65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
O CONSUMO DE ÁGUA EXPLICADO A PARTIR DOS VALORES HUMANOS
EMERSON DIÓGENES DE MEDEIROS - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Psicologia, UFPI, PARNAÍBA/PI
THAYRO ANDRADE DE CARVALHO - Depto.PSICOLOGIA, UFPI, PARNAÍBA/PI
FELIPE SÁVIO CARDOSO TELES MONTEIRO - Depto.MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE, UFPI, TERESINA/PI
DENIS BARROS DE CARVALHOS - Prof. Dr./ - Depto. de EDUCAÇÃO, UFPI, TERESINA/PI
NÍLSON FRANCISCO DOS SANTOS JUNIOR - Depto.PSICOLOGIA, UFPI, PARNAÍBA/PI
PAULO GREGÓRIO NASCIMENTO DA SILVA - Depto.PSICOLOGIA, UFPI, PARNAÍBA/PI
INTRODUÇÃO:
A partir da influência de longa tradição aristotélica a expressão “tudo é água” de Tales de Mileto passou a ser considerada a primeira frase filosófica do Ocidente. Para Mileto todos os seres vivos derivariam da transformação da água (Bruni 1994). De fato, a água possui grande relevância sobre todo fluxo de vida dos seres vivos, desde a sua origem a sua finitude. No entanto, essa importância vem sendo desprezada, uma vez que este bem está sendo desperdiçado mundialmente em grande escala. Segundo as Nações Unidas (2011), estima-se que, 884 milhões de pessoas em todo mundo não tem acesso à água potável, e pior, que 1,5 milhões de crianças morrem a cada ano vítimas de doenças causadas por águas não potáveis ou contaminadas. Existe uma estimativa de que em 2025, 1,8 bilhões de pessoas viverão em países com escassez absoluta de água, época em que dois terços da população do mundo poderão estar vivendo sob condições de estresse hídrico. Esta questão é tão relevante que chamou a atenção das Nações Unidas, que decidiram proclamar em sua resolução A/RES/58/217 o período que compreende os anos de 2005 a 2015 a década internacional da água. Tais considerações acerca do homem e seu meio-ambiente trazem à tona a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que comprovem os dados alarmantes que este desperdício vem alcançando.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho objetivou identificar os fatores desencadeadores do consumo de água dentre os provedores familiares e os jovens que dependem dos mesmos, especialmente qual o papel das prioridades axiológicas de tais pessoas.
MÉTODOS:
O foco de atenção foi o município de Parnaíba-PI. Tal pesquisa contou com um total de 200 participantes, subdividido em duas categorias de maneira equitativa, o grupo de provedores foi composto por uma amostra escolhida de forma não probabilística e por conveniência. A participação dos respondentes se deu de forma individual, porém, a aplicação dos instrumentos foi em ambiente coletivo de sala de aula. Inicialmente, buscou-se a autorização, da direção do Campus da IES seguido da autorização dos professores para utilizar cerca de 20 min de sua aula. O autor, juntamente com bolsistas de Iniciação Científica - UFPI se apresentavam em sala de aula, com o objetivo de recrutar colaboradores, como também foram coletados dados em residências domiciliares também escolhidas por conveniência. Os participantes receberam um caderno que continham os seguintes instrumentos: Escala de Habilidades de Conservação da Água, o Questionário de Valores Básicos (QVB) e um questionário sócio demográfico. Além disso, todos precisaram ler e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido. Estes dados foram agrupados em planilha e analisados através do pacote estatístico PASW-20 e AMOS – 20. Deve-se destacar ainda que todos os procedimentos éticos foram cuidadosamente tomados. Só sendo iniciado após um devido parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UFPI, sob o número de CAAE: 04002812.9.0000.5214.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram realizados vários procedimentos estatísticos, como análises descritivas das variáveis, que permitiu conhecer melhor a amostra. Além de uma Análise Fatorial Confirmatória (CFA) do instrumento de Habilidades de Conservação de Água, que apresentou indicadores de qualidade de ajuste bastante satisfatórios χ² /gel = 2,24; RMR = 0,95; GFI = 0,92; CFI = 0,90; e RMSEA (90%CI) = 0,06 (0,04 – 0,08), o que garante sua eficácia para estudos deste gênero. Posteriormente, objetivando verificar uma diferença significativa entre provedores e estudantes, realizou-se um teste de diferenças de médias entre grupos (Ancova), que apontou a inexistência de diferenças significativas entre os grupos comparados [mprovedor = 3,22 e muniversitários = 3,21; F(1) = 0,09, p = 0,72], o que demonstra uma semelhança nos comportamentos pró-ambientais em relação a água das classes avaliadas. Na busca por verificar relação entre valores e as habilidades de conservação de água realizou-se um r de Pearson, onde foram encontrados dados que comprovaram uma correlação positiva e significativa para a maioria das subfunções valorativas (r ≤ 0,13; p <0,005).
CONCLUSÕES:
Após esta analise constatou-se a necessidade de um estudo mais criterioso, uma regressão múltipla foi utilizada para verificar o potencial preditivo de tais subfunções valorativas, onde se destacaram na função tipo de orientação, as subfunções central (r = 0,22) e social (r = 017), o que corrobora com a literatura vigente, uma vez que a subfunção central é a espinha dorsal dos valores, e a social é responsável por orientar um foco interpessoal, priorizando a vida em sociedade, possibilitando que os bens que são importantes para todos, a exemplo da água, devam ser preservados (Medeiros, 2011), nesta categoria a subfunção pessoal não apresentou potencial preditivo, algo já esperado, uma vez que, segundo Gouveia (2003) tal subfunção caracteriza pessoas egoístas, não demonstrando preocupação com o outro. Por fim, na função tipo motivacional se destacou a subfunção materialismo (r = 0,22), que também corrobora com a literatura, já que tais valores (materialistas) são originários de um princípio pessoal (cognitivo) servindo para expressar as necessidades humanas, enquanto focaliza realizações materiais, influência cultural e de sobrevivência. Desta forma, foi comprovada a hipótese de que os Valores Humanos possuem potencial preditivo em relação às habilidades de conservação de água, e mais, que a Teoria Funcionalista dos Valores, é apropriada para explicar esta relação.
Palavras-chave: ÁGUA, VALORES HUMANOS, MEIO-AMBIENTE.