65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
Perfil de morbidade hospitalar segundo a classificação da carga global de doença na Amazônia Legal
Marcílio Sandro de Medeiros - Instituto Leônidas e Maria Deane
Daniel Souza Sacramento - Instituto Leônidas e Maria Deane
Isabela Cristina de Miranda Gonçalves - Universidade do Estado do Amazonas
José Camilo Hurtado-Guerrero - Universidade do Estado do Amazonas
Ramon Arigoni Ortiz - Ecometrika, Brasil
INTRODUÇÃO:
As desigualdades socioeconômicas e sanitárias no país tem forte expressão territorial, indicando a importância de políticas públicas regionalizadas na área da saúde. Nesta perspectiva, a Amazônia Legal, cuja área ocupa cerca de 59% do território brasileiro, é marcada por uma dinâmica socioespacial peculiar e indicadores sociais desfavoráveis, ainda que os diferentes processos de ocupação e desenvolvimento socioeconômico tenham possibilitado, nos últimos anos, a melhoria de alguns indicadores tradicionais de saúde. Os principais objetivos da saúde pública são evitar a morte, prolongar a vida e promover a saúde. Para alcançar essa meta é preciso que seja feito um diagnóstico da situação de saúde, o que possibilita conhecer quais são os problemas relativos às doenças existentes e como elas se distribuem na população.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Estimar o coeficiente de morbidade hospitalar segundo a classificação da Carga Global de Doença na Amazônia Legal no período de 1998 a 2009.
MÉTODOS:
Os dados referentes as internações hospitalares foram obtidos através do Sistema de Informação Hospitalar disponível no sítio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e dados referentes a população por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A área do estudo corresponde aos 771 municípios da Amazônia Legal que foi criada por força da Lei 1.806, de 06 de Janeiro de 1953. As causas de internação hospitalar foram agrupadas segundo classificação alternativa da décima Classificação Internacional das Doenças proposta pela OMS no estudo de Carga Global de Doença. A nova classificação distribuiu as doenças e agravos em três grandes grupos — G1: infecciosas e parasitárias, condições perinatais e deficiências nutricionais; G2: não transmissíveis; G3: causas externas. A análise descritiva e transversal iniciou-se com a criação de arquivos de conversão (.cnv) e definição (.def) para tabulação dos dados no soft TabWin versão 3.6b. Posteriormente, os dados foram transportados para planilhas eletrônicas onde se calcularam as frequências (absoluta e relativa) segundo faixa etária e sexo para cada município estudado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram contabilizadas 16.772.909 internações hospitalares na Amazônia Legal, com média de 1.379.742,4 ao ano e inexpressiva variação positiva de 0,04% no período. A maioria das internações foi de pessoas do sexo feminino (64,1%) e de adultos jovens na faixa etária de 20 a 39 anos (38,4%). Proporcionalmente, no acumulado do período, as doenças e agravos do G1 representam mais da metade de todas as internações (55,6%), seguidas das doenças e agravos G2 (38,6%) e G3 (5,8%). Comparativamente, o G3 apresentou a maior variação positiva: 53,9%. A Amazônia Legal registrou coeficiente de morbidade hospitalar de 71,3 internações por 1.000 habitantes em 1998 e 56,2 em 2009. Em 1998, 40,7% dos municípios registraram coeficiente acima da média da região. Em 2009, essa proporção era de 38,1% dos 771 municípios que compõem a Amazônia Legal. Os 10 municípios que, em 2009, tiveram os maiores coeficientes de morbidade hospitalar foram: Monte Negro (RO) (223,5), Arapoema (TO) (153,6), Santo Antônio dos Lopes (MA) (149,3), São João de Pirabas (PA) (136,4), Ourilândia do Norte (PA) (131,7), Poção das Pedras (MA) (130,4), Uruará (PA) (129,9), Pedro Afonso (TO) (127,8), Rondon do Pará (PA) (127,6) e Tupirama (TO) (127,6).
CONCLUSÕES:
Os coeficientes de morbidade hospitalar nos municípios da Amazônia Legal apresentaram redução, porém alguns municípios mostraram coeficientes acima da média da região. Como exemplo, Monte Negro (RO), com população estimada em 2009 de 12.705 habitantes, registrou 2.840 internações hospitalares o que corresponde a um coeficiente de 223,5 internações por 1.000 habitantes. No G1 as internações por complicações maternas registraram os maiores coeficientes (15,6/1.000 hab), destaque para abortos (1,3/1.000 hab). No G2 os maiores coeficientes foram por doenças digestivas (4,7/1.000 hab), com destaque para apendicites (0,4/1.000 hab). No G3, as lesões não intencionais registraram os maiores coeficientes (0,4/1.000 hab), com destaque para quedas e acidentes de trânsito (0,1/1.000 hab).
Palavras-chave: Amazônia, Carga da Doença, Morbidade.