65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 4. Taxonomia
ARANHAS TECEDORAS DE TEIAS ORBICULARES (ARACHNIDA, ARANEAE) DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM, PARÁ.
Arthur Emil dos Santos Guimarães - Discente de Licenciatura Plena em Ciências Naturais – Biologia – UEPA.
Alexandre Bragio Bonaldo - Prof.Dr./Orientador – Coordenação de Zoologia – Museu Paraense Emilio Goeldi
INTRODUÇÃO:
A ordem Araneae engloba aproximadamente 42.000 espécies distribuídas em 3859 gêneros pertencentes a 110 famílias. Como a diversidade em espécies não é igualmente distribuída no mundo, e as regiões mais estudadas foram justamente aquelas com menor diversidade, algumas regiões detém maior potencial de possuir táxons novos do que outras, como os trópicos. A Região Amazônica ainda é pouco conhecida do ponto de vista da taxonomia das aranhas orbiculares e o sucesso na identificação específica não é completo. As famílias que pertencem a guilda de orbiculares são Anapidae, Araneidae, Tetragnathidae, Theridiosomatidae, Uloboridae, e Symphytognathidae. A alternativa, quando não é possível determinar uma espécie, é a separação em morfotipos. Um exemplo da impossibilidade de se comparar morfotipos apenas com base em listas taxonômicas, sem a comparação direta do material é a seguinte: a mesma unidade taxonômica pode receber nomes distintos em trabalhos diferentes e vice-versa. Embora a unificação dos morfotipos seja o ideal, ainda é pouco conduzida em função da multiplicação do tempo de trabalho necessário para a identificação comparada do material. É justamente esta lacuna que o presente projeto visa preencher, em parte, para trabalhos conduzidos na região Metropolitana de Belém.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Os objetivos do presente estudo foram: Criar uma lista unificada de morfotipos das famílias de aranhas pertencentes a guilda de tecedoras de teias orbiculares vindas da Região Metropolitana de Belém; Criar um banco de dados relacionando os municípios e as localidades de cada morfotipo. Indicar o grau de conhecimento por localidades para as famílias estudadas na região Metropolitana de Belém.
MÉTODOS:
Os dados utilizados provem, principalmente, de trabalhos de inventários realizados em parques urbanos e áreas entorno de Belém entre os anos de 2007 e 2011. Este material é resultante de inventários estruturados em Belém, onde se concentra o maior esforço amostral da região. Além desse material, também foram incluídas amostras de coletas ocasionais. A unificação da identificação foi direcionada apenas para os indivíduos adultos, cujas estruturas reprodutivas estão visíveis para comparação. Como a diversidade de aranhas é muito grande, o trabalho selecionou apenas uma guilda, tecedoras de teias orbiculares. Foi feito um levantamento bibliográfico para diferenciar as características individuais que possibilitam a identificação correta de cada família presente na guilda. Foram criadas curvas de rarefação para cada família de aranha utilizada no trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foi gerada uma lista unificada de 125 morfotipos para as famílias de aranhas que pertencem a guilda de teias orbiculares. As amostras resultaram em 892 indivíduos, sendo 225 machos e 667 fêmeas pertencentes a 5 famílias (Araneidae, Deinopidae, Theridiosomatidae, Tetragnathidae, Uloboridae). Foram contabilizados 53 singletons (espécie com único individuo) correspondendo a 42,4% do total de espécies. Araneidae foi a família que apresentou o maior percentual com 44,3%. Theridiosomatidae e Uloboridae apresentaram 28% de singletons, seguidas por Tetragnathidae com 23%. Deinopidae não apresentou singletons. Em relação aos municípios amostrados, Belém apresentou o maior número de espécies (122 spp.), seguido pelo município de Santa Bárbara (20 spp), Benevides (15 spp.), Ananindeua (3 spp.) e Marituba (1 sp). Foram construídas curvas de rarefação para todas as famílias, exceto para Deinopidae que apresentou apenas uma espécie. Nenhuma das curvas apresentou tendência a assíntota. A maior riqueza de Araneidae e Tetragnathidae pode ser em parte explicada devido à produção um tipo de seda utilizada para construção das teias orbiculares. Esse tipo de teia contém gotículas de líquido pegajoso, facilitando a captura de alimento e possibilitando o sucesso evolutivo em termos de espécies.
CONCLUSÕES:
Devido à escassez de estudos da araneofauna, principalmente na Amazônia Oriental, o presente trabalho produziu uma lista unificada de espécies e morfo-espécies da guilda de aranhas tecedoras de teias orbiculares. Este tipo de trabalho é raro, sendo apenas o segundo realizado no Laboratório de Aracnologia do Museu Paraense Emilio Goeldi. Com a lista de morfotipos pronta observou-se o aumento do acervo de informações sobre as famílias pertencentes à guilda de aranhas tecedoras de teias orbiculares, além de disponibilizar condições para a indicação de táxons potencialmente importantes para um futuro monitoramento nas matar do entorno da Região Metropolitana de Belém.
Palavras-chave: Teias Orbiculares, Guilda, Morfotipagem.