65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 1. Ética
A ASCESE COMO PRINCIPIO ÉTICO NA PERSPECTIVA DE ARTHUR SCHOPENHAUER
Simião Severino Pamplona - Licenciando em Filosofia – FAFIC
Antunes Ferreira da Silva - Mestre em Filosofia – UFPB / Professor de Filosofia – FAFIC
Jéssica de Souza Lira - Licencianda em Filosofia – FAFIC
Francisca Cornélio dos Santos - Licencianda em Pedagogia – UFCG
Anderson Renálio Dantas de Araújo - Licenciado em Filosofia – FAFIC / Professor de Filosofia – Estado da Paraíba
INTRODUÇÃO:
Arthur Schopenhauer é um filosofo alemão do final século XVIII e início do XIX. Constituiu um pensamento filosófico no qual a ética ocupa um espaço significativamente importante para a definição da situação humana em face do sofrimento. Sua proposta ética parte do pressuposto de que a vida, em especial a humana, é um sofrer sem fim, devido ao fato de que a humanidade como também toda a natureza estão submissos a uma Vontade cósmica cega e irracional que faz do viver um eterno sofrer. No entanto, Schopenhauer descreve caminhos de conduta ética que conduzem não à felicidade, mas a suspensão da dor. Entre estes caminhos está a ascese, que, segundo o filósofo, é o horror do ser humano pela vontade de viver. Assim através da ascese se tem a negação total dos impulsos volitivos advindos da Vontade universal que faz da vida das pessoas um eterno sofrer, fazendo com que o sofrimento seja amenizando. Podemos então perceber que este trabalho é relevante porque não só permite encontrar um significado de ascese como também possibilita identificar seu fundamento dentro do campo da ética.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar o significado e a função da ascese dentro do pensamento ético e filosófico de Arthur Schopenhauer.
MÉTODOS:
A presente pesquisa foi mapeada por um estudo bibliográfico, compreendendo os textos do próprio filósofo, em especial O mundo como vontade e como representação e Sobre a ética, bem como alguns comentadores concernentes à temática. Assim sendo, foi manejada a análise de conteúdo, a fim de que se pudessem realizar as interpretações pertinentes ao objeto da investigação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A ética proposta por Schopenhauer se liga ao seu sistema (organismo) metafisico. Nela destaca-se primeiramente a ideia de que tudo o que é aqui percebido são apenas representações, e que, na verdade, o que constitui sua essência é uma Vontade cósmica, irracional, sem fundamento e razão alguma, algo como um ímpeto entendido como o princípio ontológico da realidade. Todos os seres existentes, tanto o ser humano como toda a natureza, constitui um organismo universal que está submisso a esta Vontade, que, por sua vez, age sem nenhuma meta ou finalidade, fazendo da vida, especialmente a humana, um constante tender entre dor e tédio, fonte de todo sofrimento terreno. Em face desse sofrimento da vida, Schopenhauer descreve caminhos de conduta que conduziriam a suspensão da dor e uma relativa libertação em relação à Vontade, tendo em vista que a felicidade em si é, por ele, considerada como impossível. A contemplação artística, a compaixão e a ascese são, pois os caminhos para a amenização da dor. A ascese é, para o filosofo, o horror do ser humano pela vontade de viver, ou seja, a negação da vontade de viver, de se auto afirmar, pois como a Vontade é vontade de vida que, através da ascese o indivíduo passa a ser aquele que se renega para poder suprimir o sofrimento advindo da Vontade.
CONCLUSÕES:
Arthur Schopenhauer concebe a ascese como o horror do humano pela vontade de viver, pelo núcleo e pela essência do mundo que se reconhece pleno de dor. O asceta anula a possibilidade da perturbação do sofrer advindo da Vontade. Nele, vai argumentar Schopenhauer, em vez daquela contínua transição do desejo para a apreensão, e da alegria para o sofrimento, surge apenas aquela calmaria, denominada quietude. Assim, em outras palavras, a ascese é para o filósofo a total e consciente supressão dos desejos, o quietivo do querer, a quebra proposital, mas sempre parcial, da Vontade. O asceta renuncia a afirmar o viver, ou seja, não prende a sua vontade ao que quer que seja consolidando em si a própria máxima indiferença por tudo. Desse modo, na ética proposta por Schopenhauer, a ascese se configura como sendo um caminho ético de alívio do sofrimento através da negação total dos impulsos advindos da Vontade, quebrando deste modo a cadeia infinda de sofrimento.
Palavras-chave: Vontade, Sofrimento, Alivio.