65ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento

O CICLO VIGÍLIA-SONO EM ESTUDANTES DO 6° AO 9° ANO DA ESCOLA ESTADUAL ARMANDO DE SOUZA MENDES (TEFÉ, AMAZONAS).

Luciane Lopes de Souza - Profa. Dra./Orientadora - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA Lauriene Yasmin Rodrigues Monteiro - Acadêmica de Biologia - Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA

INTRODUÇÃO:

Os seres vivos apresentam uma organização temporal fisiológica que é endógena e se manifesta como ritmos biológicos. A Cronobiologia estuda, entre outros ritmos biológicos, o ciclo vigília-sono, que é um exemplo de ritmo circadiano. Os ritmos circadianos (circa = em torno de) possuem frequência em torno de 24 horas. Cada ser humano possui períodos do dia em que se encontra mais ativo, com maior facilidade para o aprendizado. Se um indivíduo conhecer seu cronotipo e os horários mais adequados para estudar, poderá distribuir tarefas diárias em favor da produtividade e qualidade de vida. Quando um indivíduo realiza suas atividades em horários contrários ao seu cronotipo, além de não alcançar o rendimento esperado, provoca implicações em sua qualidade de vida, como problemas de memorização, humor, distúrbios de sono e distúrbios psicológicos, entre outros. Por estes motivos, entender o seu cronotipo é relevante para a vida escolar dos estudantes. Estudos cronobiológicos já foram realizados no Brasil para identificar o cronotipo de crianças e adolescentes em idade escolar e correlacionar com o rendimento na escola, porém são escassos na Amazônia.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Identificar o cronotipo dos estudantes do 6° ao 9° ano do ensino fundamental da Escola Estadual Armando de Souza Mendes em Tefé no estado do Amazonas, através do estudo das características do ciclo vigília-sono. Além disso, alertar sobre possíveis prejuízos pedagógicos àqueles que estudam em horários incompatíveis ao seu horário biológico.

MÉTODOS:

O objeto do estudo constituiu-se de 521 estudantes, sendo que 274 do sexo feminino e 247 do masculino, que estudavam nos turnos matutinos e vespertinos, do 6o ao 9o ano do ensino fundamental da Escola Estadual Armando de Souza Mendes. Com autorização da Escola, os dados foram coletados a partir da versão brasileira do questionário de identificação dos cronotipos (Horne & Ostberg, 1976, adaptado por Benedito-Silva et al. 1990). A categorização (se matutino, moderadamente matutino, intermediário, moderadamente vespertino ou vespertino) dos estudantes entrevistados ocorreu através da contagem de pontos, utilizando a tabela de valores retirada da literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A partir da análise dos resultados constatou-se que o cronotipo predominante entre os estudantes dos dois turnos foi o intermediário com 87,7% do total dos entrevistados (n=457 alunos), sendo que 227 estudavam no turno da manhã e 229 no turno da tarde. Em segundo lugar o cronotipo mais identificado foi o matutino moderado com 9,8% do total de estudantes que responderam o questionário. A predominância do cronotipo intermediário era esperada (CARDINALI et al.,1992), e este resultado também foi identificado por BERTOLI (2004) entre estudantes universitários, por PIVETA et al. (1998) com alunos do ensino médio, por GONÇALVES & STABILLE (2001) com professores do ensino fundamental, e por ALMONDES & ARAÚJO (2003) também com estudantes universitários. Dessa forma, os estudantes de Tefé não mostraram pertencer a nenhuma das categorias típicas (matutino ou vespertino) do ciclo vigília-sono, o que indica que se há baixo rendimento escolar destes estudantes não se deve a falta de sincronização entre as atividades escolares e os seus relógios biológicos.

CONCLUSÕES:

Por meio da Cronobiologia é possível elucidar várias dúvidas a respeito do maior ou menor rendimento de um indivíduo em diferentes momentos do dia. Quando se tem conhecimento do seu padrão de sono pode-se alcançar um melhor desempenho na realização de qualquer atividade. Os resultados do presente estudo mostram que o cronotipo intermediário foi bastante comum nos estudantes do ensino fundamental de Tefé como esperado, pois outros estudos obtiveram resultados similares. Este estudo é pioneiro na cidade de Tefé, pois até o presente momento nenhum outro trabalho referente aos padrões do ciclo vigília-sono dos estudantes havia sido realizado, representando apenas o primeiro passo para mais investigações cronobiológicas com alunos nas escolas de Tefé.

Palavras-chave: ciclo vigília-sono, estudantes, Tefé.