65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
GEOFÍSICA APLICADA À CARACTERIZAÇÃO DO CARSTE DE LAGOA DA CONFUSÃO – TO
Gilney Cardoso Pereira - Departamento de Geografia - UFT
Fernando de Morais - Prof. Dr./Orientador do Departamento de Geografia – UFT
INTRODUÇÃO:
A geomorfologia cárstica é um ramo da geomorfologia que tem como principal característica, o estudo de áreas que tem em sua composição, rochas passíveis de sofrerem dissolução. Atualmente, este tipo relevo tem sido abordado de maneira sistêmica, a partir da proposta de Klimchouk e Ford (2000), que defendem a denominação de sistema cárstico em substituição ao, antes utilizado, relevo cárstico, analisando-se não somente a porção carbonática do sistema, mas também sua interação com rochas não-carbonáticas de sistemas adjacentes. Entender o comportamento dos fluxos subsuperficiais é imprescindível para o entendimento da dinâmica evolutiva do carste. Neste contexto, os métodos geoelétricos têm sido frequentemente utilizados na detecção de descontinuidades litológicas (cavidades, fraturas ou falhas) e caracterização de camadas sobrejacentes ao embasamento. Devido à complexidade do sistema cárstico, a escolha do método geofísico a ser utilizado é de grande relevância para que se tenham resultados satisfatórios, por conta da variação indefinida do comportamento da eletricidade perante a rocha carbonática (CHALIKAKIS et al., 2011; ZHU et al., 2011).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O principal objetivo deste estudo foi entender como se dão os fluxos subterrâneos no interflúvio rio Urubu com a Lagoa da Confusão, e verificar existência de conexão do dos fluxos entre essas feições, além de inferir os condicionantes relacionados à evolução do sistema cárstico da área estudada. Buscou-se ainda, elaborar um mapa de contorno de condutância longitudinal e resistência transversal.
MÉTODOS:
A pesquisa iniciou-se com um levantamento bibliográfico para embasamento teórico sobre os métodos geofísicos aplicados ao estudo da geomorfologia cárstica. Posteriormente, foram realizadas visitas de campo para reconhecimento e delimitação da área a ser estudada. Além de elaboração de base cartográfica para os trabalhos de campo. A área de estudo está localizada na porção centro-oeste estado do Tocantins, no município de Lagoa da Confusão – TO (Figura 1), e está enquadrada pelas coordenadas geográficas 10º 46’ 09” e 10º 52’ 46” de latitude Sul, e 49º 35’ 01”, 49º 39’ 39” de longitude Oeste, abrangendo uma área de 103,49 km2, próxima a área urbana da cidade de Lagoa da Confusão. Nesta área foram realizados ensaios de geofísica por meio de Sondagem Elétricas Verticais – SEVs com uso do arranjo Schlumberger no interflúvio Lagoa da Confusão-Rio Urubu, identificando-se, a partir do tratamento dos dados, a morfologia interna do terreno, além da profundidade do lençol freático e do contato dos sedimentos quaternários com a rocha subjacente. Nos ensaios de geofísica a abertura máxima dos eletrodos de corrente (A e B) foi de 180m (AB/2 = 90m), enquanto a distância dos eletrodos de potencial se manteve constante em 4 m.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir da análise dos dados levantados em campo, foram produzidos mapas de contorno da condutância longitudinal e da resistividade transversal, para identificar a direção dos fluxos subsuperficiais, condicionantes da evolução do relevo cárstico.
Para inferir a direção dos fluxos, calculou-se a condutância longitudinal, que é o fluxo de corrente paralela, medida em Siemens, já a resistividade transversal é determinada pelo fluxo de corrente perpendicular às camadas geológicas, sendo medida em ohms por metro quadrado. Observou-se que a camada superficial (não saturada) apresenta condutância elevada para direção leste da área de estudo, enquanto na segunda camada (saturada), o fluxo segue em direção à porção central da área estudada. A resistividade transversal apresenta altos valores na porção central da área de estudo, e as baixas resistividades ocorrem a leste e oeste da área, indicando uma dispersão do fluxo na primeira camada. Já para a segunda camada, os valores diminuem consideravelmente na porção central, o que indica uma convergência dos fluxos em concordância com o alinhamento dos afloramentos de calcários. Através desses parâmetros pode-se inferir que os fluxos subsuperficiais na área estudada se dão da Lagoa da Confusão para o rio Urubu.
CONCLUSÕES:
Por meio da interpretação dos ensaios geofísicos, pode-se inferir a profundidade e espessura das camadas dos sedimentos que recobrem o embasamento calcário da região, e a direção dos fluxos subsuperficiais. Desta forma conclui-se que a técnica da eletrorestividade apresentou resultados satisfatórios na determinação da profundidade do contato dos sedimentos quaternários com embasamento calcário no entorno da Lagoa da Confusão, bem como na determinação do topo do aquífero (nível freático); os dados de condutância longitudinal e resistividade transversal apontam para a existência de uma descontinuidade na estrutura geológica do terreno, podendo ser esta feição responsável pela acumulação de água subterrânea na porção central da área estudada. A existência desta descontinuidade pode ser uma condicionante para a evolução do sistema cárstico da área, sendo possível notar que na sua proximidade o epicarste apresenta uma área mais rebaixada no sentido NE-SW. Entende-se aqui ainda que, as sondagens elétricas verticais oferecem dados que complementam as interpretações feitas a partir de observações de campo colaborando para um melhor entendimento da evolução geomorfológica do carste de Lagoa da Confusão.
Palavras-chave: Sistema Cárstico, Eletrorresistividade, Fluxos Subsuperficiais.