65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
HERBIVORIA DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM VARIEDADES DE ALGODÃO COLORIDO
Luis Gustavo Barroso Silva - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Thiara Silvestre Nascimento - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Rayane Louise Cândida Diniz - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Alicionon de Oliveira Caetano - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Hafez Kallout - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
Alexandre Igor de Azevedo Pereira - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
INTRODUÇÃO:
A Embrapa Algodão (CNPA) selecionou a primeira cultivar de algodão com fibra colorida, a BRS 200, de cor marrom claro. Posteriormente, foram selecionadas as BRS Verde (fibra verde), BRS Rubí e BRS Safira, de fibra marrom avermelhada. Elas são anuais e se prestam ao plantio em localidades da região Nordeste que possuem precipitação pluvial igual ou maior que 600 mm anuais. A BRS 200 é semiperene e é indicada para as áreas mais secas da região Nordeste.
O algodão naturalmente colorido é ecológico, pois dispensa as fases de preparo para tingimento e tingimento na indústria. Dentre os insetos que atacam o algodoeiro na região do Cerrado, destaca-se a Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) pelos danos que causa à planta. Recentemente, pesquisadores têm apresentado maior atenção às exigências nutricionais quantitativas dos insetos, considerando as variações do alimento e as pressões seletivas que o meio ambiente exerce sobre suas populações e que resultam em adaptação para consumo e utilização de alimento (SLANSKY JUNIOR. e SCRIBER, 1985). Portanto, a qualidade e quantidade de alimento consumido por uma lagarta podem afetar a taxa de crescimento, tempo de desenvolvimento, peso final, dispersão e sobrevivência e também a fecundidade e a dispersão de adultos (SLANSKY JUNIOR., 1982).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Quantificar o consumo e a utilização de três cultivares de algodão com fibra colorida por lagartas de S. frugiperda.
MÉTODOS:
A pesquisa foi conduzida na Unidade de Controle Biológico da Embrapa Algodão, em Campina Grande, Paraíba, Brasil. As cultivares testadas foram BRS Safira, BRS Rubi e BRS 200.
Lagartas recém-eclodidas de S. frugiperda foram individualizadas em celas de plástico e mantidas em câmaras climatizadas a 25°C, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas, onde foram alimentadas diariamente com discos de folhas de seus respectivos hospedeiros.
Diariamente, procedeu-se o registro do peso do alimento a ser oferecido a cada lagarta. O alimento remanescente e as fezes encontradas diariamente em cada unidade experimental foram mantidos a 60°C, por 24 horas, quando então atingiam o peso constante, acusando a sua completa desidratação. Todo o material desidratado foi pesado em balança eletrônica de precisão. Paralelamente, foram utilizadas alíquotas de cada substrato vegetal, visando quantificar o seu peso seco inicial. Foram quantificados os índices de consumo e utilização de acordo com WALDBAUER (1968) e modificada por SCRIBER e SLANSKY JUNIOR (1981).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A quantidade de alimento ingerido por S. frugiperda foi maior quando as lagartas se alimentaram com folhas de BRS Safira do que com as outras cultivares; todavia, as cultivares não afetaram a quantidade de fezes produzidas e o ganho de peso médio pelas lagartas. A quantidade de alimento assimilado que se refere à parte do alimento ingerido que foi utilizado pela lagarta para conversão em biomassa e/ou energia para metabolismo, e a quantidade de alimento metabolizado que representa a quantidade de alimento utilizado pela lagarta na forma de energia metabólica foram maiores quando as lagartas utilizaram como alimento a BRS Safira .
As lagartas ao se alimentarem da BRS Safira, em virtude da menor eficiência de conversão do alimento digerido na tentativa de atingir o potencial fisiológico máximo, apresentaram uma resposta compensatória, aumentando a quantidade de alimento ingerido, tendo em consequência maior taxa metabólica relativa. Essas alterações fisiológicas foram relatadas por SLANSKY JUNIOR e SCRIBER (1985). Portanto, a cultivar BRS Safira apresentou-se menos adequada para a alimentacão de S. frugiperda, pois foi ingerido em maior quantidade, entretanto, apresentou maior custo metabólico e menor eficiência de conversão de alimento digerido.
CONCLUSÕES:
A manipulação e utilização de alimento em Spodoptera frugiperda varia de acordo com a variedade de algodão de fibra naturalmente colorida disponibilizada, sendo a variedade BRS Safira apresentando-se como a mais adequada à alimentação dessa praga.
Palavras-chave: Consumo de alimento, Biologia, Comportamento..