65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Linguística Aplicada
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA: REESCRITA COMO UMA ATIVIDADE SUSTENTÁVEL NA LICENCIATURA
Aliny Sousa Mendes - Licenciatura em Letras - UFT
Janete Silva dos Santos - Profa. Dra./Co-autora – Licenciatura em Letras – UFT
Wagner Rodrigues Silva - Prof. Dr./Orientador – Licenciatura em Letras – UFT
INTRODUÇÃO:
O enfoque deste trabalho recai mais diretamente sobre a prática de pesquisa na Linguística Aplicada (LA), concebendo o trabalho com a linguagem nos estágios supervisionados obrigatórios das licenciaturas brasileiras como contexto investigativo de interesse desse campo do conhecimento.
Esta pesquisa contribui para as investigações científicas desenvolvidas nos seguintes grupos de pesquisa: Linguagem, Educação e Sustentabilidade (UFT/CNPq) e Práticas de Linguagens em Estágios Supervisionados (UFT/CNPq), vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura, na Universidade Federal do Tocantins, Campus de Araguaína. Parte desta investigação recebeu a premiação de 1º lugar na grande área de Ciências Humanas, Sociais Aplicadas e Letras, no VIII Seminário de Iniciação Científica da Universidade Federal do Tocantins, realizado em dezembro de 2012, em Palmas – TO. Esta pesquisa contou com a colaboração do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, a partir dos seguintes projetos: “Formação Inicial de professores mediada pela escrita” (CNPq/CAPES 400458/2010-1) e “Implicações dos relatórios de estágio supervisionado para a formação inicial de professores” (CNPq 501123/2009-1).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Questionar a função da universidade diante da sedução pelo financiamento ou reconhecimento das pesquisas aplicadas, com repostas imediatas para problemas sociais; provocar a universidade por seu enredamento na tradição bacharelesca e identificar o tipo de práxis que está sendo proporcionada aos alunos formados por instituições de ensino superior.
MÉTODOS:
Apresentamos os resultados de um estudo de caso sobre atividades de reescrita de relatórios de estágio supervisionado, produzidos como trabalhos finais das disciplinas Investigação da Prática Pedagógica e Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa: Língua e Literatura I e II. No primeiro momento desta investigação (SILVA e MENDES, 2012, p. 146), foi analisado o processo de reescrita dos relatórios, mediado pelo formador, produzidos ao final da primeira disciplina mencionada. Esse estágio se configura como o primeiro momento de contato dos alunos-mestre com a sala de aula da educação básica, porém, apenas para observação da prática pedagógica na unidade escolar. Nesse momento, o aluno-mestre é convidado a fazer uma leitura do trabalho realizado pelo professor colaborador do estágio, a partir das teorias estudadas na universidade. Identificamos quatro atividades linguísticas informando a prática de reescrita dos relatórios: (i)apagamento da informação apresentada; (ii)fuga da informação solicitada; (iii)expansão da informação apresentada; e (iv)reflexão sobre a prática observada. Neste segundo momento, fundimos as duas últimas categorizações e passamos a utilizar a nomenclatura expansão reflexiva da informação apresentada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para corroborar a análise qualitativa dos dados, apresentamos o número de ocorrências das intervenções para reescrita, realizadas nos dois semestres letivos consecutivos, focalizados nesta pesquisa. Mesmo considerando a diferença no número de relatórios investigados por semestre letivo (onze relatórios no primeiro semestre e oito no segundo, totalizando trinta e oito textos analisados), a quantificação indica redução do número das intervenções realizadas entre os dois semestres, permanecendo a reflexão crítica pela escrita como desafio para o aluno-mestre.
Ao apresentarmos esse resultado, não ignoramos alguns fatores que podem ter contribuído para o melhor aproveitamento da atividade de reescrita, como, por exemplo: (a) maior familiarização desenvolvida entre alunos-mestre e formador; e (b) conhecimento pelos alunos-mestre dos resultados produzidos na primeira fase da investigação realizada. Dado o exposto, têm-se indícios sobre a eficácia do processo de reescrita:
- Apagamento da Informação apresentada: 1º semestre – 12 / 2º semestre – 03;
- Expansão reflexiva da Informação apresentada: 1º semestre – 37 / 2º semestre – 27;
- Fuga da informação solicitada: 1º semestre – 08 / 2º semestre – 00;
- Correções Linguísticas: 1º semestre – 55 / 2º semestre – 25.
CONCLUSÕES:
Neste trabalho, analisamos o esforço de práticas pedagógicas que possibilitem ao aprendiz, seja o escolar, seja o acadêmico, apropriar-se de gêneros textuais que integram sua ação pela linguagem na vida social, visto que também a universidade espelha molduras da sociedade.
Por fim, acreditamos que o caminho percorrido até aqui possibilitou-nos marcar posição prático-discursiva em meio aos conflitos por que passa a universidade brasileira, hoje, quanto ao tripé que a sustenta: ensino, pesquisa e extensão, visto que a exigência por resultados de pesquisas e quantitativos excessivos de publicações em muito pouco tempo acaba relegando ao ensino status secundário, invertendo o peso e a ordem das colunas-base da instituição.
Na Amazônia, a sustentabilidade na promoção de pesquisas e no esforço de um trabalho relevante das licenciaturas, através dos estágios obrigatórios, pede não apenas o comprometimento dos profissionais com o desenvolvimento da região, mas a manutenção de políticas afirmativas que agreguem valor não apenas à pesquisa e à divulgação científica, como também e, com o mesmo impacto, ao ensino de qualidade, que se fortalece com a formação consistente de docentes para a atuação ainda na educação básica.
Palavras-chave: Ensino, Letramento, Sustentabilidade.