65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
(IN)ADEQUAÇÃO DOS CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DE ENFERMEIROS E MÉDICOS SOBRE A TRANSMISSÃO VERTICAL DA HEPATITE B
Isabela Cristina de Miranda Gonçalves - Universidade do Estado do Amazonas- UEA
Maria Jacirema Ferreira Gonçalves - Universidade Federal do Amazonas- UFAM e Instituto Leônidas e Maria Deane- ILMD
INTRODUÇÃO:
No Brasil, entre 1999 e 2009, 11.281 gestantes foram notificadas como casos confirmados de hepatite B, com aumento percentual de 31,8% na prevalência, variando de 7 (1,5%) em 1999 para 285 (2,2%) em 2006. Em 2009, foram notificados 1.556 casos de gestantes, correspondendo a taxa de detecção de 0,5/ 1000 nascidos vivos. Estudos mostram que a redução da morbimortalidade materna e perinatal depende do investimento e reestruturação da assistência à gestante e ao recém-nascido, de forma a melhorar sua qualidade, para a promoção da maternidade segura. Para isso, os profissionais de saúde devem possuir competências adquiridas não só com treinamento, mas também com a prática, possibilitando manejar adequadamente tanto a gestação, quanto o trabalho de parto, o parto e os cuidados com os recém-nascidos. Em 2005, pesquisa realizada para identificar os conhecimentos de obstetras sobre a detecção da infecção pelo vírus da hepatite B em gestantes e formas de prevenção da transmissão vertical da hepatite B, identificou conhecimento aquém do esperado. Conquanto não foram identificados estudos adicionais incluindo o enfermeiro, tampouco abordagens contemplando especificamente a transmissão vertical da hepatite B
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho objetiva identificar os conhecimentos, atitudes e práticas de médicos e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família e de uma maternidade pública, frente à transmissão vertical da hepatite B.
MÉTODOS:
Estudo transversal e quantitativo, realizado a partir de dados primários coletados por meio de questionário de autopreenchimento, aplicado a médicos e enfermeiros para identificação da competência. A pesquisa foi desenvolvida em uma maternidade e em 46 Equipes de Saúde da Família localizados no Distrito Sanitário Oeste da cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas. A referida zona da cidade foi escolhida por ser a única que continha uma maternidade de nível municipal. A coleta dos dados ocorreu no período de julho a setembro de 2010.
A abordagem aos profissionais da ESF se deu em seu local de trabalho com posterior busca do questionário em data e local indicado pelo profissional, quando o mesmo não era entregue imediatamente. Os profissionais da maternidade eram visitados no seu dia de plantão, nas dependências da unidade. Com o intuito de reduzir o número de perdas, assim como na ESF, abordagens diferenciadas para o resgate dos questionários foram utilizadas: busca ao final do plantão, no plantão seguinte ou em outro local de trabalho indicado pelos profissionais. Os questionários foram estruturados para entrada de dados no software Epiinfo versão 3.5.1, e o banco de dados foi exportado para análises no programa STATA 9.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Mais de 90% dos profissionais reconhece as hepatites virais como agravos de notificação compulsória, porém menos de 50% informam corretamente os mecanismos de transmissão da HB. Somente 72% dos profissionais solicitam sorologia para a HB especificando o marcador, destes, 81,6% referiram o HBsAg como marcador mais adequado para investigar HB no pré-natal. Apenas 35% indicavam vacina contra HB para as gestantes. Apesar de alguns resultados favoráveis, foram detectadas falhas graves e déficit de informação dos profissionais sobre a transmissão vertical da HB, comprometendo o controle da doença.
É desejável que os serviços de saúde preparem seus profissionais para atuar em seus respectivos campos de ação. Deste modo, pode-se garantir a disponibilidade de informações ofertadas e assim prover o servidor dos instrumentos básicos de atuação. Entretanto a presente pesquisa captou pouca realização de treinamentos, conforme referido pelos profissionais; muito embora, acredita-se que não basta treinar um grupo de profissionais a fim de assegurar um melhor atendimento. É preciso que estes se sintam instigados e mobilizados a repensar suas condutas frente à prática diária.
CONCLUSÕES:
A observação da falta de conhecimento para aspectos importantes no diagnóstico e prevenção da doença, tanto para as gestantes como para seus recém-nascidos determina a possibilidade preocupante da subnotificação dessa infecção. Além de revelar a necessidade de capacitação para os profissionais envolvidos no processo de pré-natal, parto e/ou puerpério, devido a carência de conhecimentos na abordagem a transmissão vertical da hepatite B.
O conjunto das atitudes e práticas assinaladas pelos profissionais aponta para inadequação da mesma, frente ao que está preconizado no programa de controle da doença pelo Ministério da Saúde, visto que atitudes e práticas inadequadas podem ser determinantes no processo de transmissão da doença.
Palavras-chave: Conhecimentos, atitudes e prática em saúde, Transmissão vertical de doença infecciosa, Hepatite B.