65ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais |
ANÁLISE ESPACIAL DA COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE IBIASSUCÊ-BA NO ANO DE 2011 |
Gileno Brito de Azevedo - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade de Brasília-UnB Glauce Taís de Oliveira Sousa - Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Universidade de Brasília-UnB Eraldo Aparecido Trondoli Matricardi - Prof°. Dr.– Depto de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília-UnB |
INTRODUÇÃO: |
O desmatamento indiscriminado para a formação de novas lavouras, aliadas à retirada de madeira para benfeitorias, lenha e carvão, e às queimadas sucessivas com manejo inadequado do solo tem contribuído, juntamente com as secas prolongadas, para comprometer o frágil equilíbrio do meio ambiente no bioma Caatinga. Inserido nesse contexto, encontra-se o município de Ibiassucê-BA, onde existe grande pressão antrópica para exploração desordenada da vegetação natural com a extração da madeira e lenha, tanto para consumo por comunidades da zona rural, quanto para a comercialização como matéria prima para pequenas indústrias da região. Geralmente, as áreas desmatadas são convertidas em agricultura de subsistência e/ou pastagens, que após algum tempo são abandonadas. Nesse contexto, acompanhar as mudanças da cobertura do solo a partir de dados de sensoriamento remoto e técnicas de geoprocessamento, constitui-se em uma importante estratégia para o conhecimento das áreas remanescentes de vegetação natural de uma determinada região, bem como conhecer os usos dados às áreas desmatadas, e assim, gerar subsídios para o estabelecimento de políticas públicas visando maior sustentabilidade para o uso da terra. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
O presente estudo teve por objetivo identificar e quantificar diferentes classes de cobertura do solo no município de Ibiassucê-BA, no ano de 2011, utilizando técnicas de geoprocessamento. |
MÉTODOS: |
O município de Ibiassucê localiza-se no Centro Sul do estado da Bahia (14º15’ S e 42º15’ W), a 610 km da capital Salvador, e limita com os municípios de Caetité, Caculé, Lagoa Real e Rio do Antônio. De acordo o IBGE, o município possui uma área territorial de 427 km2, com uma população de 10.062 habitantes em 2010, sendo que desse total, 53,23% residem em áreas rurais. Os tipos de vegetação predominantes são Caatinga e Floresta Estacional Decidual. Para a avaliação da cobertura do solo foram utilizadas imagens do satélite Landsat-5 TM (path/row 218/070 de 20/08/2011), com resolução espacial de 30 m e composição RGB 3/4/5. Todos os dados foram processados utilizando o software ArcGIS 9.3. A imagem foi georreferenciada e os dados convertidos para a projeção WGS1984, UTM, zona 23S. Foi realizada a classificação supervisionada da composição colorida das imagens utilizando o algorítimo de classificação de imagens Máxima Verosimilhança, onde padrões espectrais foram reconhecidos com base em amostras de áreas de treinamento, possibilitando assim o mapeamento das classes de uso da terra desejadas. As classes de uso e cobertura do solo foram: 1) Vegetação natural; 2) Cultura/Pastagens; 3) Solo exposto; e 4) corpos d’água. Foi consideranda a área do pixel de 900 m2 para obter as áreas correspondentes a cada classe de cobertura do solo avaliada. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Entre as classes de cobertura do solo avaliadas, a vegetação natural foi classificada como a de maior ocorrência no município (49,81%). Em seguida foram observadas as classes correspondentes a culturas e pastagens (40,98%), solo exposto (9,12%) e corpos d’água (0,09%). As áreas desmatadas (culturas e pastagens + solo exposto) correspondem a 50,10% da área total do município, evidenciando que as atividades agropecuárias exercem forte pressão sobre os recursos naturais, em especial, sobre a vegetação nativa. Foi verificado que as áreas desmatadas concentram-se próximas à rodovia BA-617. Em um raio de 5 km da rodovia (47,83% do território do município), verificou-se maior quantidade de áreas classificadas como solo exposto (67,89%) e de culturas e pastagens (53,61%), quando comparadas com a área total do município. Já a vegetação natural ocupou principalmente as áreas mais distantes da rodovia, sendo que no raio de 5 km da mesma, encontra-se apenas 39,5% da área classificada como vegetação natural. Uma das possíveis explicações para tais resultados, é que a proximidade à rodovia facilita o escoamento de produtos oriundos do desmatamento e das atividades agropecuárias, consequentemente, provoca maior degradação nessas áreas. |
CONCLUSÕES: |
Com base nos resultados deste estudo, observou-se que as áreas remanescentes de vegetação nativa no município de Ibiassucê-BA está sob grande pressão antrópica. Aproximadamente metade da área total do município encontra-se desmatada até o ano de 2011. A maior parte das áreas desmatadas concentra-se em um raio de 5 km da rodovia que atravessa o município. Entende-se que as atividades de monitoramento e educação ambiental, aliadas a políticas públicas de desenvolvimento e uso sustentável das terras naquele munícipio devem ser implementadas com urgência, sem as quais, a ampliação substancial das áreas desmatadas parece inevitável e com consequências socioambientais indesejadas a curto e médio prazo. |
Palavras-chave: Desmatamento, Geoprocessamento, Uso do solo. |