65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
ATIVIDADES INVESTIGATIVAS NA AULA DE QUÍMICA EQUIVALEM A ATIVIDADES EXPERIMENTAIS?
Danielle de Assis Rocha - Escola Estadual Cel Adelino Castelo Branco
Maria Emília Caixeta de Castro e Lima - Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Educação - UFMG
INTRODUÇÃO:
As atividades investigativas estão sendo bastante discutidas atualmente e divulgadas em eventos e periódicos da área de ciências. Contudo, muitas pessoas ainda têm uma visão intuitiva e, em geral, equivocada do que sejam. Munford e Lima (2007) identificaram três concepções equivocadas muito comuns, inclusive entre professores da educação básica. Uma delas aponta que é comum as pessoas acreditarem que atividades de investigação envolvem, necessariamente, atividades práticas ou experimentais, ou que se restringem a elas. As autoras destacam que muitas atividades experimentais não possuem características essenciais da investigação, enquanto uma atividade que não é prática pode ser até mais investigativa do que aquelas experimentais, dependendo da situação em que é proposta e discutida. Uma das características principais de uma atividade investigativa é a questão inicial, que pode ser fornecida pelo professor ou elaborada pelos estudantes, sobre a qual os estudantes se debruçam sobre dados, coletados por eles ou fornecidos, para tentar responder. É de extrema importância que os professores da educação básica saibam caracterizar, planejar e desenvolver esse tipo de atividade, utilizando-a como recurso para diversificar as atividades em sala de aula.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Planejar, desenvolver e caracterizar atividades de caráter investigativo, experimentais e não experimentais, a respeito da relação entre as ligações químicas e as propriedades dos materiais.
MÉTODOS:
As atividades planejadas foram aplicadas em turmas de primeiro ano do ensino médio em uma escola estadual em Belo Horizonte, essas turmas não têm o costume de desenvolver atividades desse tipo, por isso, decidimos por uma atividade estruturada, que é aquela onde o professor guia o processo durante toda a investigação, o problema inicial e o método é fornecido ao aluno que deve chegar à solução guiado pelo professor. Os estudantes estavam envolvidos em um projeto com minerais, chamado de Mineralogia na Aula de Química (ROCHA e outros, 2012), portanto aproveitamos esse tema como contexto de nossa atividade. Para isso adaptamos do livro didático de química de Mortimer e Machado (2005) uma atividade sobre as propriedades dos materiais e as ligações químicas. As atividades adaptadas do livro foram uma sobre temperatura de fusão e outra sobre a condutividade nos sólidos, a adaptação feita foi a substituição dos materiais por minerais que os estudantes já estavam familiarizados com. A pergunta que deveria ser respondida era “Qual é a relação entre a variedade de propriedades dos minerais e as ligações químicas presentes neles?”, essa questão foi dividida em duas outras que foram discutidas com os estudantes analisando dados e evidências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na primeira atividade fornecemos aos alunos uma tabela com dados de temperaturas de fusão de alguns minerais e mediamos uma discussão com os estudantes para que eles próprios chegassem à resposta da pergunta inicial. Ao serem questionados sobre o que ocorre com as interações entre as partículas durante a fusão os estudantes citaram que quando um material se funde suas partículas ficam mais afastadas umas das outras, fica claro aqui o quanto os estudantes superestimam os espaços entre as partículas, problema provavelmente causado pelas representações gráficas usadas para os estados físicos. A partir desse momento guiamos uma discussão a respeito do que deve provocar a desorganização das partículas na fusão. Em outra atividade utilizamos um simples dispositivo contendo uma lâmpada ligada à tomada com circuito aberto, para avaliar a condutividade dos minerais. A investigação foi baseada nos movimentos preveja, observe, compare, explique. Depois de testar os minerais buscamos explicações para o observado da mesma maneira como foi conduzida a primeira atividade. Durante essa atividade ocorreu algo inusitado que a enriqueceu. Uma amostra de hematita (composto tipicamente iônico) conduziu eletricidade no estado sólido. Tivemos que pensar juntos para chegar a uma explicação plausível.
CONCLUSÕES:
Acreditamos que as atividades propostas aqui possuem um caráter investigativo. Todas elas tinham uma pergunta que os estudantes deveriam responder, a discussão ocorreu de uma maneira que os estudantes analisaram os dados que tinham e chegaram à resposta da pergunta inicial. Esse processo foi guiado pelo professor, portanto é uma atividade investigativa estruturada. Vários autores classificaram as atividades investigativas por níveis de estruturação, Herron identificou três níveis de abertura para atividades investigativas (1971), as atividades aqui propostas podem ser classificadas no primeiro nível de Herron, onde a questão inicial foi proposta pelo professor, assim como os métodos restando aos estudantes analisar dados para chegar a uma solução. É importante salientar que esses níveis não são para distinguir se uma atividade investigativa é boa ou ruim. A bem da verdade, não existe atividade boa ou ruim, mas a que serve a um ou a outro propósito conforme os objetivos definidos pelo professor e a adequação aos estudantes em termos de familiaridade com esse tipo de desafio. O aluno precisa passar por todos esses níveis gradativamente para que ele consiga chegar a uma atividade de nível três, sem se sentir paralisado diante dela pelo seu grau de abertura.
Palavras-chave: Ensino de Quimica, Inquiry, Propriedades.