65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 6. Genética
ANÁLISE CITOGENÉTICA INTERPOPULACIONAL DO POMACENTRÍDEO Abudefduf saxatilis
Roberta Godoy da Costa Nunes - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Gideão Wagner Werneck Felix da Costa - Doutorando Renorbio, LGRM - UFRN
Paulo Augusto de Lima Filho - Prof. Msc - IFRN - Doutorando Ecologia, LGRM - UFRN
Karlla Danielle Jorge Amorim - Depto. de Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Juliana Galvão Bezerra - Depto. de Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
Wagner Franco Molina - Prof. Dr./Orientador - Depto. Biologia Celular e Genética, LGRM - UFRN
INTRODUÇÃO:
Entre os teleósteos marinhos, Pomacentridae constitui uma das famílias com maior diversidade, encontrando-se espalhada por todos os grandes oceanos em regiões tropicais, subtropicais e temperadas. Abudefduf saxatilis, popularmente conhecida como sargentinho, apresenta a mais ampla distribuição geográfica desta família, ocupando ambientes rochosos e coralinos de vastas áreas do Atlântico. Muitas espécies marinhas que apresentavam grandes distribuições geográficas, sob uma análise criteriosa, foram consideradas complexos morfológicos semelhantes, mas espécies geneticamente distintas. A princípio, a distribuição geográfica de A. saxatilis pode ser explicada pela extensa fase larval livre natante, influência de correntes marinhas e estratégia generalista da espécie, que juntas proporcionam conectividade entre as populações. Todavia, por possuírem certo grau de isolamento geográfico, muitas ilhas oceânicas apresentam uma taxa de endemismo relativo. O presente trabalho apresenta dados citogenéticos de populações geograficamente distintas de A. saxatilis, provenientes do Arquipélago de Fernando de Noronha (AFN) e litoral do Rio Grande do Norte (RN).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Neste estudo, comparamos citogeneticamente duas populações da espécie A. saxatilis, procedentes do Arquipélago de Fernando de Noronha e costa do Rio Grande do Norte, a partir de coloração convencional, bandamento C, impregnação por nitrato de prata e coloração com fluorocromos base-específicos (CMA3 e DAPI).
MÉTODOS:
As populações de Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) provenientes de Arquipélago de Fernando de Noronha (n=10; 5♂/5♀) e litoral do Rio Grande do Norte (n=15; 7♂/8♀), foram coletados com uso de tarrafa. Os exemplares foram submetidos à estimulação mitótica in vivo overnight através de inoculação intramuscular de complexo de antígenos bacterianos e fúngicos (Molina et al., 2010). Os cromossomos mitóticos foram obtidos a partir de suspensão de células do rim anterior (Gold et al., 1990). O número diploide foi estabelecido pela análise de cerca de trinta metáfases, coradas com Giemsa à 5% diluído em tampão fosfato (pH 6.8). As regiões heterocromáticas foram analisadas através de bandamento C (Sumner, 1972). Os cromossomos foram corados com os fluorocromos base-específicos CMA3 e DAPI (Carvalho et al., 2005). Os sítios ribossomais principais das regiões organizadoras de nucléolos (RONs) foram identificados através da impregnação argêntea, de acordo com Howell e Black 1980. As melhores metáfases foram fotografadas em fotomicroscópio OlympusTM BX50, acoplado a um sistema de captura digital Olympus DP70, e utilizadas na confecção do cariótipo. A morfologia cromossômica foi determinada de acordo com a razão entre os braços (Levan et al,. 1964).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As populações analisadas de A. saxatilis apresentaram cariótipos similares com 2n=48, e número de braços cromossômicos igual a 52. Os tipos cromossômicos foram discriminados em 2 metacêntricos (m), 2 submetacêntricos (sm) e 44 cromossomos acrocêntricos (a). Os sítios ribossomais ativos, identificados pela técnica de Ag-RONs estão localizados na posição terminal sobre um único par cromossômico, bibraquial, coincidente com conspícuas constrições secundárias Nas duas populações, as RONs mostraram-se heterocromáticas e CMA3+/DAPI-. A presença de 48 cromossomos, difundido em cariótipos de representantes de Perciformes, incluindo várias famílias e subordens, tem sido considerada uma condição ancestral desse grupo. Esse valor diploide, associado com a presença exclusiva de cromossomos acrocêntricos, reflete uma condição sinapomórfica para os teleósteos modernos. O bandamento C evidenciou conteúdo heterocromático nas posições centroméricas e pericentroméricas, associadas à presença de cístrons ribossomais ativos, únicos, detectados pela impregnação por nitrato de prata. Estes dados revelam um elevado nível de conservadorismo neste grupo de peixes.
CONCLUSÕES:
O padrão cariotípico de Abudefduf saxatilis não revela diferenciações em relação a populações provenientes do AFN e RN. A estabilidade cariotípica das populações pode estar relacionada à própria dinâmica do ambiente marinho, como a barreiras físicas pouco evidentes, alta capacidade dispersiva das larvas pelágicas, características ecológicas generalista e ao tamanho elevado das populações.
Palavras-chave: Peixe Sargentinho, Citogenética de populações, Estabilidade cariotípica.