65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 5. Química Industrial
Avaliação de propriedades físico-químicas de duas manteigas vegetais utilizadas como fase oleosa de emulsões do tipo O/A e da estabilidade destas preparações.
Elizandra Passos da Silva - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Giana Thais Kaufmann - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Valdomiro Lacerda Martins - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Luana Tainah Campos Nazaré Valentim - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Milthes Viana Guedes - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
Margarida Carmo de Souza - Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia - UFAM
INTRODUÇÃO:
No desenvolvimento de uma emulsão cosmética além do aspecto estético da formulação, o delineamento das propriedades físicas e da estabilidade é fundamental. O estudo da estabilidade fornece indicações sobre o comportamento do produto em determinado intervalo de tempo frente a condições ambientais a que possa ser submetido, desde a fabricação até o término da validade. Os principais aspectos de instabilidade da emulsão são cremeação, floculação e coalescência. Diferentes fatores intrínsecos e extrínsecos podem desencadear esses processos de instabilidade como composição da formulação, tipo do tensoativo, tamanho dos glóbulos, viscosidade, volume de fases, valor de pH, presença de eletrólitos, propriedades do filme interfacial formado, processo de fabricação e velocidade de agitação. Tanto no ponto de vista comercial como também no tocante ao desenvolvimento da formulação, é necessário obter resultados rápidos sobre a estabilidade e prazo de validade do produto. Neste trabalho, os testes químicos foram realizados com as manteigas de muru-muru (Astrocaryum muru muru Mart) e tucumã (Astrocaryum tucumã) e ensaios de estabilidade com as emulsões preparadas com essas manteigas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar os índices de acidez e saponificação das manteigas de muru-muru (Astrocaryum muru muru Mart) e tucumã (Astrocaryum tucumã) e avaliar a estabilidade de emulsões do tipo O/A produzidas com essas e diferentes tensoativos.
MÉTODOS:
As manteigas de muru-muru e tucumã, fornecidas pela empresa “COOPFITOS DA AMAZÔNIA”, Manaquiri/AM, foram analisadas quanto aos índices de acidez e saponificação, segundo literatura especializada.
As emulsões foram preparadas em triplicata utilizando-se 80% de água, 15% de óleo e 5% de tensoativo, por inversão de fases. Das emulsões preparadas, apenas as que apresentaram uniformidade foram avaliadas visualmente quanto ao aspecto e propriedades organolépticas. Os ensaios preliminares realizados em tempo zero foram teste da centrífuga, estresse térmico e ciclo gela-degela. O teste da centrífuga foi realizado a 3000 rpm por 30 minutos. O estresse térmico foi conduzido em Banho Maria, temperaturas de 30°C a 60°C, elevando-se de 10 em 10 graus, com manutenção das amostras por 30 min em cada valor. No ciclo gela-degela, as amostras foram submetidas a ciclos de resfriamento, em geladeira (5 ± 2 °C) e aquecimento em estufa (45 ± 2 °C) durante 12 dias, com duração de 24h cada ciclo. O 1° dia corresponde a ± 24 h após o preparo da amostra. A caracterização da estabilidade foi feita através da análise macroscópica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os índices de acidez obtidos para as manteigas de muru-muru e tucumã foram de 9,44 e 9,52 mg de KOH/g da amostra, respectivamente. Isso é um indicativo de considerável quantidade de ácidos graxos livres, possivelmente associado ao modo e/ou tempo de armazenamento. Os índices de saponificação do muru-muru e tucumã foram, respectivamente, de 103,43 e 108,61 mg de KOH/g da amostra. As emulsões produzidas, separadamente, com os tensoativos polyglyceryl-3-diisostearate (PD) e tribehenin PEG-20 esters (TP), EHLs 5,5 e 10,5, apresentaram estabilidade em tempo zero, porém quando submetidas ao teste de centrífuga apenas a com PD permaneceu estável. Entretanto esta emulsão foi rejeitada ao ser submetida ao teste do ciclo gela-degela. As emulsões produzidas combinando-se oleic acid e decyl glucoside, EHLs 1,0 e 12,0, foram descartadas por já apresentarem separação de fases logo após o término da preparação.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados das análises pode-se sugerir que os EHLs das manteigas se encontram numa faixa entre 5,5 e 10,5 e que a utilização dos tensoativos ou associações deles supracitados não resultam na obtenção de sistemas emulsionados estáveis.
Palavras-chave: Óleos vegetais, Sistemas emulsionados, Instabilidade.