65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 9. Paleontologia e Estratigrafia
ANÁLISES PALINOLÓGICAS EM SEDIMENTOS HOLOCÊNICOS DA ILHA DO BANANAL(TO)
Ananda Krishina de Rodrigues Silva - Universidade Federal do Tocantins - UFT
Etiene Fabbrin Pires - Profa. Dra./Orientadora - Universidade Federal do Tocantins - UFT
INTRODUÇÃO:
No norte da bacia Sedimentar do Bananal, no território do Estado do Tocantins, ocorre a Ilha do Bananal, em uma área de 20.000 km2, protegida pelo Parque Nacional Araguaia e conhecida por diversos autores como a maior ilha fluvial do mundo.
A principal fonte de informação em paleoecologia continental são dados advindos de grãos de pólen e vários são os estudos baseados na palinologia do Holoceno realizados no Brasil. Aqui destacamos os trabalhos de Absy et al. (1991), Siffedine et al. (1994), Van der Hammen & Absy (1994), Colinvaux et al. (1996), Ferraz-Vicentini & Salgado-Labouriau (1996), Haberle & Maslin (1999), Behling et al. (2001),De Oliveira & Curtis (2001), Freitas et al. (2001), Bush et al. (2004) e Irion et al. (2006).
Com relação à vegetação da Ilha do Bananal, Brasil (1994) diz que atualmente na região predominam os campos, aparecendo fragmentos de cerrado, cerradões, matas ciliares e, em algumas partes, formações florestais na forma de ilhas. As formações campestres, estão localizadas nas partes mais baixas e são totalmente inundadas pelas cheias dos rios durante o período das chuvas. Nas cotas mais elevadas surgem formações vegetais típicas de mata seca, cerradão e cerrado.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho aqui apresentado teve o objetivo de realizar análises palinológicas e em sedimentos argilosos (Holoceno) provenientes da planície de inundação da Ilha do Bananal (TO). Os resultados obtidos, de caráter regional, serão utilizados na atualização de curvas climáticas globais, servindo como subsídios para modelamentos preditivos de evolução climática.
MÉTODOS:
Na coleta, efetuada dentro dos limites do Parque Nacional do Araguaia, realizou-se sondagem com a utilização de Amostrador Russo, com a coleta de 50cm de sedimento por amostragem. O trado foi re-introduzido no ponto de coleta até atingir o sedimento arenoso. Os testemunhos coletados foram utilizados para a realização de análises palinológicas e datação pelo método radiocarbônico. No laboratório, foram coletadas sub-amostras de 1 cm3 em intervalos regulares de 5 cm no testemunho. O tratamento químico das sub-amostras palinológicas foi realizado conforme os procedimentos palinológicos para extração dos grãos de pólen descritos por Colinvaux et al. (2005). Com o microscópio óptico foi realizada a identificação dos grãos de pólen utilizando a objetiva de 40x. Foi utilizado o Programa Neotropical pollen, e chaves polínicas constantes nos livros de Rivas (1978), Salgado-Labouriau (1973), Colinvaux et al. (2005), Roubik & Moreno (1991) e Carreira & Barth (2003).
A datação do material foi realizada no Beta Analytic Inc., Miami, Florida, USA, através do método “Accelerator Mass Spectrometry” (AMS), ou espectrometria de acelerador de massa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A datação pelo método de espectrometria de acelerador de massa indicou idade entre 700 e 830 anos antes do presente.
A assembléia polínica é dominada por Myrtaceae, Cecropia, Alchornea, Fabaceae, Moraceae/Urticaceae, Rubiaceae, Melastomataceae/Combretaceae e Protium. Um total de 49 tipos polínicos distribuídos em 21 famílias estão representados no sinal polínico. Esporos de Pteridófitas são abundantes ao longo do testemunho. A base do testemunho correspondendo ao início da deposição sedimentar foi marcada por uma grande quantidade de grãos de pólen Poacea e Cyperaceae, decaindo até o topo. Por outro lado, a taxa florestal, especialmente Myrtaceae, Cecropia e aumento significativo de Alchornea indica um estágio sucessional primário de uma floresta.
CONCLUSÕES:
Apesar do caráter de várzea do rio nesta área, recebendo grãos de pólen trazidos pela água, os tipos polínicos reconhecidos refletem a vegetação local desde Myrtaceae, Fabaceae e Rubiaceae que são famílias dominantes, como observado durante o trabalho de campo. Grãos de pólen de Cecropia, Alchornea e Moraceae/Urticaceae provavelmente foram transportados pelo vento para os sedimentos do lago. A fim de melhorar o conhecimento sobre a sucessão da vegetação, outros lagos da Ilha do Bananal estão sendo estudados.
Palavras-chave: Holoceno, Ilha do Bananal-TO, Palinologia.