65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
PAISAGEM: UMA ANÁLISE DAS PERSEPÇÕES DOS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Vinícius Mendes Cerdeira - Depto. de Geografia - UFV
Camila Zucon Ramos de Siqueira - Profa. Orientadora - Depto. de Geografia - UFV
INTRODUÇÃO:
A Paisagem, dentro da geografia, é um dos conceitos estruturantes da ciência, que confere identidade as pesquisas geográficas. Dentro da educação básica, é conteúdo referente ao 6º ano do ensino fundamental. SANTOS (1991) diz que a paisagem é uma marca da história do trabalho. O trabalho é algo inerente ao homem. É graças ao trabalho que nos identificamos como tal. Desta maneira, a paisagem está intimamente relacionada com o homem, e suas ações no espaço, entretanto observa-se que na maioria das vezes o censo comum predomina sobre o conhecimento de tal assunto pelos estudantes, como será demonstrado ao longo do texto. Dessa maneira um conceito tão importante para a geografia deveria ser tratado com cuidado, pois através dele somos capazes de entender melhor a dinâmica do espaço em que estamos inseridos. O presente trabalho foi desenvolvido durante a realização da disciplina, “Prática de Pesquisa em Ensino de Geografia” que faz parte da grade curricular de geografia da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho não busca levar as discussões ao que é paisagem, mas sim buscar identificar dentro de um processo de ensino – aprendizagem, porque esse conceito é internalizado nas pessoas como sendo algo bonito, natural, havendo uma negação por parte do senso comum, em não considerando outros lugares tidos como “feios” como paisagens em suas representações.
MÉTODOS:
A pesquisa foi desenvolvida com dois 6º anos de uma escola de Viçosa. A escolha foi feita através da analise dos conteúdos lecionados para os estudantes. O objetivo era buscar o seus entendimentos sobre o conceito no ano em que o professor o trabalhou em sala de aula. A escolha da escola foi feita através da relação de proximidade entre o pesquisador e seus agentes, o que facilitou a coleta de dados. Durante a coleta, buscou-se analisar o livro didático, posteriormente o professor e por fim os estudantes. Através da analise do livro, foi possível observar como o conceito de paisagem era discutido e apresentado ao professor e aos estudantes do 6º ano. Posteriormente foi feita uma entrevista semi-estruturada com o professor de geografia da escola com o objetivo de obter dados acerca do conteúdo, através da sua visão. Por fim, foram coletados dados dos estudantes através de uma atividade. Esta atividade consistia na elaboração de um desenho sobre o que era paisagem para eles. O objetivo era ver o conhecimento sobre este conceito através das representações dos estudantes no ano em que estudaram o conceito. Após a coleta de informações foi feito a tabulação e sistematização de informações através das representações e dos outros dados coletados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A pesquisa aconteceu durante todo o primeiro semestre de 2012, desde a coleta de informações ate a analise dos dados. O primeiro momento foi a analise do livro didático, dele foi possível identificar que ele traz as discussões do conceito em um capitulo, sendo retomado como um estudo complementar junto a outros conteúdos posteriores. A discussão do conceito é baseada nas ideias de Milton Santos. Nele são colocadas diversas imagens de paisagens e aponta o homem como o principal agente transformador, reforçando a ideia de que paisagem não é apenas o natural. O segundo momento foi a entrevista que trouxe informações conceituais, sobre o processo de aprendizagem e metodológico, na medida em que as observações das aulas sobre a Paisagem não foram possíveis. Em sua fala foi possível identificar metodologias participativas, que partiam do local para uma discussão global. Entretanto, ao acompanhar outras aulas do professor, sua metodologia não condizia com o que foi dito na entrevista e sobre o conteúdo o professor apresentou uma visão limitada, do conceito. Por fim a analise das representações dos estudantes trouxeram resultados já esperados apresentando uma visão muito limitada do conceito, ligando-o a produtos das relações naturais como árvores, animais, flores dentre outros.
CONCLUSÕES:
No que diz respeito a analise dos resultados, foi possível observar que há um choque de ideias que não condizem com a realidade identificada. Nos levantamentos que foram feitos, a paisagem aparece apresentada de três maneiras distintas em cada sujeito. O livro didático traz uma abordagem bem conceituada e interligada a outros conteúdos. O professor trás um arcabouço teórico bom, apesar de muitas vezes não ter segurança em sua fala, enquanto que o estudante nos revela algo já esperado, o senso comum, identificando a paisagem apenas como algo natural, bonito, sem a interferência do homem. Dentro desta perspectiva, o que fragiliza o processo, no caso desta escola, é a relação entre o professor – estudante e entre estudante – livro. O primeiro caso foi identificado nas outras aulas lecionadas pelo professor, onde apesar do entendimento do conceito as relações interpessoais de desrespeito mutuo, torna o ensino do conceito e dos conteúdos de geografia desinteressante e sem significado. Enquanto isso o contexto da escola e a ideia de que a geografia é uma disciplina considerada fácil, e que não precisa estudar, segundo dizem os próprios estudantes durante o tempo da pesquisa, fragiliza o processo e não permite que o conceito seja desconstruído e reconstruído em suas mentes.
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Processo de Ensino - Aprendizagem, Construção Conceitual.