utilizada na produção deste tensoativo. Porém, com 100 g de MT obteve-se praticamente o dobro de sabão pelo método 2, com a vantagem de ser totalmente de origem vegetal e de poder levar o apelo de marketing de ser obtido de uma planta amazônica.
CONCLUSÕES:
Os materiais obtidos tanto pelo método 1 como pelo método 2 apresentaram pH e alcalinidade livre dentro da faixa estabelecida pela literatura específica, aptos ao desenvolvimento da massa base para sabonetes. Porém, pelo método 2 foram produzidos 37,62% de sabão a mais do que a quantidade obtida no método 1 sugerindo ser o mais indicado para a obtenção do sabão utilizando a manteiga de tucumã.
Palavras-chave: Sabão, Óleos vegetais, Flora Amazônica.