65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
CANTIGAS, NARRATIVAS E REPRESENTAÇÕES DA IDENTIDADE INDIGENA DO POVO TENETEHARA-GUAJAJARA DA REGIÃO DE BARRA DO CORDA-MA
Rafael Silva Campos Nascimento - Técnico em Química/Orientando-IFMA
Marinete Moura da Silva Lobo - Pós-Graduação – Supervisão Escolar/Língua Portuguesa-UNIVERSO
INTRODUÇÃO:
A diversidade da cultura indígena e as diferentes etnias que resistiram aos extermínios nos últimos quinhentos anos estão sendo resgatada e solidificada pelos próprios indígenas, que defendendo a sua identidade nos aspectos, cosmológico mitológico e ritos, procuram resistir à pressão dos não-índios. Os indígenas mais fortes estão sobressaindo-se os Tenetehara-Guajajara, que com vários conflitos, ainda se mantém como um povo diferenciado.
As regiões de maior contingentes populacionais indígenas da etnia tenterhara-guajajara são os municípios de Barra do Corda, Jenipapo dos Vieiras, Grajaú e Itaipava do Grajaú. Habitados em seis terras nestes municípios, tais como Terra Indígena Lagoa Comprida e Terra Indígena Rodeador – no município de Barra do Corda; Terra Indígena Bacurizinho, Urucu-Juruá e Morro Branco, no município de Grajaú e Terra Indígena Canabrava a que se estende pelos municípios de Jenipapo dos Vieiras e de Grajaú.
O estudo da literatura e cultura indígena vem ganhando espaço na sala de aula após a Lei nº 11.463, de 10 de março de 2008, sancionada pelo Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, que torna “a inclusão obrigatória nos currículos das escolas pública e particular de Nível Fundamental e Médio, o ensino de História e Cultura do Indígena Brasileiro”.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estudar as cantigas, as narrativas e as representações da identidade indígena do povo Tentehara-guajajara da região de Barra do Corda-MA. Coletar cantigas e narrativas dos tenetehara-guajajaras de Barra do Corda, visando sua organização em antologia, para que possam ser incluídas no currículo escolar do IFMA-CAMPUS BARRA DO CORDA, conforme a determinação da Lei 11.645/08.
MÉTODOS:
A presente pesquisa foi desenvolvida através de uma primeira etapa dedicada ao levantamento bibliográfico, leitura e fichamento de obras e teorias acerca de conceitos de literaturas. Em seguida foi realizada uma revisão bibliográfica da literatura já existente sobre o povo Tenetehara-Guajajara dessa região, para a partir do que já se tem registrado a fim de construir novos registros. Ao final, foi produzido um texto-base contendo as principais informações.
A pesquisa de campo foi realizada em dez comunidades indígenas, selecionadas posteriormente e com os seguintes instrumentos de coleta de dados: entrevistas com vinte pessoas com questões formais e informais, gravações de conversas, de cantos e filmagens.
A coleta de dados “in loco” teve como público-alvo os caciques, as lideranças, os professores indígenas e os indígenas mais idosos das aldeias selecionadas, pois estes são entendidos por suas comunidades como uma biblioteca viva em suas aldeias.
De posse do resultado da pesquisa, foi elaborado à análise das informações e, posteriormente, à redação, revisão, digitação do trabalho e elaboração de material impresso que consistirá num relatório conclusivo. O respectivo relatório será utilizado como um instrumento de ensino, pesquisa e extensão pelos setores do IFMA-Barra do Corda.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O estudo apontou que as narrativas do povo Tenetehara-Guajajara, dessas aldeias sempre estão ligadas de certo modo com algo espiritual, é como se manifestar de maneira simples e oculta aos povos que já deixaram de viver. Na pesquisa lançada obtivemos os dados que aponta que 100% das aldeias ainda preservam a festa do moqueado, e que 80% ainda fazem a festa dos rapazes, podemos observar que a narrativa que é predominante é a festa do moqueado todas as aldeias pesquisadas afirmaram que fazem esse ritual pelo menos três vezes no ano, já a festa dos rapazes acontece uma vez por ano com todos os índios com a faixa etária de 15 a 17 anos. A desagregação do povo Guajajara pela sua historicidade vem crescendo desenfreadamente, com dados na pesquisa realizada é fácil de encontrar mais de 100 narrativas tais como: A festa do milho, da mandioca, da chuva, do mel, do moqueado, o problema é que nem um terço dessas narrativas se faz presente na vida atual do índio, a pesquisa mostra que a festa do moqueado e a festa dos rapazes sofreram grandes modificações ao longo do tempo, tais como: doutrina evangélica, onde alguns deixaram alguns de seus costumes para seguir doutrinas religiosas que não permitem certos costumes e crenças ligadas diretamente ao vinculo da aldeia.
CONCLUSÕES:
Conclui-se que apesar de que o povo Guajajara resistiram aos extermínios nos últimos quinhentos anos, estes conseguiram manter-se ligado do convívio do não índio, mas não perderam todos os seus costumes e crenças. Suas narrativas sofreram modificações, sendo que algumas extinguiram-se totalmente, tendo sobrevivido a Festa dos Rapazes e A Festa do Moqueado. Não existe mais uma cultura pura, mas uma troca de identidade. Observou que parte da historicidade desse povo foi extraída e substituída por outras e que poucas narrativas ainda são passadas de geração em geração. Entretanto, ainda contamos com narrativas de grande importância para os Guajajaras, como é o caso da Festa do Moqueado, embora a pureza dessa festa, tenha sido corrompida pela tecnologia e pela urbanização.
A convivência com o não índio possibilitou modificações nas estruturas das narrativas, sobreviventes, um exemplo é a Festa do Moqueado. Assim, a comunidade indígena segue com o que resta de suas narrativas e festas totalmente aculturadas bem como suas identidades que passam por uma crise de identificação cultural, se por um lado querem pertencer ao mundo do não-índio, por outro lado tentam, em vão, resgatar costumes esquecidos que as narrativas não expressam mais.
Palavras-chave: Tenetehara-Guajajara, Diversidade, Narrativas.